segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Capítulo 34 - Critical


Nick Narrando

 

            Estacionei meu carro próximo à entrada lotada da boate. Eu já até tinha ouvido falar das festas desse lugar. Apesar de ficar no subúrbio da cidade, era bem conhecida pelos jovens da cidade por não proibir a entrada de menores de idade e de drogas. Bom, além do ambiente e enorme a produção do lugar. As festas aqui sempre foram muito grandes e cheias. Era mantida por um dos mais poderosos traficantes de Los Angeles, não era de se esperar menos. Eu já tinha visitado aquele lugar uma vez, antes de me envolver com toda essa história de golpe. Só depois, eu descobri a verdadeira história dessa boate.

            Eu sei que depois que eu fui sequestrado por um dos seus inimigos, a Miley acabou com qualquer aliança entre os dois. Mas é a única saída que eu consegui ver até agora. Eu poderia até tentar roubar aquele dinheiro guardado no exterior do meu pai, mas seria arriscado demais agora que tudo ao redor da família está sendo vigiado por investigadores. Ou seja, dinheiro no exterior apenas no caso mais extremo e com certeza na hora certa.

            Mal tinha começado a noite e a fila já estava longa na entrada escura da boate.  Avistei o “segurança” na porta. Talvez eu consiga entrar de um jeito mais fácil. Pegando um caminho menor até o homem na porta, ouvi alguns protestos e xingamentos de quem esperava a sua vez de aproveitar a festa. Eu ignorei e fui até o cara que me olhava feio.

            -Volta para o final da fila que vai chegar a sua vez. – ele disse antes mesmo que eu falasse alguma coisa. – Não tenho paciência para mauricinho que se acha exclusivo.

            -Não é nada do que você está pensando. – eu me aproximei do seu ouvido e murmurei. – Eu vim aqui ter uma conversa bastante importante com o Black B.

            Ele me encarou dos pés a cabeça com um olhar desconfiado. – Se você quer comprar alguma coisa, você pode falar com os vendedores que estão espalhados por lá. E para isso vai ter que esperar na fila!

            -Não... Eu não vim aqui comprar. Eu preciso ter uma conversa com ele sobre um assunto muito sério. Quero fazer um negócio com ele, entendeu? – eu continuei falando baixo para o tatuado mal humorado, que era o primeiro da fila, não escutasse.

            O segurança bufou. – Ok, ok... Mas se você demorar mais de uma hora nisso aí, vai ter que pagar ingresso.

            -Tá bom. Eu não vou demorar. – eu garanti.

            Ele abriu a porta para mim e entrei no local barulhento e iluminado. Pessoas dançavam, se beijavam, bebiam e algumas até eu encontrei com maconha entre os dedos. Aqueles que usam drogas mais pesadas usam num lugar menos movimentado. Em algum cantinho por aí, provavelmente.  Olhei ao meu redor e nada de achar Black B. Talvez ele esteja com os seus companheiros, mas não seria muito difícil de achá-los. Além do mais, eles que mandam aqui. Levei o meu olhar para cima e avistei áreas VIP’s no segundo andar do enorme galpão. Com certeza aquele homem estava ali. Tentei me aproximar mais um pouco para encontra-lo com o olhar. Até que finalmente encontrei o traficante careca, ostentando o seu dinheiro, enquanto carrega joias caras, como um colar de ouro que eu pude reconhecer daqui. 

            Porém, o que despertou realmente a minha atenção foi o rapaz que conversava animadamente com o Black Bull. Ele estava mais ou menos de costas para mim, mas eu sabia que aquele porte e cabelo me lembrava alguém... O traficante assentia em concordância, como se estivesse gostando do que o cara loiro dizia.

            Os dois apertaram as mãos, como se estivessem fechando um acordo. Quando o loiro virou de perfil para descer as escadas, minha mente começou um sinal de alerta. Era o Chad! O Chad estava fazendo algum acordo com o Black Bull. Espera aí. Eu pensei que ele havia fugido com os outros... Mas não, ele estava em Los Angeles. Se Chad ainda está nessa cidade, correndo o risco de ser pego, por alguma coisa muito importante ele ainda está aqui. Será que ele conseguiu algum trabalho com o traficante? Ou talvez uma parceria...

            O observei parado, tentando adivinhar o que será que passava naquela cabeça. A curiosidade começou a me agitar a cada passo que o Chad dava em direção à saída. Mordi o lábio inferior em ansiedade. Quem eu quero enganar? Eu preciso saber o que está acontecendo. Black Bull pode esperar. Empurrei algumas pessoas, conforme eu corria atrás do cara que eu estava quase perdendo de vista no meio de tanta gente.  Não demorei muito para alcança-lo. O puxei pelo ombro, antes de falar ofegante.

            -Chad! – eu o chamei. Na verdade, eu gritei contra aquela música alta. Ele virou um pouco assustado pelo meu modo brusco de puxá-lo.

            -Nicholas? – ele disse confuso. – O que você está fazendo aqui?! – ele perguntou surpreso demais com a minha presença num lugar “fora da lei”.

            -O que você está fazendo aqui? – eu repeti a mesma pergunta, frisando a palavra você. – Os policiais ainda estão em investigação. Você não deveria está fora da cidade?

            -Deveria, mas não estou. – ele disse seco, se virando novamente para a direção da saída.

            -Ei, espera! – eu continuei o seguindo para fora da boate barulhenta. – O que você queria com o Black Bull?

            -Eu queria uma ajudinha, só isso. – ele falou enquanto andava pela calçada. – E você? – parou a sua caminhada para me encarar. – O que você estava fazendo naquele lugar? Você já não foi avisado que ali é área de traficante?

            -Eu também estava atrás de alguma ajuda. – eu disse.

            -Ajuda? – ele perguntou incrédulo. – Você é rico! Vai pedir ajuda para que?

            -Para conseguir tirar a Miley daquele presídio. Pelo menos dinheiro para algum advogado eu preciso. Você sabe que meu pai nunca liberaria algum dinheiro em relação à ela.

            Sua carranca foi suavizando depois que escutou a minha resposta.

            -Você está com o seu carro? Quero conversar com você em um lugar melhor.

            -Estou. – eu respondi.

            -Então vamos logo!

 

Alguns minutos depois...

            Entramos em um quartinho simples de hotel. Eu olhei ao redor. Não tinha lá o seu luxo, mas pelo menos era limpo. Vi que as suas malas ainda não estavam desfeitas. Só havia uma aberta no chão. O que provavelmente o Chad deve ter precisado hoje.

            -Bom, eu estou hospedado nesse hotel por segurança. Nós tínhamos outra casa onde o resto dos caras da nossa quadrilha morava, mas eu tenho receio que a polícia descubra e me pegue lá desprevenido. Achei melhor pegar todas as minhas coisas e vir para cá. – se explicou Chad enquanto fechava a porta.

