quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Capítulo 20 - Dark Past


Oi gente! Tudo bem com vocês? Então, me desculpem pela demora, mas acho que o capítulo está bem grande, então acho que talvez recompensse a espera de vocês. O capítulo inteiro é de flashback sobre a Miley e o seu passado. Espero que gostem! 

Ah! Quero fazer uma divulgação de um blog novo da Bruna. Ele é sobre vampiros e outras coisas sobrenaturais. Quem gosta sobre esse tipo de história vai adorar! Eu por exemplo, estou super ansiosa para ela postar logo um capítulo ;D (sim, vou ficar fazendo pressão kkkkk Foi mal, Bruna. Mas amo história de vampiros, então você vai ter que me aguentar hahaha). Então aqui está o link : Story's the vampires...

Comentem, por favor!!!! E se não é pedir muito, eu adoraria que divulgassem o blog :) 

Beijos para os meus cupcakes
Boa leitura ;D  


Flashback on

Autora Narrando

                Abraçando o travesseiro, ela se segurava para não explodir e não fazer nenhuma besteira. Ela estava muito aborrecida. Finn, o único garoto que ela já gostou na vida, não dava a mínima para ela. Miley apenas estava sofrendo com o típico coração quebrado adolescente. Como ele não conseguiu perceber que eu sou a garota certa para ele?, ela se perguntava insistentemente durante toda aquela tarde.
                Seus devaneios foram acordados quando sua mãe bateu na porta a chamando para jantar.
                -Eu não estou com fome. –resmungou.
                -O que houve, hein? Vem logo comer, para de bobagem, Miles! – a mãe mandona, de acordo com a Miley, insistiu.
                -Eu não quero! Já falei que não estou com fome. – ela cruzou os braços, mal humorada.
                -O que está acontecendo aqui? – uma voz masculina e calma ecoou do corredor. Não demorou muito para Billy aparecer no solado da porta ao lado de Tish.
                -Oi, pai. – Miley cumprimentou não tão animada.
                -Deixa que eu resolvo isso. – o homem calmamente avisou a sua esposa, dando uma piscadela. – Vai colocando a mesa pro resto do pessoal. Braison está quase mordendo a mesa de tanta fome. – ele comentou e Miley tentou conter um riso, querendo manter a carranca, mas não conseguiu evitar um leve sorriso. – Pelo visto, não é tão grave assim. Já está sorrindo!
                Billy tinha o poder arrancar um sorriso de Miley em qualquer ocasião. Sempre equilibrado e calmo, costumava revolver as coisas com um bom humor. E Miley simplesmente adorava isso.
                -Então, vai me contar o que fez a garota mais sorridente de Nashville ficar mal humorada? – perguntou sentando-se na ponta da cama.
                -Nada demais, pai. – murmurou um pouco pra baixo.
                -Como assim nada demais? Você sabe como seu pai detesta ver você assim. Vamos, conta! – ele disse.
                Ela suspirou e decidiu contar. – Um garoto que eu gosto, não dá a mínima para mim. O que eu tenho de errado? – perguntou tristonha.
                -A pergunta certa é “o que ele tem de errado?”.  – ele respondeu um pouco mais sério. – Você é linda, Miles. E não merece ficar chateada por causa de um Zé ruela qualquer.