            Eu balancei a cabeça em compreensão. – Então, - eu cruzei os braços. – o que você queria falar comigo?

            -Eu também estava naquele lugar por causa da Miley. Eu tinha que arrumar algum dinheiro para poder botar meu plano em prática.

            Então ele também estava querendo ajudar a Miles. Foi um alívio em saber que eu não estava sozinho nessa. Por mais que ele esteja tão ferrado como eu, um apoio moral já é um bom passo.

            -Plano? – eu perguntei confuso e ao mesmo tempo curioso.

            -Não precisa se preocupar com advogados. Ele está garantido para ela. – ele afirmou confiante. – Mas o resto vai me custar muito trabalho. Quando eu percebi que você também tinha a mesma coisa em mente do que eu, talvez não o mesmo plano, mas o mesmo objetivo, eu vi que tinha que me juntar a você.  Acho que a sua ajuda vai ser muito bem-vinda.

            -Você já sabe que eu estou dentro, independente do que você esteja planejando. – eu disse, ainda intrigado com a sua ideia. – Mas eu quero saber o que você está pensando para colocarmos em prática.

 

No dia seguinte...

Miley Narrando

            Catherine continuava a falar sobre as histórias de furadas em que se metia na época que havia recém-chegado na gangue onde trabalhava. As outras riam ou interviam a sua narração para fazer um comentário enquanto eu brincava tediosamente com o resto de comida já frio em minha bandeja. O refeitório estava cheio e barulhento como nas outras vezes que vim aqui nos últimos dias. Eu mal tinha entrado naquela prisão e já encarava aquilo como tortura psicológica. Eu não podia sair para lugar nenhum, a comida ensossa era horrível e eu não tinha liberdade para fazer nada que eu quisesse naquele lugar. Inclusive ver o Nick. Bom, eu não posso encarar aquele lugar como pior do mundo. Pois o pior lugar que eu já poderia imaginar eu já fui. Aquele manicômio próximo a Nashville. Aquilo era um pesadelo em concreto. Com toda a certeza, um presídio é bem melhor do que aquilo. Porém, não dá para encarar a cadeia como um lugar bom, porque não é.

            Eu tirei minha atenção do pouco da comida que sobrou para o lugar ao meu redor. De quase todas ali, as minhas colegas de cela já falaram sobre. Logo na primeira semana, eu já conheço a ficha criminal de pelo menos metade das presidiárias. Aquelas que me provocaram no dia em que cheguei, pelo menos segundo a Stacy, são as mais abusadas daqui. Elas já foram parceiras de traficantes nada amigáveis.

Falando nas assombrações, a mais alta que usa um piercing na sobrancelha, Harper, passeava entre as mesas com as suas amigas até parar em uma mulher magra e pálida. Harper arrancou o pão da mão da mulher e deu uma mordida, mas a pálida não protestou. Como se tivesse medo dela.  A outra valentona estendeu a mão firmemente, na direção das mulheres assentadas à mesa.  Elas encararam hesitante a mão dela, mas a valentona falou alguma coisa que eu não pude ouvir. Rapidamente, as presas tiraram uma quantidade de dinheiro dos bolsos e entregaram para a brutona. Como isso é patético. Elas não veem que só há pessoas as dominando porque se deixam ser dominadas?  Mas minha pergunta interior foi ignorada quando percebi que discretamente, a mulher que recebeu o dinheiro tirou do bolso e entregou um pequeno embrulho para uma das moças.

Era óbvio. Como se isso nunca pudesse passar pela minha cabeça. As que fornecem drogas nesse lugar devem ser as rainhas desse presídio. Elas deitam e rolam nesse poder que adquiriram graças a essas coisinhas. Com toda a certeza, as policiais daqui sabem muito bem disso, mas fazem vista grossa. Eu direcionei minha atenção para as guardas que estavam na porta do refeitório. Elas conversavam distraidamente. Elas não se importavam com o que acontecia ao nosso redor. Se houver confusão, que se matem. Se houver drogas no meio, nada do que uma boa quantia de dinheiro para que as faça não ver e muito menos interferir.

-O que você tanto olha? – perguntou Stacy, me acordando dos meus pensamentos.

-Eu acabei de ver uma delas vender drogas para um grupo sentado na mesa da frente. – eu fiz um gesto de cabeça, me referindo sobre quem eu falava. – Aposto que os policiais ganham alguma coisa com isso, não é?

-O xerife desse presídio, o fodão daqui, tem algum rolo com traficantes. Os da facção que elas estavam envolvidas. Pelo menos é o que dizem por aí. Ele recebe uma quantidade de dinheiro para fingir que não sabe de nada e ganha certa proteção em relação aos outros bandidos. Você sabe. Criminosos sempre ficam de olho em policiais. Principalmente o pessoal do tráfico. Digo isso por experiência própria. Já vi muitos deles se darem mal nas mãos dos caras da facção que eu trabalhava. Bom, esse xerife foi esperto o suficiente para ganhar aliados fortes em vez de inimigos perigosos. – a punk explicou. – Como ele manda aqui, ninguém tem coragem de enfrenta-lo ou dedurar para alguém.

            -É por isso que várias daqui têm medo delas? Por causa desse rumor sobre o xerife estar a favor delas?

            -Em parte, sim. – Catherine respondeu.

            -Isso é ridículo. – eu murmurei. – O que poderiam fazer contra nós? Já estamos presas mesmo.

            -Você não tem noção de como pode piorar, não é? – Stacy perguntou com um riso sem humor.

            -Claro que sim. Mas se esse cara for esperto o suficiente, não jogaria a merda no ventilador, colocando sua imagem em risco só porque essas vacas ficaram de antipatia com algumas de nós. Riscos só valem a pena quando o motivo é algo grande. – eu expus meu raciocínio, me levantando para colocar a minha bandeja de volta ao balcão do refeitório.

            Ainda de costas senti trombar com alguém. Me virei para a sua direção e dei de cara com uma das vendedoras de drogas. Ela me olhava arrogante. A situação era tão patética que me dava vontade até de rir. Nós duas estávamos na merda. Não havia ninguém melhor que ninguém aqui.

            Ela não era alta ou tinha uma aparência bruta e acuadora. A mulher tinha o mesmo tamanho que eu, era magra e tinha cabelos longos também presos em um rabo de cavalo.

            -Olha para onde anda, novata. – ela disse cheia de si. As outras estavam logo atrás me olhando com deboche. Sério mesmo?

            -Desculpa se eu não tenho um sensor de animal nas costas para perceber que você estava passando. Acho que não deixam usar um desses aqui. – eu retruquei. Sei que foi grosseiro, mas fala sério, isso já está me irritando.

            -Como é que é, vadia?! – a morena cruzou os braços em frente ao peito.

            -Deixa para lá. – eu falei entediada.

            -Eu vi o jeito que você nos encarava a pouco tempo atrás. Garota, se você não quiser se ferrar, é melhor parar com essa afronta.

            -Afronta? – eu perguntei sarcástica.

            -É isso mesmo. Já saquei você. Só porque já foi puta de bandido e foi mimada por ele lá fora, não quer dizer que você vai se dar bem aqui, ok? – essa mulher está testando o meu limite.

            Eu rolei os olhos. – Eu não estou a fim de briga por hoje. Será que dá pra sair da minha frente? Ah, e pelo que eu saiba, quem chegou mais perto em ser, se não foi puta de bandido, foi você junto com o seu grupinho de amiguinhas.

            Acho que a minha resposta a deixou ainda mais irada. Eu realmente não estava a fim de brigar com alguém, mas o meu orgulho não me deixa em paz quando se tem gente testando a minha paciência. Na mesma hora, a irritadinha bateu em minha bandeja de baixo para cima, a arremessando longe de mim e espalhando comida pelo chão. É só o que me faltava. Todo mundo nos assistia com curiosidade. Não senti nenhuma presença das policiais para nos interferir. Esqueci que elas não podem perder esse showzinho. Senti raiva subir a minha cabeça. Odeio quando me fazem de idiota.

            -Mostra para essa vagabunda quem manda aqui, Tessa. – a Harper incentivou.

            -Agora você está pedindo mesmo para apanhar, né? – eu a empurrei forte, a fazendo tentar se equilibrar com alguns passos para trás. Foda-se, não tenho mais nada a perder, mesmo. Vi o grupo se aproximar de mim para defender a sua amiga. – Nem pensem em se meter nisso. Só nós duas temos que nos resolver. – eu gritei apontando o dedo indicador para as mulheres que pararam os seus passos em nossa direção. A tal de Tessa balançou a cabeça afirmativamente para as amigas, confirmando a minha frase.

            -Acho melhor dar adeus para o seu rostinho porque ele nunca vai ser o mesmo. – A Tessa me ameaçou cheia de confiança.

            -É o que vamos ver. – eu disse. Quase que simultaneamente, dei um chute com toda a minha força contra a sua barriga, que a fez cair no chão e gemer de dor. Antes que ela pudesse se recuperar e levantar de novo, eu sentei sobre, ela colocando as minhas perna de cada lado do seu corpo. Eu segurei a suas mãos e finquei a unha nelas, mas ela relutou sob mim e conseguiu se soltar para me dar um soco no queixo. Senti um gosto metálico de sangue invadir minha boca enquanto tentava colocar seus braços presos pelas minhas pernas junto ao seu corpo para imobilizá-la e mostrar o que é um verdadeiro rosto deformado, mas Tessa não me deixava de jeito nenhum pegar seus braços.

            Então, desistindo de imobilizá-la, peguei a comida que foi derramada no chão por sua causa e coloquei contra a sua boca, a forçando comê-la.

            -Você que fez essa sujeira, então vai ter que limpar tudinho. Começando por agora. – eu disse com um sorrisinho maldoso estampado no rosto quando a vi sacudir a cabeça, lutando inutilmente contra a minha mão que pressionava a comida contra seus lábios. – Come, vadia!

            Com uma de suas mãos livres, ela tentava tirar a minha contra o seu rosto, e a outra estalou em um tapa bem forte na minha bochecha. Foi o suficiente para eu retribuir o tapa a altura. Dei mais dois socos em seu rosto. Pelo visto, foi bem dolorido, pois eu a ouvi gemer. Senti duas outras mãos me puxarem para cima, tentando me tirar do comando da briga. Me agarrei nos fios castanhos de Tessa que gritava de dor quando me puxaram ainda mais e consequentemente, seu cabelo também foi puxado mais fortemente. Eu sabia que era uma das suas amigas querendo a ajudar. Principalmente quando o seu braço se envolveu com firmeza ao redor do meu pescoço. Mas alguns disparos de tiros fez todo mundo se dispersar para fora da rodinha de briga. E o braço que iria me sufocar daqui a alguns segundos me largou.

            Ainda em cima de Tessa, avistei algumas policiais espalhando o publico ensurdecedor a nossa volta. Uma delas me puxou pelo braço para ficar em pé.

            -Vocês estão muito, muito encrencadas. – a mulher fardada murmurou para nós duas.

            -Droga, ela vai para solitária. – Stacy comentou baixinho para outra mulher que assentiu em concordância. Encarei seus olhos solidários. A punk fez uma careta como se estivesse prestes a me dar um sermão. Eu dei de ombros, como se isso estivesse totalmente tranquilo para mim. Bom, mas não estava.

 

Nick Narrando

            Trilha sonora: Critical - Link: http://www.youtube.com/watch?v=Vo4SaJBEZIQ

There's a storm coming up
And I gotta prepare myself
'Cause this feeling's getting
Stronger everyday

(Há uma tempestade chegando

E eu tenho que me preparar

Porque este sentimento está ficando

Mais forte a cada dia)

 

Something's creeping inside
Everything is about to change
Gotta face the fact that
I can't walk away

(Algo está nascendo aqui dentro

E esse sentimento de mudança

Tenho que encarar o fato de que

Eu não posso ir embora)

 

This is critical
I'm feeling helpless
So hysterical
And this can't be healthy

(Isto é crítico

Eu estou me sentindo impotente

Tão histérico

E isso não pode ser saudável)

 

            Tracei mais alguns riscos fracos de grafite sobre o papel, materializando a imagem visualizada em minha mente. Eu já perdi a conta de quantos desse tipo de desenho eu já fiz. Quanto mais eu vejo o seu rosto nesses desenhos, mais a necessidade de vê-la cresce em meu peito. A saudade está me deixando inquieto e agoniado.

This is critical, yeah
So stuck on you

(Isto é crítico, sim

Tão preso em você)

 

 

 

 

 

 

 

 

Used to have everything figured out
But it's different now
When you came, you saw
You conquered my heart

(Costumava ter tudo planejado

Mas agora é diferente

Quando você veio, você viu

Você conquistou meu coração)


 

It's your laugh and your smile
wanna stay for a little while
I don't wanna go
I just want you in my arms

(É a sua risada e seu sorriso

Quero ficar por algum tempo

Eu não quero ir

Eu só quero você em meus braços)


 

            A esperança estranha que carrego junto com essa falta que eu sinto, me dá vontade de acreditar que de alguma forma as coisas vão se acertar. Por mais impossível que seja, eu ainda vou insistir em nós.