                - Acho que vou desistir do amor. – ela comentou pensativa. – Olha o que acontece comigo quando aparece um cara errado!
                -O que?! Miles, você ainda vai fazer dezesseis anos! Ainda tem muito que viver! – ele disse surpreso com o pensamento doido da própria filha. Os dois eram tão amigos que não se incomodam em conversar sobre esse tipo de coisa. Billy era tão tranquilo e carinhoso com ela que a Miley as vezes o considerava até como um melhor amigo. – É claro que eu só quero que a senhorita se case e saia de casa com mais ou menos uns cinquenta anos de idade...
                -Pai! – repreendeu Miley enquanto ria.
                -Tudo bem, com quarenta e cinco anos você pode. – Billy respondeu sorridente, satisfeito em irradiar o bom humor para a garota dos adoráveis olhos azuis.  – Mas um dia você vai encontrar um cara que te faça feliz pelo resto da vida. Só tem que ter paciência, minha flor. Cada um tem sua hora.
                -Fazer feliz pelo resto da vida? – repetiu Miley descrente. – Hoje em dia isso é impossível!
                -Olha eu e sua mãe. Tudo bem que ela é um pouco durona e mandona, mas nós nos amamos tanto ou até mais do que quando éramos namorados. E tenho certeza que vamos continuar assim até velhinhos.  Viu? Quando o “impossível” acontece, nada vai poder desfazer. – ele apertou a ponta do nariz de Miley que logo deu um leve tapinha na sua mão de brincadeira.
                -Obrigada pai. – ela abraçou carinhosamente o homem a sua frente. – Te amo muito.
                -Também te amo, minha flor. – eles se separaram. – Agora vamos jantar logo? Porque nessa sua idade você precisa se preocupar mesmo é com comida para crescer forte, não com falsos conquistadores.  – Será que ele ainda acha que eu tenho cinco anos? , se perguntou Miley.
                -Ta bom. Só vou comer porque que eu sei que hoje tem lasanha. – disse com uma cara de marrenta.
                -E se comer tudo, amanhã eu te levo para tomar sorvete. – Com certeza ele acha que eu tenho cinco anos! , concluiu Miles.
                -Pai, eu não sou mais uma criancinha! – protestou.
                -Então você não vai querer tomar uma banana split amanhã? – perguntou Billy desconfiado.
                -Claro que quero! - respondeu animadoramente.
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                Numa tarde ensolarada, Miley e Billy se deliciavam com a banana split. Mesmo sendo um momento muito agradável para ela, Miley estranhou o fato de seu pai estar numa sorveteria com ela no meio da tarde quando ele deveria estar no trabalho.
                -Você está de folga? – perguntou Miley enquanto largava, já satisfeita, a sua colher na ponta do prato.
                Ele olhou para a Miles que ainda esperava a resposta. Hesitou em responder, porém mais cedo ou mais tarde ela e toda sua família descobriria.
                -Fui demitido. – ele respondeu com nenhum pingo de culpa ou vergonha. Como se sua consciência estivesse tranquila. O que foi bem estranho para ela.
                Quase que os grandes olhos azuis de Miley saltaram de seu rosto, pega de surpresa. – Por quê?
                -É complicado, minha flor...
                Ela cruzou os braços em protesto e disse seriamente. – Eu te contei sobre o que aconteceu comigo ontem, porque você não quer falar o que aconteceu com você?
                Ele suspirou vencido. Aliás, ele fez a coisa certa. Não precisava esconder nada dela por vergonha.
                -O dono da empresa já está bem velhinho, então ele decidiu deixar a empresa nas mãos de outra pessoa. Como ele não tem herdeiros, pelo menos não em quem confiasse,  ele recrutou alguns funcionários de lá, os mais eficientes, para fazer um grande e revolucionário projeto para empresa crescer. Quem for o dono do melhor projeto, conquistaria a presidência e a empresa só pra ele. – ela assentiu compreendendo o que ele dizia.
                -Acho que eu ouvi você falar sobre isso com a mamãe. E você foi um deles, né? – perguntou interessada no assunto.
                -É, eu fui. – Billy balançou a cabeça positivamente. – Mas descobri que um dos selecionados, planejava desviar uma parte do dinheiro da empresa. E eu pensei em denunciá-lo, mas Paul Jonas conseguiu me impedir antes e conseguiu acabar com qualquer tipo de prova contra ele. E advinha? O infeliz conseguiu roubar meu projeto. E foi escolhido para liderar a empresa.  Ele não perdeu tempo em me demitir. Porém, eu conseguir contar para todo mundo o que ele fez. Eu ainda vou denunciá-lo por tentativa de roubo! E falei isso para ele, mas Paul não se importou com a minha ameaça.
                -Que horror! – comentou Miley indignada. – Então se ele não tivesse roubado seu projeto, você teria comandaria a empresa toda? – perguntou ainda atônita.
                Ele assentiu um pouco desanimado. – Mas não me arrependo do que fiz, Miley. Se eu tivesse escondido sobre o que eu soube, com certeza, eu não me sentiria bem comigo mesmo. Mas fica tranquila, porque eu vou tentar achar algumas provas contra ele e vou denunciá-lo. – Billy parou de falar e logo se deu conta com quem estava falando e balançou a cabeça negativamente. – Eu não poderia ter contado isso para você. Você é muito nova para ficar envolvida nesse tipo de coisa.
                -Não, pai. Você está certo em ter contado isso para mim. Eu tenho muito orgulho do senhor. Você fez a coisa certa. A vida dá voltas, não é? Você vai conseguir o que merece!
                Ele abriu um leve sorriso. – Obrigado, filha. – ele analisou a taça de sorvete vazio e logo mudou de assunto. – Vamos?
                -Vamos! – ela levantou igualmente ao Billy e foram embora logo depois de pagar conta no caixa.
                Os dois foram caminhando calmamente até a rua onde o carro se encontrava estacionado. Billy apalpou seus bolsos e deu falta de algo.
                -Miley, acho que esqueci a carteira lá na sorveteria. Você pode ir buscar lá pra mim enquanto eu vou ligando o carro?
                -Ok. – assim ela o fez, fazendo caminho contrário até a soverteria. Buscou a carteira que educadamente a caixa havia guardado, e voltou até o carro. No caminho, ela sentiu uma movimentação estranha.  Algumas vozes masculinas discutindo. Então ela dobrou a esquina e avistou seu pai discutindo com dois homens desconhecidos.
                -Eu não vou retirar o que disse! Pode mandar o recado para o Paul que eu ainda o vou tirar do comando e colocá-lo na cadeia! – Billy vociferou irado. Miley nunca havia o visto tão irritado. Era uma visão totalmente inédita e desagradável para ela. E quem são aqueles homens?, se perguntou Miley. – E na próxima vez, peçam para ele mesmo vir falar comigo, se ele é homem de verdade. Parece que ele está com medo de se resolver comigo e manda dois capangas que nem vocês, achando que vou me sentir acuado.
                -Você não sabe com quem está se metendo, Billy. – um deles se pronunciou. – Você tem uma ultima chance, desista de passar a perna no Paul ou vai se dar muito mal.
                Enquanto eles continuavam discutindo, e seu pai negando terminantemente se render, Miley viu um deles puxar uma arma por trás, do cós da sua calça. O medo foi tanto, que a garota nem mesmo conseguiu gritar ou até mesmo correr até lá, para evitar mais nenhuma confusão. Eles estavam armados. Estavam dispostos a feri-lo. Antes que ela pudesse ao menos se mexer, o homem puxou de vez o revolver e atirou três vezes contra o peito de Billy, que automaticamente, caiu no chão cimentado. Um deles pegou as chaves do carro que ainda estavam em uma das mãos do Billy e entrou no carro rapidamente.
                -Entra logo aqui, anda! – apressou o outro que procurava alguma coisa nos bolsos de Billy, mas não achou. Talvez seja a carteira que estava nas mãos de sua filha. Entrou no carro também, e logo, deram partida, deixando Billy sozinho jogado na calçada.