This is critical
I'm feeling helpless
So hysterical
And this can't be healthy

(Isto é crítico

Eu estou me sentindo impotente

Tão histérico

E isso não pode ser saudável)

 

I can't eat or sleep
When you're not with me
Baby, you're the air I breathe

(Não consigo comer nem dormir

Quando você não está comigo

Amor, você é o ar que eu respiro)

 

This is critical, yeah
So stuck on you

(Isto é crítico, sim

Tão preso em você)

 

            Parece masoquismo, pois são nesses traços que me fazem sentir mais a sua falta, mas neles eu posso olhar para o seu rosto por alguns segundos e poder imaginar que está bem aqui.

 

Flashback on – Autora Narrando (n/a: Pode desligar a música. É opcional, mas se quiserem entrar mais no clima do flashback, ouçam um pouquinho dessa música: http://www.youtube.com/watch?v=qa5nUD0k9XQ )

 

            O sol estava começando a se por em Los Angeles, colorindo o céu de laranja e dando um ar ainda mais tropical à cidade. Eles não esperaram para a pequena reunião de amigos no clube acabar, que pelo visto só terminaria bem de noite. O carro vermelho de Nick disparava pelas ruas. No veículo, tocava o rádio alto. As vozes dos dois acompanhavam animadamente as músicas que tocavam.

            Nicholas estava os levando para o seu lugar favorito. Ele adora praias. Não aquelas super movimentadas estilo Miami Beach. Ele gostava mesmo daquelas desertas em que se possam ouvir só o barulho das ondas. Miley rapidamente adivinhou para onde o seu namorado estava a levando.

            Na rádio música animada acabou e logo após, começa uma introdução bem antiga e conhecida pelos dois.

            “I got Sunshine on a cloudy day…”

            Miley abriu um pequeno sorriso ao lembrar seu pai cantarolando “My Girl” sorridente pelos cantos da grande casa em Nashville. Fazia anos que não escutava essa música. Ela foi pega de surpresa em lembrar de alguma coisa sobre o seu pai com um sorriso no rosto. Durante todos esses anos, a única coisa que sentia era uma saudade dolorida e acompanhada de frustração. Pela primeira vez, ela se sentiu bem ao ter alguma lembrança dessa época.

            De repente seus pensamentos foram despertos pela voz sexy cantando ao seu lado “My Miley” ao invés de “My Girl”. Aquilo soava tão bobo, mas só fez alargar aquele sorriso contagiante de Miley. Nick não conteve e retribuiu o sorriso, mas continuou a cantar sua nova versão para a namorada.

            -“I’ll guess you’ll say:  What can make me feel this way? Miley... Talkin’bout my Miley.” – ele cantava enquanto ainda conduzindo o seu carro. Miley lutou contra o rubor que surgia em seu rosto.

            -Você me faz me sentir uma garota de 13 anos com o primeiro amor da escola, sabia? – seu resmungo brincalhão fez Nick rir.

            -Obrigado. – ele respondeu convencido voltando seu olhar para o transito.

            -Isso não foi um elogio.

            -Mas você gosta. – Nicholas insistiu.

            -Eu sei. –ela admitiu.

            Quando finalmente o veículo vermelho chegou em frente a praia, o casal saiu rapidamente dele. Miley se sentou sobre o capô do carro e Nick ficou em pé a sua frente.

            - Olha essa vista! A gente chegou exatamente na hora certa.  – comentou Miley.

            - Eu sei. – ele disse dando mais uma olhada na paisagem às suas costas. – Você sabe, eu sempre chego nos momentos mais adequados a minha beleza. – ele deu um sorrisinho de lado.

            - Humildade sempre, é claro. – ironizou Miley.

Ele riu e se aproximou ainda mais da encrenqueira mais sexy de LA. Suas mãos quentes foram subindo um caminho lento pelas suas coxas até chegar à sua cintura fina. Miley pode sentir a sua respiração falhar por um momento com esse toque. Ela teve que contar mentalmente até dez para não agarrá-lo ali. Nick ficou perdido nos olhos magnetizantes de Miley por alguns segundos. Aquela luz alaranjada do sol, fez uma mescla de azul e verde em suas íris. De lábios entre abertos, Miley ainda encarava a boca convidativa de seu namorado.

As mãos de Miley subiram para os ombros de Nick.

-Minha Miles. – ele sussurrou como se fosse um segredo confidencial. Talvez para os dois, isso realmente fosse.

Flashback off

Nicholas Narrando

Olhei o resultado de mais um desenho. Nele a Miles estava no carro com os cabelos longos sendo guiados pelo vendo que vinha da janela e seu sorriso lindo se destacava em seu rosto. Fechei os olhos e respirei fundo. Essa obsessão não é nada saudável.  Mas é simplesmente impossível de controlar. 

O toque estridente do meu celular me fez voltar à realidade em um susto. Peguei o aparelho e atendi sem nem mesmo verificar quem me perturbava a essa hora.

-Alô? – eu perguntei.

-Nick. Sou eu, Chad. – a sua voz soou animada. – Eu vou visitar a Miley depois de amanhã!

-O que? Já? – eu perguntei surpreso. Não pude evitar sentir inveja. Eu queria tanto estar no lugar dele para revê-la. Mas o caso do golpe contra meu pai ainda está em andamento. Se descobrirem algum vinculo entre mim e ela, estragaria tudo. A minha situação é bem complicada. Não que a do Chad também não seja, né? – Tem certeza que ninguém vai descobrir sobre você?

-Claro que sim. Eu tenho o meu diploma, ok? Caso suspeitem do meu tempo fora do país eu posso falar que trabalhei em um escritório na Europa. Ninguém vai descobrir. Bom, só se algum dos antigos parceiros da quadrilha for pego e me dedurar. Mas acho muito improvável. Eles devem estar bem longe daqui.

Isso mesmo. O Chad tem um diploma de Direito e não é falsificada. Ele vai ser o advogado da Miley durante esse tempo. É o melhor jeito de ter algum contato frequente com ela. Enquanto o Chad fizer a parte dele, eu vou fazer a minha.

-Se tudo correr bem, talvez aconteça até mais rápido. – ele comentou alegre.

-Tomara que seja rápido mesmo. Sinto muita falta dela. – eu comentei.

-Hum... Bom, acho melhor desligar. Pelo visto já tenho que deixar em dia algumas papeladas. Eu tinha me esquecido de como advocacia é entediante. - ele mudou de assunto. – Ah, eu quero que veja aquilo que te pedi. Só falta isso para ser a cereja do bolo.

-Ok! Até um dia desses.

-Até.

 

Algumas horas depois...