                Miley não conseguia crer no que acabou de assistir.  Seu pai, um homem tão honesto, bem-humorado e amoroso, alguém que ama a vida com intensidade, estava caído ensanguentado no chão, inerte. Era uma visão surreal demais. Sua boca estava aberta em descrença e seus olhos marejados piscavam insistentes em não acreditar no que via. Era seu pai!
                -Pai! – puxou todas as suas forças para gritar com a voz falha. Ele tem que estar vivo!
                Miley correu até o Billy e o abraçou. Ele não se mexia, e Miley não sentia mais o calor em seu corpo. Lágrimas corriam sobre seu rosto. Por que logo com ele?, ela se perguntava. Os soluços de desespero tomaram conta dela. Ele não pode morrer! Não agora, não tão cedo.  Um grito agudo de socorro arranhou sua garganta e ecoou por toda a rua. Miley se sentia sem chão, inconsolável. Todas as histórias que o bem vencia o mal eram uma mentira. Uma mentira cruel e esfarrapada.  Ela abraçou mais forte o corpo sem vida de Billy e chorou incansavelmente, esperando que toda essa cena horrível fosse apenas um pesadelo.
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                Sentadas na sala de espera, Miley e Tish esperavam para ser atendidas e dar parte na delegacia. Miley ainda se encontrava com olhar distante e triste. Ela queria que tudo se resolvesse, mas sabia que seu pai não voltaria mais. Não desistiria em fazer o Paul pagar pelo que fez. Ela ouviu muito bem a discussão entre Billy e os bandidos. Sabe que foi o Paul que mandou eles para matá-lo. Seu pai era uma ameaça para Paul. Ver Paul por trás das grades era tudo o que a Miley queria agora.
                Ela sentiu uma lágrima teimosa ainda rolar sobre sua bochecha e deitou a cabeça no ombro da mãe, procurando por um conforto. Tish a abraçou de lado carinhosamente. Miley havia contado tudo o que sabia para ela. Ela ficou igualmente indignada, mas não havia alguém mais abalado do que sua filha. Ás vezes Miley se culpava por não conseguir fazer nada enquanto assistia tudo o que ocorreu. Talvez se ela estivesse chegado antes, ou chamado a atenção dos três para interromper aquela confusão. Talvez alguma outra ação dela poderia ter evitado o que aconteceu.
                Alguns policiais saíram da sala do delegado, fazendo Miley acordar de seus devaneios. Eles chamaram as duas para dentro da sala para finalmente depor. E assim que as duas se sentaram de frente para mesa do delegado, o xerife Holmes, um conhecido policial da cidade, entrou também e sentou-se de frente para as duas.
                -No que eu posso ajudar? – perguntou ele extremamente calmo revezando o olhar entre Miley e Tish.
                -Quero fazer uma denuncia de um assassinato. E de um roubo, também. – falou Miley.
                O xerife apoiou os seus braços sobre a mesa, ligeiramente interessado no depoimento da garota.
                -Então, prossiga. – ele disse.
                Ela contou tudo o que sabia, tudo o que presenciou e tudo o que ouviu tanto do seu pai, quanto dos bandidos. A sua voz falhava entre algumas frases, não querendo lembrar a cena horrível daquele dia. Porém, era necessário lembrar cada detalhe para poder dar o Paul o que ele merece.
                -Minha querida, não podemos prender esse tal de Paul Jonas se você não tem uma prova concreta que ele que mandou esses homens, muito menos se ele tentou mesmo roubar essa empresa antes de conseguir o comando. – respondeu o xerife estranhamente calmo, o que deixava Miley cada vez mais nervosa. 
                -Como não tem prova concreta? – pronunciou Tish. – Ela ouviu a briga entre os bandidos e o meu marido! Eles falaram sobre Paul essa confusão sobre o dinheiro da empresa em que eles trabalhavam.
                -Ela só pode dar depoimento contra o que ela viu. A senhora nunca parou para pensar que essa conversa pode ter sido forjada? Talvez eles sejam contratados para incriminar o Paul. Nós temos que investigar esse caso com cuidado. Há muita coisa além de um simples assassinato. – falou ele.
                -Simples assassinato? – Miley repetiu a frase com indignação. – Um “simples assassinato” acabou com a vida do meu pai! Não tem mais nada para investigar. – ela aumentava o tom de voz, perdendo a paciência com a calma e o descaso do xerife. – Está na cara! Qualquer um que ouvir essa história vai ter certeza que quem foi o mandante disso tudo foi o Paul. Além do mais, se ele mandou matar meu pai, é porque meu pai sabia coisas demais sobre ele. Não tem nada de complicado nisso. Não existe mais nenhum suspeito.
                -Senhorita Cyrus, - ele disse ainda tranquilo. – Não podemos colocar alguém na cadeia simplesmente porque a senhorita acha que é o culpado. Nada é assim tão simples. Algumas testemunhas do local disseram que levaram o carro da vítima também, é verdade?
                Ela assentiu. – É.
                -Já parou para pensar que foi apenas um roubo de carro seguido de um assassinato? Isso é muito comum.
                -Você quer que eu repita que eu ouvi toda a conversa deles? O Paul está envolvido nisso! – Miley vociferou levantando-se da cadeira, não aguentando mais toda essa palhaçada. – Qual é o seu problema?
                -Espera aí. Cadê o escrivão? Ele deveria estar aqui registrando tudo o que a Miley falou! – Tish disse quando olhou para trás apenas encontrou dois policias ao lado da porta e mesa do escrivão vazia.
                -Ele... Adoeceu. Não pode estar aqui.
                -Então deveria ter outro! Que tipo de policial é você? Parece até que está evitando de investigar direito nosso caso.
                 -Eu sou o xerife. Eu sei o que o deve e o que não deve fazer. Eu que mando aqui. – ele respondeu cortante. – Vocês não podem vir aqui me ensinando como eu devo trabalhar.
                Demorou um pouco para ligar os pontos. Mas logo uma faísca surgiu na mente da Miley que logo fez tudo ficar mais claro. Ele está fazendo isso de propósito, pensou Miley. Nenhum policial poderia trabalhar com tanto descaso desse jeito e indo totalmente contra as palavras de uma testemunha como ele está fazendo.
                -Imprestável. – pronunciou a garota. Todos direcionaram o olhar para ela, incrédulos com a sua ousadia. – Será que você não pode tomar vergonha na cara e fazer seu trabalho direito?
                -Como é que é? – perguntou o xerife totalmente descrente com as palavras da garota a sua frente. – Só porque você é menor de idade, não quer dizer que você não esteja errada em falar desse jeito com uma autoridade. – ele disse quase a fuzilando com o olhar.
                -E só porque você é o xerife daqui, não quer dizer que você não esteja errado em acobertar o Paul por dinheiro, seu desgraçado! – A raiva e o ódio apenas cresciam ainda mais no peito de Miley. Ela não suportava mais viver de um jeito tão injusto. Será que nem a dignidade da memória do seu pai haverá?
                -Saia já da minha sala, garota! – ele gritou apontando o dedo indicador para a porta. Aquela adolescente irritante já estava abusando da sua paciência. – Agora mesmo, antes que eu mande meus homens te tirarem daqui à força!
                Ela encarou no fundo dos olhos no homem, agora não tão mais calmo assim. O olhar que aqueles olhos azuis transmitiam dizia que isso ainda não acabou. Ele sabia que a garota não desistiria tão fácil assim. Ela fechou seus punhos fortemente e repirou profundamente, se contendo para não avançar nele. Por mais que ele pudesse negar ou fingir, ela sabia que aquelas palavras só o atingiram porque eram verdadeiras. Ela deu as costas e saiu da sala acompanhada pelos policias.
                Tish também se levantou da cadeira e deu meia volta para seguir o mesmo caminho que a filha, mas uma mão apoiou-se sobre o seu ombro, a interrompendo.
                -Senhora Cyrus. – o xerife Holmes a chamou um pouco menos nervoso. Ela virou-se para o policial e cruzou os braços esperando impacientemente o que ele tinha a dizer. Ela também estava nervosa, muito. Ela sabia que tudo o que sua filha falou era verdade, e também queria Paul Jonas na cadeia mais cedo possível. Porém, parcialmente, o policial está certo. Nada é tão simples assim. Por mais que ela desejasse ao contrário, toda essa coisa de denuncias e condenações é algo muito complicado. – Me desculpe pelo o que aconteceu. E se pareci ofensivo, não foi a minha intenção. Mas ás vezes não dá pra controlar. Eu sei que sua filha está muito abalada com a morte do pai, mas não dá para me controlar quando sou acusado de corrupção. Eu só estou fazendo o meu trabalho. A senhora sabe que é complicado. Nós vamos investigar melhor o caso. Só peço para que não espalhe que o Paul é o principal suspeito, segundo a sua filha. Para o bem e a segurança da sua família. Sabe como é, nunca é bom se expor muito. – Tish assentiu diante do comentário. A segurança dos seus filhos era tudo o que ela quer preservar agora. - Vamos procurar por câmeras de segurança e outras testemunhas. Quando tudo estiver resolvido, eu ligarei para senhora, tá bom?
                -Só espero que façam isso o mais rápido possível. Miley não é a única que quer ver o Paul por trás das grades. – a respondeu indiferente para o policial e logo depois o dando as costas.
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                Ela olhou mais uma vez em volta, para se certificar que não tinha ninguém por perto. Mesmo na escuridão da noite, ela tinha certeza que não havia ninguém a olhando. Então pulou a cerca branca do quintal bem cuidado e correu até a grande casa.
                Bom, só pra recapitular, depois de alguns dias de “investigação”, a Tish recebeu uma ligação do xerife Holmes. Eles haviam encontrado os bandidos. Miley reconheceu os dois, mas por incrível que pareça, eles negaram a tal conversa. Os bandidos confessaram que foi uma tentativa de roubo e que não havia nenhum objetivo pessoal com o Billy e muito menos conheciam Paul Jonas. Miley não se conformou com todo esse mistério e acobertamento. Ela tinha certeza do que tinha ouvido e vai provar isso para todos. Ela sabe que o xerife está envolvido nisso. Depois dessa estranha e suspeita investigação, Miley conseguiu ouvir escondida uma conversa dele com um “Sr. Jonas”. Ela precisa tirar isso a limpo. As pessoas terão que acreditar nela. Havia pessoas até especulando que ela havia ouvido coisas, que não estava bem. Dizendo que o choque da morte de seu pai a fez imaginar coisas que não havia acontecido. Para ela, essa história já está mais do que absurda.
                Então escondida, Miley fugiu de casa a noite e foi até a casa do Sr. Holmes. Ela conseguiu uma escuta com a ajuda de um amigo nerd do colégio. Ele achou que ela já estava exagerando, mesmo assim, aceitou a ajudar. Nessa noite, ela vai fazer o xerife admitir e vai conseguir incriminá-lo com a suas provas concretas.
                Miley pegou uma lanterna para poder enxergar com mais clareza a janela e viu que estava aberta e que não havia nenhum obstáculo no interior da casa. Miley deu um impulso e pulou para dentro da sala. Não havia ninguém ali. A luz da lanterna percorreu todo o cômodo.  Ela avistou um celular sobre a mesinha de centro da sala e o pegou. Provavelmente era do xerife. Miley verificou as ultimas chamadas. Várias ligações para um número nomeado “Paul”. E ainda a achavam louca! Miley xingou baixinho, praguejando o empresário por ser tão esperto em comprar o xerife da cidade. Ela teve que confessar que foi uma jogada de mestre. Ninguém poderia ir contra a palavra de um xerife, muito menos uma garota de dezesseis anos emocionalmente abalada. Ela guardou o celular dentro do bolso de sua calça e continuou procurando por mais provas. Mas a sua procura foi interrompida quando as luzes da sala se acenderam. Holmes se encontrava perto da escada vestindo uma calça de moletom e uma regata branca. Seus olhos levemente inchados denunciavam que tinha acabado de acordar, mas isso não escondida a raiva que seu rosto demonstrava.
                -Sinceramente, não achei que você tinha chegado a esse ponto. – ele cruzou os braços a encarando.
                Miley sabia que uma hora outra, ele se perceberia sua presença ali. Por isso ela veio com uma escuta. Mesmo assim, aquele olhar furioso sobre ela a dava medo. Ele é um policial, por mais que seja corrupto, ele não poderia fazer nada contra ela, não é mesmo? Ela tentou disfarçar seus dedos trêmulos fechando-os fortemente.
                -Eu ainda não desisti. – ela disse tentando soar mais firme possível. – Você não me engana. Sei que Paul te pagou alguma coisa. Confessa logo!
                -Olha Miley, você já está passando dos limites. – ele advertiu caminhando em direção a ela. A cada passo que Holmes se aproximava dela, Miley recuava um. – Eu fiz o que pude. Prendi os responsáveis pelo terrível incidente com o seu pai. Chega te tentar incriminar mais pessoas. Isso não vai fazer bem para você. – ele disse com um sorriso sarcástico, entregando que suas palavras são falsas. Então, ele deu falta de algum objeto que deveria estar em cima da mesinha.  – Você pegou meu celular.
                -Eu não! – ela respondeu.
                -Isso não foi uma pergunta. Eu sei que você pegou. Me devolva. – ele estendeu a mão para ela.
                 -Por que? Tem medo que saibam sobre as suas ligações com o Paul? – ela perguntou com um sorriso vitorioso.
                -Miley, eu já te falei que não há nenhum Paul Jonas no caso de seu pai. Eu preciso do meu celular. Ele tem informações importantes do meu trabalho! – ele começou a vociferar mais, perdendo a paciência com Miley. Ela ainda recuava alguns passos, fazendo questão de manter certa distancia do xerife.
                -Por que você não admite logo? – Miley levantou a voz.
                -Porque eu não sou idiota em admitir isso sabendo que você tem uma escuta. Você pensa que eu nasci ontem, é? – ele gritou irado.
                Miley percebeu que a partir de agora, ela teria que sair dali o mais rápido possível. Ela não perdeu tempo e correu até a porta de entrada. Obviamente estava trancada. Ela tentou correr em direção até a janela, mas os braços grandes do xerife conseguiram a agarrar a tempo. Miley sentiu seu coração bater freneticamente contra o seu peito, em alerta. Ela sabia que iria se dar mal.
                -Me solta! – ela gritava enquanto se debatia contra os braços de Holmes. – Me deixa em paz!
                -Onde está a escuta? – ele gritava também, se igualando ao tom de voz da garota. Ele a apertava mais forte cada vez que ela tentava se soltar. Miley não o respondeu, apenas continuou tentando lutar contra o corpo grade, em relação ao seu delicado corpo. – Me diga logo onde está a escuta – ele continuou gritando. A jogou brutalmente no sofá. Instintivamente, Miley se encolheu, em defesa diante da visão de um homem irado a sua frente. – antes que eu seja obrigado a arrancar toda a sua roupa para achá-lo. Você não vai querer isso, não é? – ele abaixou o seu tom de voz, mas ainda mantendo-a firme.
                Ainda assustada, Miley balançou a cabeça em negação. – Está no meu casaco. – ela disse se levantando para tirar o agasalho. – Aqui por dentro num bolso secreto.
                Holmes a ajudou a tirar o casaco. Miley aproveitou que o homem estava distraído procurando a escuta em seu casaco e correu até a cozinha, em busca da porta dos fundos. Ele  rapidamente correu até lá. Novamente, a porta estava trancada. Antes que ela fosse pega de novo, ela correu até as gavetas e tirou de lá uma faca de cozinha. Ela estendeu a faca em direção ao xerife. Ele levantou as mãos em rendição.
                -Você não faria isso comigo. Você não seria louca o suficiente de me atacar com essa faca. – ele disse confiante.
                -Por que você acha que não? – ela pergunta ainda a apontando o obejeto cortante para Holmes.
                -Você é muito inocente. Não teria coragem de fazer mal a uma mosca. – ele dizia se aproximando dela. – Agora deixa essa faca em cima da pia.
                -Não. Só se você me deixar ir embora com a minha escuta.