Autora Narrando

Os saltos Leboutin estalavam sobre o impecável piso de mármore da mansão. Christine havia acabado de chegar da reunião com as suas amigas do Clube de Mulheres. Não tinha muito que fazer quando se é bancada pelo próprio marido que vive no trabalho, além de se divertir como toda dondoca. E estava certa. Ficar trancafiada sozinha nessa enorme casa só a causa tensão. Só a faz lembrar a péssima experiência que teve alguns dias atrás. E como se não fosse o suficiente, ainda vinham alguns investigadores inconvenientes que apareciam de vez em quando para buscar informações.

A loira percebeu que Joe ainda estava fora. Ele sempre sai. No ponto de vista da loira, ele foi o que se adaptou mais facilmente a velha rotina. A principal preocupação do modelo já estava seguramente trancada atrás das grades. Mas Nick... Ele realmente a deixava preocupada. Não estava mais saindo com os amigos, mesmo com a insistência poderosa de Brian, seu melhor amigo. Apenas ultimamente que seu enteado tem saído com mais frequência, sem dar muitas explicações. Jantar com a família, então, nem pensar. Quando estava em casa, só ficava trancado naquele quarto.  Ela gostava muito do mais novo, e simplesmente odiava vê-lo sofrer.

Ao se lembrar de Nicholas, ela decidiu dar um “alô” para ele antes de tomar um banho relaxante na sua banheira. Ela bateu algumas vezes na porta, mas ele não atendeu. Já estava tarde. Ele deve estar dormindo, imaginou Chris. Ela abriu a porta do quarto que estava encostada e avistou Nick dormindo desajeitado com a cabeça e os braços sobre a mesinha de seu quarto. Várias folhas estavam espalhadas sobre ela. Algumas estavam até penduradas no seu quadro de metal.


(n/a: Imaginem sem o pessoal lá atrás rs)

 

O seu coração se apertou quando percebeu o que tinha nesses papeis. Eram desenhos. Desenhos dela. Nick ainda pensava na Miley. Ele era apaixonado por ela. Isso ninguém podia impedir. Christine sentiu que tinha que fazer alguma coisa. Esse sofrimento dele tem que acabar.

Chris preferiu não acordá-lo de seu sono e deixou silenciosamente o quarto. Encostou a porta de volta e foi até o seu quarto. Paul estava mexendo em seu laptop já relaxado em sua cama. Ele avistou a sua esposa chegar e abriu um pequeno sorriso para ela.

-Como foi a reunião do seu Clube de Mulheres? – ele perguntou educadamente. Mas logo percebeu a aflição na face bem maquiada de Christine. – O que está acontecendo? Você está estranha. 

 


 

 

-O Nick... - ela jogou a sua bolsa Chanel na poltrona ao lado e tirou os seus enormes saltos dos pés - Ele está tão estranho ultimamente. – lamentou se sentando na ponta da cama.

Paul suspirou desanimado. Isso não era novidade para mais ninguém naquela casa. Ele já tinha percebido o quanto que o seu caçula estava afetado com tudo o que aconteceu.

-Ele ainda está apaixonado por ela. – Paul afirmou.

-Eu sei. Eu acabei de entrar em seu quarto e achar vários desenhos que ele fez da Miley. – concordou Chris. – Paul, você precisa fazer alguma coisa para melhorar toda essa situação.

Por mais que ele odiasse o fato de seu filho ainda estar amando uma golpista que veio para a cidade se vingar da família, Paul também sentia a angustia de pai por ver o seu filho sofrendo. Nick tem de tudo e pode ter ainda mais se quiser, mas o que ele mais deseja é o que o seu pai mais repudia. Ele tinha que encontrar uma boa solução, como a Christine disse.

-E se... – Paul pensou mais um pouco, e logo seus olhos iluminaram em uma ideia. – Se lembra daquela casa na praia na Itália? – ele perguntou para a loira ao seu lado, que logo assentiu em resposta. – Há alguns quilômetros de lá tem uma universidade, que já ouvi falar ser muito boa. Talvez ficar por algum tempo estudando por lá, em outro ambiente, outro lugar, possa fazer bem para ele. Eu posso dar aquela casa de presente para o Nick. Eu sei que ele não é muito ligado a bens materiais quando nos envolvemos em problemas, mas ele adora praias. Seria um ótimo lugar para ele morar por um tempo e se esquecer um pouco dessas tribulações daqui de Los Angeles. O que acha?

Chris abriu um sorriso. – Seria uma excelente ideia. Talvez ele possa até demorar um pouco para se adaptar, mas tenho certeza que vai ser bem melhor para ele. Bom, isso se ele topar, né?

-Pois é...

-Você não pensa em talvez, sei lá, contratar um advogado para a Miley? O Nick te veria com outros olhos, se você fizesse isso por ele.

-Alimentar um romance com aquela problemática nunca faria bem ao Nicholas. – ele respondeu ríspido. – Sem chances, Christine.

 

Miley Narrando

A porta da cela escura se fechou. Apenas uma frestinha de luz do lado de fora entrava na pequena sala. Que merda que eu fiz. Espero que isso não conte como mais uma coisa contra mim no tribunal. Quer dizer, os presidiários de bom comportamento ganham alguns créditos em relação à pena de prisão. Talvez se eu ficasse mais na minha, eu poderia sair mais cedo daqui e... Quem eu estou querendo enganar? Eu estou sendo acusada de assassinato e tentativa de golpe. Se não comprovarem meus outros crimes em outros países. É obvio que eu não vou sair daqui por um bom tempo, e acho que nem bom comportamento me ajudaria nessa condição.

Me sentei sobre o colchão desconfortável no chão e deixei um suspiro frustrado atravessar minha boca. Demorou um pouco para a ficha cair. Eu nunca mais veria o Nick. Encostei minha cabeça na parede. Nunca mais? Senti minha garganta começar a se fechar.

Numa hora dessas, sozinha, eu sinto uma maldita falta de seus braços ao meu redor. Fui surpreendida por um soluço baixo vindo de mim. Fechei os olhos e imagens vieram na minha mente como um filme.

Flashback on

Logo após apagar a luz do meu quarto espaçoso e azul claro, recebi uma mensagem no celular. Já até tinha adivinhado quem era com um sorriso no rosto. Peguei o aparelho em minhas mãos enquanto me sentava sobre a cama. Como eu imaginava, era dele.

“Boa noite, encrenqueira. Espero que tenha bons sonhos... comigo :)”

Eu rolei os olhos, reprimindo um riso e respondi: “Boa noite, riquinho metido. Bons sonhos para você, também. E pode deixar que certamente eu vá sonhar com você. ”

Ele já tinha arranjado um celular para nós dois naquele mesmo dia. E com certeza, a nossa comunicação ficou bem melhor, porque nós tínhamos perdido nossos celulares naquele acidente no lago. Ouvi uma movimentação atrás de mim e me virei para a janela. Larguei meu novo celular sobre o criado mudo e fui até lá para verificar o que estava acontecendo. Me deparei com o suicida do Nick subindo a trepadeira da casa até a minha janela. Não, isso não é uma brincadeira.