                -Eu nunca deixaria isso. Agora larga isso. – ele tomou coragem a avançou agilmente sobre a Miley. Mas conseguiu ser rápida o suficiente para fazer um corte superficial no braço do homem. Ele gritou de dor.
                -Sai de perto de mim! – ela gritou recuando ainda com a faca em suas mãos.
                Ele correu até ela e finalmente conseguiu arrancar a faca de sua mão. Mesmo com sangue escorrendo de seu corte não muito profundo, ele a carregou a força até o banheiro. Ela o arranhava e o batia em protesto pedindo para ser solta, porém em nenhum momento se arrependendo do que fez. Xerife Holmes pegou a chave do banheiro e a trancou lá dentro.
                -Me deixar sair! – ela gritava do lado de dentro batendo na porta. – Você acha que me trancando aqui vai mudar alguma coisa? Agora que você confirmou tudo, eu vou fazer da sua vida um inferno até você se entregar! – Miley berrava o máximo que podia.
                -E você acha que eu só vou te deixar presa aí? – ele respondeu do corredor enrolando a sua camisa no corte em seu braço. – Você nunca ouviu falar que quem brinca com fogo se queima?  - ele perguntou com um sorrisinho. – Você pode ser esperta, garota. Mas não mais do que eu.
                -O que você vai fazer? – perguntou Miley.
                Holmes não respondeu. Apenas pegou o seu celular e discou rapidamente um número já conhecido. Esperou por alguns segundos até ser atendido.
                -O que foi? – uma voz entediada soou do outro lado da linha.
                -A garota descobriu. – ele suspirou. – Você sabe que ela já estava desconfiada. A vadiazinha veio até aqui em casa, viu as suas ligações no meu celular e ainda trouxe uma escuta para cá. Ela tentou até fugir e me cortar com uma faca, mas consegui pegá-la e trancar dentro do banheiro. E agora? O que eu faço com ela? – ele perguntou nervoso.
Miley escutou tudo o que o xerife disse de dentro do banheiro. Ela sentiu um aperto em seu peito. Um homem que foi capaz de mandar matar seu próprio pai seria capaz de mandar fazer o que com ela? 
-Não acredito que essa garota fez isso! – Paul exclamou nervoso. – Que atrevida...  Mas não acho que você deve matá-la. Seria suspeito demais. Acho que devemos dar um tratamento de choque. Um susto, para ela saber com quem está lidando. Assim ela fica quieta de uma vez e que sirva de exemplo para mãe e para os irmãos.
-E o que você tem na cabeça? – Holmes perguntou.
-Algo que não há como te culpar. Nem me culpar... – Paul refletia do outro lado do telefone. – Algo que fizesse todo mundo acreditar que o que ela diz é uma mentira, coisas de sua imaginação. Ligue para o manicômio.
-Bem pensado, Jonas. – o xerife sorriu com a brilhante ideia. – Realmente vai ser um tratamento de choque, literalmente! – os dois riram com o trocadilho. – Ainda bem que minha esposa está viajando a trabalho. Imagina se ela encontra essa doida invadindo a nossa casa?
-É... Você teve sorte. Ainda mais por conseguir pegá-la há essa hora. Agora não nos deixe mais dependendo da sorte. Faça o seu trabalho direito! 
-Ok, deixa comigo. – ele desligou o telefone.
Miley escutou aflita o homem conversar no telefone. Milhares de possibilidades se passaram pela sua mente do que ele faria com ela. Torturas, os mais frios assassinatos, até apelação emocional usando um dos seus irmãos ou a sua mãe. Ela poderia esperar qualquer coisa a partir de agora.
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                Ela esperneava, gritava por socorro, tentava se debater contra os braços fortes de um enfermeiro, mas ninguém a acudia. Para Miley, essa era a pior sensação do mundo. Ela suplicava por ajuda, mas era como se ninguém a pudesse ouvir. Como se ela fosse nada. Nada além de uma pobre garota insana. Mais lágrimas banhavam seu rosto. Toda a rua acordou e a assistia ser trancada em uma ambulância de loucos.
                -Eu não sou louca! – Miley gritava chorando, enquanto ainda tentava se esquivar dos braços do enfermeiro. – Por favor... Não deixem me levar. – ela implorava para um casal que morava em frente ao xerife e estavam parado a assistindo toda essa cena do quintal.
                -Vai ser o melhor para você, querida. - a mulher falou com o coração apertado.
                -Desculpe, Miley. Mas foi preciso fazer isso. Para o seu próprio bem. – Holmes falou sinicamente enquanto o outro enfermeiro se oferecia gentilmente em fazer um curativo em seu corte.
                -Seu filho da - Miley foi interrompida pelo enfermeiro quando a colocou dentro da ambulância e fechou a porta, a trancando dentro do veículo.
                Dois minutos depois, a ambulância deu partida, correndo a toda velocidade e sinalizando com uma estridente sirene a sua passagem.
                -A coitadinha assistiu todo o assassinato do pai. Acho que isso a afetou muito. – contava fingidamente o xerife a história de Miley para a vizinha preocupada. – Ela disse que ouviu uma conversa estranha e cismou que um antigo colega de trabalho do pai foi mandante do crime. Eu mesmo investiguei o caso, e não era nada disso. Ela não se conformou e invadiu minha casa e até me atacou com uma faca de cozinha. Acho que ela até teve algumas alucinações aqui em casa, dizendo que eu estava conversando com o tal suspeito. Ela ainda está muito abalada. É de partir o coração.
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                Dois meses depois...
                Steve dirigia rapidamente até a casa de sua cunhada ainda atordoado. Faz poucos dias que descobriu que seu irmão mais velho foi assassinado. Ele estava em Califórnia resolvendo coisas com uma gangue. Estava tão ocupado e preocupado que nem se deu conta do telegrama e dos vários e-mails da Tish. Primeiramente ele pensou que fosse uma brincadeira, mas logo se deu conta que isso nunca se brinca. Ele apenas sabe uma parte da história, de um resumo confuso que Tish o mandou por e-mail. Que ele teve sérios problemas no trabalho semanas antes do crime, que foi assassinado na frente da Miley e que a sua sobrinha foi internada num hospital psiquiátrico. Ele ainda não acreditava não tinha descoberto, e muito menos entendia.
                Steve sempre foi a ovelha negra da família. Sempre metido em más companhias e gangues. A vergonha dos Cyrus. Mas Billy era o único que não o tinha abandonado. Sempre convidava para ir visitá-lo para passar um feriado e ver seus filhos como estão crescidos. Típico do Billy! Por mais que aprontasse, seu irmão sempre o amaria. É lógico que ele não se orgulhava do que Steve fazia, mas não tinha coragem de repudiá-lo e esquecê-lo, como se ele nunca fosse o seu irmão. Quem imaginaria que um homem como Billy seria tão friamente morto?
                Ele estacionou o carro rapidamente em frente à casa dos Cyrus e andou até a porta. Tocou a campainha apenas uma vez. Tish atendeu a porta e puxou seus lábios em um pequeno sorriso ao vê-lo, mas seus olhos ainda denunciavam que não havia nenhum motivo para sorrir. Ele abraçou calorosamente a sua cunhada, compartilhando a mesma dor do que a mulher.
                -Me desculpe não ter vindo esse tempo todo... Eu só tinha visto o seu telegrama há poucos dias. – ele disse quando se afastaram.
                -Eu entendo. Sem problemas. – ela respondeu. Tish deu um passo para trás dando passagem para Steve. – Entra. – e assim ele fez.
                Os dois se sentaram no sofá da sala de estar. Tish contou toda a história, detalhe por detalhe. Steve tinha o direito de pelo menos saber o que aconteceu com seu irmão. Ele não se conformou, como todos da família.
                -Só os mais íntimos sabem disso. Não posso espalhar essa história para todo mundo. Isso poderia botar a minha segurança e a dos meus filhos em jogo. Você sabe disso. Depois do que aconteceu com a minha Miles, eu não quero arriscar mais nada.
                Miles. A sua sobrinha tão querida. Seu coração se apertou ao lembrar dela.
                -Como ela está? – ele perguntou hesitante.