-O que você está fazendo? – eu sussurrei surpresa com a sua cara de pau chegar até aqui. Não quero nem imaginar se o Steve visse.

-Você falou que certamente sonharia comigo. Então, aqui estou. Vim tornar seu sonho realidade. – ele disse enquanto adentrava meu quarto já escuro pela janela. Mas tinha luz o suficiente para ver o seu sorriso de divertimento com a minha expressão incrédula.

-Sério que você está fazendo isso? Você é louco.

-Sou louco, mesmo. Louco por você. – ele respondeu com um sorriso de lado. Mas seu sorriso desapareceu aos poucos, quando parou para me ver.

Ficamos nos encarando por alguns segundos para o rosto do outro e um silêncio gritante, até em um supetão nos juntarmos em um beijo. Não posso negar que adorei sua visita surpresa.  É simplesmente extasiante poder tocá-lo e beijá-lo. É viciante tê-lo por perto. Nos separamos em alguns beijos mais curtos e suaves.

-Você não imagina o erro que fez em vir para cá. Agora eu posso te prender no meu closet para sempre. Você está sabendo disso, não é? – sussurrei roçando meus lábios nos seus. Ele sorriu.

-Merda, eu esqueci que estava namorando uma psicopata viciada em sexo.

-Tarde demais, bonitão. – me larguei de seu pescoço e acendi a discreta luz do abajur.  

Percebi a sua presença mais próxima de mim um pouco antes de me virar.

-Eu estou gostando desse namoro escondido. Mas ás vezes me sufoca não poder ficar com você por um bom tempo. – ele confessou. Meus lábios se puxaram em um sorriso.

-Eu sinto o mesmo. – nós quase não conseguíamos muito tempo para ficarmos a sós. E depois daquele dia do hotel, Nick invadia os meus pensamentos constantemente.

Eu dei mais alguns passos a sua direção, acabando com a distancia entre nós. Ele me fitava com admiração e desejo. Seus olhos castanhos me puxando a atenção.  Sua mão deslizou do meu braço até o meu quadril, causando arrepios pela sua trajetória e pairando tentadoramente lá. Seus lábios foram até o meu pescoço deixando beijos molhados, fechei os olhos aproveitando sensação gostosa. Distribuí beijos e leves mordidas pelo seu pescoço, maxilar, até o seu queixo e beijei sua boca novamente.

Minhas mãos foram para a fivela do seu cinto e a abri. Nick se movimentou um pouco para tirar os seus sapatos com os próprios pés. Abri a sua calça, enquanto nos beijávamos, e a deixei cair sobre os seus pés. Apertei sua bunda com vontade. Minhas mãos deslizaram da sua bunda até as costas, levantando a sua camisa junto. Tivemos que nos separar para eu tirar mais uma peça dele. Joguei a sua camisa para qualquer lugar do quarto. Nicholas tirou suas próprias meias e cueca, ficando completamente nu na minha frente. Tive que puxar o ar com força ao ter essa visão.

-Isso não é justo. Você ainda está toda vestida. – Nick protestou.

Tirei a blusa do meu pijama e deixei cair no chão, e deixando meus seios a mostra. – Assim está bom?

-Bem melhor. – comentou Nick com malicia. – Mas ainda estou em desvantagem.

 Me deitei na cama e em seguida ele ficou sobre mim, distribuindo beijos pelo meu pescoço e colo.  Ele puxou o meu short junto com a minha calcinha, me deixando igualmente nua. Eu simplesmente amava o jeito que ele me olhava quando estamos na cama. Trocamos alguns beijos e carícias mais ousadas até não resistir mais.

Num movimento sensual, lento e profundo, Nick penetrava em mim deliciosamente. Enquanto isso, eu arqueava as costas, quase me torturando para não fazer barulho mais alto do que os gemidos baixos quase em sussurros, pedindo para mais. Me agarrando aos lençóis da minha cama, antes arrumados, via e sentia o modo como ele era sexy. Seus músculos tensos, seus cachos bagunçados, suas expressões de prazer, e o movimento do seu quadril contra o meu. Apertei ainda mais minhas pernas ao redor do seu corpo quando ele penetrou mais forte e soltei um gemido mais alto.

-Sh... – ele colocou o dedo indicador sobre os meus lábios. Disposta a provocá-lo, em seguida eu beijei o seu dedo e o chupei, olhando diretamente para os seus olhos escuros e nebulosos de excitação. Ele tentou reprimir um grunhido, mas que acabou saindo baixo.

Alguns segundos depois, fomos levados ao ápice. Nick se deitou ao meu lado e eu apoiei minha cabeça sobre o seu peito, envolvendo uma das suas pernas na minha. Ele colocou seu braço ao meu redor. Aquilo era tão reconfortante.

-Posso confessar uma coisa? – eu perguntei.

-Hum?

-Eu não me apaixonei por você naquela viagem. – eu tive que levantar a cabeça para encará-lo nos olhos. – Eu acho que eu já sentia uma coisa diferente por você antes. Só que eu não conseguia saber o que era.

-O que você sentia? – seus olhos se iluminaram.

-Eu não sei... Um tipo de ansiedade em te ver. Ás vezes eu me pegava pensando nos momentos em que você me tratava bem e em como era bom.

- Isso é tão irônico. Logo nós dois termos nos apaixonado pelo outro. Não era para ser ao contrário? – ele disse pensativo.

-Talvez isso tivesse que acontecer de qualquer jeito.

Ele balançou a cabeça em concordância. – É mesmo. Talvez você sempre foi minha. E eu, seu.

Flashback off

Um buraco se abriu em meu peito e não consegui conter as lágrimas. Os soluços aumentaram, me fazendo me entregar de vez a vontade absurda de chorar. Pelo menos aqui, sem ninguém por perto, eu poderia colocar tudo o que eu estava segurando para fora sem me preocupar se alguém estava me vigiando. Pendi minha cabeça sobre as mãos e desabei minhas lágrimas livremente. A dor já era insuportável demais para guardar.

Nunca pude imaginar que o amor pudesse desabar uma pessoa desse jeito. A saudade que eu sinto dele, a vontade de provar um pouco mais da felicidade que ele me trazia era imensa. Era simplesmente impossível de conter.

-Sinto tanto a sua falta, Nick. – eu sussurrei, como se ele pudesse ouvir daqui.

Flash Back on (n/a: eu sei, esses últimos capítulos vão ter muitos flashbacks rs)

Autora Narrando

O loiro bem apessoado adentrou o bar movimentado de uma cidade de Kentucky. Na sua mochila, carregava um pouco de roupa, todo o seu dinheiro, seus documentos e um maldito certificado de advocacia.


(n/a: Gente, conheçam o meu Chad s2)

Chad tinha acabado de passar para a prova mais importante de Direito do país, mas digamos que não era o seu futuro mais desejado.

Depois de uma briga feia com a sua família, sua mãe e seu nada querido padrasto, decidiu ir embora de casa. E sua ex-namorada havia o traído com o seu colega de faculdade, há uma semana. Enquanto Chad tentava manter um relacionamento decente, dispensando dezenas de mulheres interessadas, a vadia o colocava chifres com um outro cara. Ele não a amava. Na verdade, nunca chegou a se apaixonar tão profundamente por uma pessoa, mas o seu orgulho ficou ferido como o de todo homem. A sua vida tomou um rumo que nunca sonhou em tomar. Tudo estava errado, ele pensava. Era hora de beber e pensar no que fazer dela.

Chad deu mais uma ultima tragada no seu cigarro e o apagou no cinzeiro que tinha por perto. Sentou-se numa cadeira alta em frente ao balcão, colocou sua mochila pesada sobre ele e pediu uma dose de tequila para o homem a sua frente. Prontamente, o barman o atendeu colocando o pequeno copo com o liquido amarelado a sua frente.

Então, ele ouviu uma voz jovial. Jovial até demais para um lugar como esse. Chad olhou para o seu lado, e avistou uma adolescente entre seus dezesseis e dezessete anos que conversava com um homem mais velho ao lado. Ela tinha enormes olhos azuis, um cabelo longo e castanho e tinha o corpo delicado como de uma boneca. O homem mais velho não parecia flertar com ela, como Chad pensou de primeira. Ele tinha os olhos semelhantes ao dela, mas não tão expressivos como os da garota.

(n/a: Miley tinha essa aparência.)


Miley percebeu um demorado olhar sobre ela e transferiu sua atenção para ele. Era um cara loiro de olhos verdes e, aparentemente, poucos anos mais velho. Parecia um universitário. Ele tentou disfarçar, dando atenção ao seu drinque que tomou um único gole.

-Então, nós vamos ficar por aqui só por um dia, para conseguir uma boa arma para você. Lá em Georgia, eu conheço um cara que falsifica identidades perfeitamente. Engana qualquer policial. Fica simplesmente idêntica à original. – Steve continuou a expor os seus planos para a sobrinha. Pelo visto, ela estava mesmo interessada nesse golpe. Miley estava se envolvendo em algumas situações com vontade, sem numa hesitação, como uma boa aula de tiros. Ainda precisa treinar mais um pouco para ficar bem certeiro, porém ela já estava em um bom começo. Depois de treiná-la bem para se adaptar ao universo dos crimes, Steve e Miley iriam para a Europa para a o primeiro golpe.

Ela assentiu em compreensão. – Quanto tempo que vamos levar para eu poder me vingar do Paul? – ela perguntou ansiosa.

-Vai levar bastante tempo. Um crime perfeito precisa de muito trabalho, acredite. Ainda mais um golpe dessa proporção. Estamos falando de uma economia inteira de uma empresa.

-Eu não estou tão interessada no dinheiro assim. Desde que eu faça aquele desgraçado sofrer por tudo o que fez. – ela tomou um gole do seu forte whisky.

-Acho melhor você ir com calma nisso aí. – ele comentou. – Eu não deveria nem te dar um pingo disso, então é melhor não exagerar.

-Você não deveria estar me ensinando a dar golpes, mas está. Nós dois sabemos que não sou mais uma criancinha. – ela rebateu.

Era impossível evitar. Chad escutou tudo o que eles falaram. Era meio surreal descobrir que uma garota de dezesseis ou dezessetes anos esteja mesmo disputa a dar um golpe. Ele tomou mais duas doses de tequila.

-Mas precisamos de alguém para nos ajudar. Não podemos dar golpes por aí sozinhos. Não é mesmo? – disse ela.

-Claro. -concordou Steve. – Eu ainda vou contratar pelo menos um cara daqui dos Estados Unidos para ir com a gente.

-Eu posso. – a voz do Chad surpreendeu os outros dois que estavam conversando. Talvez a sua voz deva ter surpreendido a ele mesmo, nessa atitude impulsiva.

Foda-se, preciso fugir dessa realidade. Talvez, vivendo de uma maneira intensa e fora dos parâmetros possa ser bom pra mim, pensou Chad. 

-O que? – perguntou Miley, surpresa.

-Eu posso ajudar vocês. Com tudo que vocês andam planejando. Não tenho muita coisa a perder, mesmo. – ele respondeu.

Steve riu debochadamente. – Ah é? Me diz como você pode ser útil.

-Sei tudo sobre leis. E bom, eu aprendi sobre alguns casos de crimes, também. Ou vocês acham que nunca vão se encontrar numa situação sem saída? Um crime perfeito, é um crime sem provas e posso ajudar nisso. O resto eu posso aprender. Mas só topo se vocês saírem desse país mesmo.

O mais velho o olhou de cima a baixo e deu de ombros. – Vamos ver se você pode ser útil. Tudo bem, mas se você falhar estará fora da equipe, ok? – o loiro assentiu. – E sim, nós vamos ficar por um bom tempo fora dos Estados Unidos.

-Ótimo. – Chad respondeu. – Eu sou Chad. – os dois apertaram as mãos.

-O meu é Steve.

-Eu sou a Miley. – a jovem mulher se pronunciou, estendendo a mão para o mais novo membro da equipe, que a apertou logo em seguida. – Espero mesmo que você ajude em alguma coisa... Você não é um policial, né?  - ela se espantou com a possibilidade de um infiltrado.

-Não, Miley. Se ele fosse um policial, certamente me prenderia antes mesmo de falar alguma coisa por dar uma bebida alcóolica para uma adolescente. – o tio respondeu confiante. – Mas se for ou se tentar nos entregar, saiba que eu conheço caras muito importantes e perigosos. Você deve imaginar que esse tipo de gente pode fazer qualquer maldade se for preciso, não é?

-Eu sei. – Chad balançou a cabeça. – Eu não vou entregar ninguém.

-Então bem-vindo à equipe.

FlashBack off

Miley Narrando

Dois dias depois...

Enquanto eu encarava a pequena janela cheia de grades, esperando alguma coisa diferente para poder observar, minha atenção é despertada para a realidade quando houve uma movimentação fora da cela. Ouvi o som de um molho de chaves vindo do corredor. Logo em seguida, a porta bem fortificada foi aberta. A luz vinda do corredor quase cegou meus olhos por alguns segundos. Eu já tinha acostumado com a fresta de luz tímida que vinha para dentro da salinha. A policial me encarou parada em pé.