                -Ela levou alta há uma semana. Ela não está nada bem. – Tish comentou com uma voz falha e olhos marejados. Ela deu uma pausa e inspirou profundamente para evitar chorar de novo. – Eu sinto que a Miles que a gente conhecia foi embora junto com o Billy. Depois que ela voltou, não é mais a mesma. Sempre com um olhar distante, quase não fala mais com a gente... Aqueles desgraçados acabaram com a minha filha. – não aguentando mais segurar as insistentes lágrimas, Tish abaixou a cabeça e começou a chorar baixinho. Steve ainda atônito com toda essa louca história, a abraçou novamente. – Me desculpa. – Tish murmurou se afastando de Steve enquanto secava suas lágrimas.
                -Você não tem que se desculpar, Tish. – ele disse compreensivo. – Onde está a Miley? Eu quero conversar com ela.
                -Eu não sei. Ela saiu sem avisar. Talvez ela esteja visitando o túmulo de Billy. A maioria das vezes em que ela sai, é para lá. Também acho que você deve conversar com ela. Talvez você consiga a distrair mais um pouquinho. – ela abriu um pequeno sorriso.
                -Ta bom. Vou atrás dela agora. – ele se levantou do sofá. – Vou ficar na cidade por uns três dias. Se precisar de alguma coisa é só ligar, ok? – ele disse saindo da casa.
                Ela balançou a cabeça em afirmação enquanto abria a porta para a sua visita.
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Abraçando seus joelhos, Miley observava o vento carregar algumas folhas secas das árvores. Sentada sobre o túmulo de seu pai, ela apenas olhava o lugar quieto ao redor. Esse era o único lugar em que ela conseguia se sentir confortável. Ela sente que esse lugar é o único em que a pudesse acolher bem com seu silêncio permanente. Talvez ela sinta que uma parte da presença de seu pai ainda pairasse por ali. Então ela decidiu ir a esse lugar mais vezes, para pensar ou até mesmo para desabafar sozinha, ou com a tal presença de seu pai.
Ela não derramava mais nenhuma lágrima desde que chegou em casa. Seus olhos já estão cansados demais de chorar. Eles já derramaram muitas lágrimas desde a morte de Billy. E seu coração estava cansado demais para sentir. Tantos sentimentos ruins que a atormentaram ultimamente, que a única coisa que ela ainda faz questão de sentir é o ódio.
                Miley desistiu ir atrás de justiça. Já passou por humilhações demais para suportar mais alguma coisa. Todos ainda a olhavam estranho ou com pena, a vendo como uma garota problemática. Talvez até a própria mãe esteja começando a ver assim. Eles conseguiram o que queriam. Paul se vingou de meu pai e ainda saiu impune, conseguindo fazer todos se virarem contra ela, a única que teve coragem de enfrentá-lo.
                -Miles? – ela ouviu uma voz familiar ecoar no silencioso lugar. Miley olhou para trás e avistou seu tio Steve, caminhando até ela.
                -Oi, tio Steve. – ela cumprimentou friamente, apenas por educação.
                Ele sentou-se ao lado dela. E a analisou por um tempo. – Você já é praticamente uma mulher. Confesso que imaginei encontrar com uma garota baixinha e magrinha usando trancinhas nas laterais do cabelo. – ele comentou tentando quebrar o gelo, esperando pelo menos um sorriso.
                -É... Faz um tempo que a gente não se vê, não é?  - ela comentou séria.
                -Desculpa aparecer só agora. Eu soube há pouco tempo... Talvez se eu tivesse chegado meses antes, eu poderia ter te ajudado.
                -Ou talvez não.
                -Olha Miley, eu sei que eu não tenho muita moral para falar disso, mas eles ainda vão receber o que merecem de qualquer jeito.
                -Você acredita mesmo em mim? – perguntou levada pela curiosidade.
                -Claro que acredito! Eu sei muito bem do que esse tipo de gente é capaz. – ele disse convicto. – Essa história está muito estranha para ser só uma tentativa de roubo. Eu também não me conformo.
                De repente uma ideia brilhante a veio em mente. Ela olhou de uma forma mais diferente, talvez esperançosa.
                -Tio, se você pudesse de vingar de algum jeito, você faria? – perguntou.
                -Faria. Se eu tivesse algum jeito, sim. – ele respondeu automaticamente.
                -Eu já sabia. Sei o que você faz. – ela falou. – Você vive metido em gangues, não é?
                -Miley, isso não vem ao caso agora... – ele disse um pouco cauteloso.
                -Eu não estou te julgando, foi só uma pergunta.
                - É, esse tipo de coisa. – ele assentiu.
                -Você aceitaria trabalhar comigo? Me ajudar a acabar com a raça do Paul? – ela perguntou com um brilho nos olhos.
                -O que? – ele perguntou incrédulo. Será que sua sobrinha enlouqueceu mesmo de vez? Como ela pode querer trabalhar com esse tipo de coisa. – Olha Miles, isso não é uma coisa pra ser orgulhar. O que eu faço não é certo.
                -E daí? Já cansei de ser certa, de tentar concertar as coisas de forma justa. Olha o que me aconteceu. – ela falava firme. – Não existe “o bem vence o mal”. O mais forte consegue tudo. E eu quero ser a mais forte. – ela disse demonstrando toda a raiva que guardava no peito.
                -Miley, isso...
                -Não venha me dar lição de moral, falando que vingança não leva a nada. Eu sei que você lá no fundo também quer isso! – ela levantou a voz cortando a fala de seu tio. – Eu estou disposta a fazer qualquer coisa para conseguir me vingar do Paul. Podem levar dias, meses ou até anos, desde que eu consiga acabar com ele.
                Depois de muita insistência, Steve aceitou a proposta. Eles teriam que fazer vários golpes para conseguir experiência e dinheiro, para conseguirem fazer uma jogada de mestre contra o Paul Jonas. Inicialmente, Steve achou loucura levar sua sobrinha de dezesseis anos para entrar no mundo do crime. Mas sua sede de vingança e ganância gritavam mais alto do que sua consciência. Dois dias depois ela iria embora e começaria todos os seus planos com Steve.
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                Miley pegou sua pequena mala, que levava apenas o essencial. E desceu as escadas silenciosamente para ninguém escutar. Eram três horas da manhã. Era o melhor horário para ir embora. Assim ninguém saberia, não haveria despedidas, não haveria escândalos de mãe, não haveria drama. Pegou a carta que tinha acabado de escrever do bolso e deixou em cima da mesa. Ela precisava dar uma explicação a sua mãe. Ela sabe que Tish ficaria desesperada, mas tentou não pensar nisso. Ela vai ficar bem, pensou Miley se livrando da culpa. Deu a sua mala para Steve que rapidamente a guardou no porta-malas. Entrou no carro e esperou seu tio dar a partida.
                Carta:
                “Mãe,
Essa carta eu escrevi para te avisar que eu decidi ir embora com tio Steve. Desculpa se eu saí desse jeito, sem avisar ninguém. Mas sei que você não aceitaria de jeito nenhum eu começar uma vida nova com um tio que é criminoso. Pode parecer loucura, mas nada é mais louco do que tudo que passamos nesses meses.
E se você estiver se perguntando se eu fui embora para me vingar do Paul, a resposta é sim. Ainda vou resolver tudo isso. Custe o que custar. Acho que não suportaria mais ficar aqui em Nashville sendo taxada como uma doida. Ainda mais sobre a vigilância de xerife Holmes. Eu preciso vingar não só o papai, mas a mim mesma. Por tudo que eles me fizeram passar. Acredite, ir embora vai ser o melhor para mim.
Por favor, não procure por mim. Ninguém deve saber que fui embora com tio Steve por causa de um acerto de contas. Se perguntarem por mim, diga que me internou numa clínica melhor, e que eu ficarei lá por tempo indeterminado. Com certeza todo mundo acreditaria nisso.
Você sabe muito bom que ir atrás de mim não vai mudar nada. Eu continuaria com o mesmo pensamento e tentaria fugir de novo. Eu vou ficar bem. Quando puder eu te mando algumas cartas ou e-mails.
Te amo,
                Miles”

Selinho - Jaqueline Jonas Cyrus e Amy Jonas


Oi gente!!! :D Aqui estou eu de novo!!!! Bom, quero agradecer as fofas da Jaque e a Amy pelos selinhos. Muito obrigada, lindas!!!!!

Então aqui vão os meus selinhos:

-My Dilemma/ Locked out for Heaven 
-Herdeiros da Máfia
-Last Song
-Eu odeio a Miley Cyrus 


segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Trailer de Thief of Hearts

Oi gente! Desculpa se alguém pensou que fosse capítulo novo kkkk (vou postá-lo ainda essa semana, fiquem tranquilas). Mas eu tinha esquecido de postar o trailer da fic que fizeram para mim

Algumas pessoas já devem ter visto, mas acho que as leitoras novas ainda não, então... ENJOY! =D


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Capítulo 19 - Stop keeping this secret!


Oi gente! Aqui estou eu de novo :D Espero que gostem desse capítulo. Eu sei que ele não é nada demais, mas peço paciência, pois as melhores cenas ainda estão por vir. E para quem está curioso sobre o passado da Miley, esperem por mais um capítulo! O capítulo 20 inteiro será de flashbacks. Quem estiver lendo, comentem, por favor. Mesmo se não estiver gostando. Quem sabe com uma sugestão sua eu possa deixar a história mais legal? 

Gente, não deixem de seguir meu mais novo blog e da Lívia: O Marido de uma estrela

Beijos para vocês, meus cupcakes! 

Miley Narrando


Meus olhos se abriram em urgência. Levantei meu tronco rapidamente, me sentando no colchão macio. Enchi meus pulmões com o máximo de ar que pude, me preparando para um grito. Olhei para o espaço em volta e apenas encontrei o meu quarto. Do jeito que eu deixei ontem à noite, apenas com a iluminação natural diferenciando o ambiente. Puxei mais um pouco de ar, mas dessa vez suave e profundamente, tentando diminuir as batidas aceleradas do meu coração. Mais um pesadelo. Isso está ficando cada vez mais comum ultimamente... E já está me deixando exausta. Quando isso vai parar?

Algumas batidas na minha porta me fizeram acordar de meus devaneios.

-Pode entrar. -falei enquanto prendia meus cabelos revoltos em um coque.

A porta foi aberta e um Chad sorridente adentrou o meu quarto.

-Bom dia! – ele falou.

-Bom dia. – respondi estranhando tanta simpatia assim. Logo, lembrei do nosso combinado. Com certeza deve ser por causa disso. – Você conseguiu? – perguntei esperançosa.

Ele balançou a cabeça em afirmação. – Ele acreditou direitinho! Consegui combinar um encontro no lugar onde você queria.

Eu e o Chad estávamos tramando uma armadilha para o Xerife Holmes. Combinamos de fazer uma ligação de um falso empresário querendo uma “ajudinha” dele. Dizendo que conhecia a sua fama por ser um quebra-galho dos poderosos. E se for aceito, marcaríamos um encontro num lugar pouco movimentado para ninguém descobrir a falsa parceria com o empresário. Sim, ele é um policial corrupto. Faz qualquer coisa para ganhar uma boa quantia de dinheiro. Então pensei em jogar sua própria ambição contra ele.

Essa armadilha é apenas um plano meu e do Chad. Fizemos questão de esconder do Nicholas e principalmente do Steve. Se o meu tio descobrisse, ele não ficaria nem um pouco feliz. Como eu já o conheço, ele falaria que poderia nos expor e botar ainda mais a nossa missão em risco. Mas todos nós sabemos que ele não manda em mim. Então para evitar discussões antes da hora, resolvemos não contar nada para ele.