-O seu tempo de solitária acabou. Só foram uns pequenos momentos para você refletir na confusão que causou com a Tessa naquele refeitório.

-Então eu posso voltar para minha cela de antes? – perguntei esperançosa, não aguentando mais aquela solidão esmagadora.

-Agora não. O seu advogado acabou de chegar para te fazer visita. Vou te levar até ele agora mesmo. – ela respondeu não muito animada. Espera, aí? Advogado? Só se for um daqueles que trabalham para o governo, porque eu não tinha um e nem tive tempo de pensar em contratar algum. Bom, apesar de tudo, eu tenho alguém para me defender, né? Acho melhor nem reclamar do cansaço.

Eu dei de ombros e me levantei do colchão duro da cela e fui até a policial na porta para ser algemada e encaminhada para a sala de visitas. Chegando lá, a mulher me soltou e abriu a porta para mim.

Eu tive que morder os lábios para engolir de volta uma exclamação de surpresa. Chad me esperava sentado à mesa com um sorrisinho cordial e formal. Ele estava elegante num terno escuro, lhe dando uma imagem mais séria, uma coisa nada familiar para mim.


(n/a: Gostoso)

Seus olhos verdes sorriam para mim, travessos. Eu não acredito que ele está fazendo isso! Meu momento de espanto foi interrompido pela policial.

-Vocês têm uma hora. – ela disse. – Não demorem. – então ela fechou a porta e nos deixou a sós.

Olhei em volta para procurar alguma câmera e não achei nenhuma.

-Fica tranquila, eles não estão nos vigiando. – ele disse convicto com um sorriso maior no rosto.

Eu apressei meus passos até ele e praticamente pulei para um abraço. Ele retribuiu o abraço apertado. Senti um alívio ao ver alguém querido depois de uns dias tão tensos nessa cadeia.

-Não acredito que você está aqui! – eu me separei do seu abraço.

-Eu não te falei que sou mesmo formado em Direito? Algum dia isso teria que ser útil, né? – ele brincou, enterrando suas mãos nos bolsos.

-Sim. – eu sorri. – Isso não quer dizer que você não nos ajudou muito com esses seus conhecimentos.

-Pois é... – ele então mudou de assunto. – Mas Miley, eu acho melhor nós adiantarmos melhor o ponto em que quero chegar. – ele suspirou e sentou de volta na cadeira. – Senta aí. – ele apontou para a cadeira a sua frente e assim o fiz curiosa com o que tinha a dizer.

-Você não está aqui só para ser meu advogado, né? É algum recado lá de fora? – eu perguntei.

-Não, eu não estou aqui à toa. Vou ser direto com você. – ele apoiou os cotovelos sobre a mesa, diminuindo a distancia entre nossos rostos. Desse vez ele estava realmente sério. – Eu tenho falado com o Nicholas ultimamente. – só em ouvi seu nome, o meu coração afobado começou a acelerar, me deixando levemente desorientada. – Nós dois queremos ver você fora dessa cadeia o mais cedo possível. Então, nós estamos planejando uma coisa. Um coisa grande.

-O que é, Chad?

-Uma fuga. – ele disse. – Vamos tirar você daqui.

Eu pisquei algumas vezes, confusa. Tive que reformular a mesma frase várias vezes na minha mente. O que? Uma fuga? Ele pirou?

-Você está brincando, né? Como assim, uma fuga, Chad? Isso aqui é vigiado por todos os lados. Você acha que é só abrir uma janelinha daquelas e dar no pé?

-Eu estou te falando que é uma coisa grande! Isso vai envolver muitas coisas arriscadas, é claro. Mas se der certo, não vai ter como eles te prenderem de volta. – ele disse mais entusiasmado. – Presta atenção que eu vou te contar tudo o que eu e o Nicholas estamos planejando, e você vai ter que ajudar a gente para me falar como as coisas funcionam aqui por dentro. – ele diminuiu seu tom de voz.

Essa ideia é insana! Como ele quer que eu coloque a segurança dele e do Nick em risco para fazer uma tentativa suicida de fugir dessa torre de segurança?

-Fugir? Chad, só se ficarem sabendo desse plano, vocês podem foder com a vida de vocês em um minuto! Você nem deveria estar aqui! Se te reconhecerem como da quadrilha tudo vai estar perdido para você. Esquece essa ideia impossível e foge você, antes que te peguem. – eu puxei mais ar para falar antes de continuar. – Eu adoraria estar lá fora, livre, mas eu estou aqui. Eu tenho que responder pelos meus erros. Não tem mais jeito.

-Não, Miley! – ele se conteve para não bater a mão fechada em punho sobre a mesa. – Vai dar certo, sim! Eu e Nick estamos planejando isso muito bem, vendo todos os detalhes. Eu tenho que tirar você daqui. Eu só estou em Los Angeles por sua causa, e não vou sair dessa cidade sabendo que você está presa num presídio, você está me entendendo? Eu estou pouco me fodendo se é arriscado ou não.

São tantas informações vindo para minha mente e embaralhando a minha cabeça cada vez mais, que eu tive que parar esfriar para poder falar alguma coisa. Ele é meu melhor amigo, mas não pode simplesmente arriscar a sua liberdade para me fazer conseguir a minha do jeito mais louco possível.

-Chad, não seja imbecil. Eu entendo a sua intenção, mas você não pode fazer isso. É a liberdade de vocês que está em risco.

-Droga, Miley! Quem está sendo imbecil é você! Será que não consegue ver que eu não posso deixar você aqui? Você é a única motivação que eu tenho.

-O que?... – eu tentei formular alguma pergunta sensata, mas não saiu. Então Chad me interrompeu.

-Nick não é o único que está apaixonado por você.

 

Oi, povo! Tudo bem com vocês? :D

Eu sei, eu demorei demais, mas eu realmente não tive tempo o suficiente para escrever em pouco tempo.

Enfim, eu sei, vocês devem estar querendo me matar por parar aí. Haha Mas vocês sabem que eu viciei em finais assim! E então, o que vocês acham dessa paixão secreta de Chad, hein? E olha que o cara é uma perdição, vamos combinar! Haha Espero que tenham gostado das imagens. A Amy Jonas que me incentivou a postar com imagens. Eu geralmente tenho preguiça, mas eu fiquei animada para saber como é o efeito delas assim no meio da história. Vocês gostaram?

Obrigada pelos comentários do capítulo anterior! Não esqueçam de comentar nesse também. Faltam dois capítulos para acabar a temporada e quero ver esses posts lotados de comentários! ;D

Obs: Não esqueçam de participar do grupo do Facebook só de leitoras e escritoras de fics Niley! O link está no post anterior a este. Divulguem também, por favor!

Beijos