                -Ótimo! – comentei abrindo um sorriso. – Que horas vocês marcaram?
                -Daqui a pouco. Um pouco antes do horário de almoço. – respondeu sentando-se ao meu lado. – Tem certeza que quer fazer isso? – perguntou um pouco hesitante. – Você sabe...  Ele é um policial. É um tanto arriscado tentar armar alguma coisa para ele.
                -Eu vou ficar bem. – respondi confiante. – Eu sei que não é só com isso que você está preocupado. Mas eu já fiz tantos golpes, tantos crimes... Isso vai ser a mesma coisa.
                Ele suspirou. – Então tá. – se levantou. – Se arruma logo para depois tomar café. Nós não podemos nos atrasar, né? – ele sorriu e eu retribui. Chad saiu e fechou a porta atrás de si.
                O Chad é mais do que um parceiro de crime para mim. Não sei... Um amigo, talvez. Ele nos acompanha por tanto tempo... Ele é alguém que eu possa considerar, sem medo, uma pessoa confiável. E eu sabia que ele seria o único que aceitaria fazer um favor para mim indo contra as regras do Steve, que se acha o chefe de todos. Chad sabe muito bem o quanto que eu preciso fazer isso.
                Horas depois...
                Dirigindo o carro do Steve, Chad nos levou até o local de encontro, um caminho para um mirante deserto. Ninguém viria aqui de dia. Não chegamos até o topo. Ele apenas estacionou na estrada que era cercada de árvores. Esperamos alguns minutos ali, até que uma bicape prateada parou ao lado do nosso carro. Como esperado, o xerife desceu do seu carro e chamou o Chad para descer do seu para conversar também. Me abaixei  para não ser vista e por sorte, deu certo.
                Respirei fundo, tentando acabar com qualquer resquício de nervosismo e ignorar meu coração batendo fortemente contra o meu peito.  Eles fizeram um cumprimento de mãos e logo, seguiram mais a frente, para o mirante. Saí do carro e segui os dois até o topo.  Quando o xerife sentiu minha presença, virou-se para a minha direção e automaticamente me reconheceu.
                -Miley? – ele perguntou incrédulo, como se estivesse visto uma assombração. Voltou seu olhar para o Chad, um pouco confuso. Porém, pela sua expressão ele logo entendeu do que se tratava, mas se recusava a acreditar. – Por onde você esteve esse tempo todo? Eu pensei que você ainda estivesse...
                -As pessoas se enganam, senhor Holmes. – respondi com um pequeno sorriso no rosto. – Eu estive por aí me preparando para um acerto de contas. Nada demais. – dei de ombros enquanto me aproximava do policial.
                Ele tentou ir em direção ao seu carro, mas eu estava na sua frente e o impedi que escapasse.
                -Chad. – só abastou apenas um acenar de cabeça para o meu parceiro entender e paralisar os braços do xerife rapidamente.
                -Me larga! Me larga! O que você quer? – protestou o homem a minha frente.
                -Eu só quero matar saudades que eu tenho do senhor. Faz tanto tempo, não é? – respondi sarcástica enquanto eu procurava por alguma escuta ou coisa do tipo, mas nada foi encontrado além do seu revolver na altura do cós da sua calça, que foi logo retirado por mim e jogado para o mato, e a sua carteira. – Pode soltar agora. – eu disse para o Chad, que logo me obedeceu.
                -Como você soube que eu estive aqui em Los Angeles? – perguntou para mim desamassando sua roupa.
                -Você não é o único que tem intimidade com a família Jonas. – eu cruzei os braços com um sorriso vitorioso no rosto.
                -Garota, o que você esteve aprontando?
                -Eu já disse! Estou me preparando para um acerto de contas. Aliás, um deles eu já vou resolver aqui mesmo com você. – falei confiante. O desespero no seu olhar me dava ainda mais satisfação. Pela primeira vez, senti o delicioso gostinho de vingança. – E depois eu me resolvo com o Paul.
                O xerife desceu o seu olhar até um volume na altura do cós da minha calça. Tirei a arma de lá e exibi para o xerife.
                -Olha o que temos aqui! – eu disse observando o revolver em minha mão.
                -Você não tem noção do que faz, não é? Se você me matar só vai sobrar para você. – ele advertiu menos nervoso do que antes.
                -Não me importo. Já me envolvi em problemas demais. Mais um não vai me fazer diferença... Ou talvez faça para melhor. Me livrando de você, eu estarei tirando mais um filho da puta no mundo.
                O xerife soltou um pequeno riso debochado, balançando levemente a cabeça em desaprovação. Não entendi qual era a graça numa situação dessas. Apertei mais o revolver envolta de meus dedos.
                -Qual é a graça? – perguntei impaciente.
                -Você. – ele levantou seu olhar de volta para mim. – achando que pode ser uma justiceira se me assassinar. Isso não vai mudar nada, garota. E você sabe muito bem disso.
                -Mentiroso.
                -Mentiroso? Olha só para você! – ele apontou para mim. – Está agindo feita uma maníaca, ainda acha que vai conseguir mudar algo para melhor. Mas por dentro continua a mesma garotinha patética e inútil.
                O prazer em ver a minha vingança se aproximar foi tomado pela raiva e pelas humilhantes lembranças que me vinham à cabeça.  Forcei ainda mais o meu maxilar. Semicerrei meus olhos em não conseguindo disfarçar a ira em ouvir ele falando tais ousadias assim para mim.
                -Você acha que isso vai me impedir de te matar? – atirei em sua coxa. Ele gritou de dor e caiu sentado no chão. Atirei de novo na sua barriga. Ele não merecia uma morte rápida. Se eu tenho a oportunidade pelo menos nesses poucos minutos, eu quero fazer questão de provocá-lo dor. Me aproximei mais e apoiei um dos meus pés sobre seu peito, o empurrando para o chão.
                -E você acha que isso vai impedir tudo o que aconteceu?- ele continuou analisando meu rosto – Você pode estar se sentindo poderosa com essa arma na mão, mas eu ainda tenho pena de você. Ainda vejo a fragilidade em você.- ele abriu um pequeno sorriso debochado.  – Lembro até hoje de você chorando e gritando feito uma louca...
                A última frase me deixou possessa de raiva e chutei com força o seu abdômen. Ele gemeu de dor.
                -Cala a boca, seu infeliz! – gritei.
                -Miley, acho melhor acabar logo com isso... – Chad me interferiu. – Os tiros podem chamar atenção. Precisamos ir logo!
                Não respondi o Chad, apenas voltei para o homem ensanguentado e caído no chão.
                -Queime no inferno, seu desgraçado! – falei um pouco antes de atirar mais uma vez em sua cabeça.
Cuspi sobre o corpo inerte, demonstrando todo o meu nojo. Nem na hora de sua morte ele consegue ser menos desagradável. Mais minha raiva cresceu por ele me fazer lembrar de tudo o que passei. Lembranças dolorosas que me assombram em pesadelos até hoje. Ele fez questão de jogar na minha cara tudo isso nos seus últimos momentos de vida.
-Miley, vamos logo embora. – Chad me puxava em direção ao carro.
Nicholas Narrando
Toquei a campainha apenas uma vez. Foi o suficiente para ser rapidamente atendido. Steve abriu a porta e me deu passagem para entrar. 

Hoje mais cedo, eu recebi uma ligação dele me chamando para mais uma reunião. Ele quer minha ajuda para conseguir acesso, como herdeiro, a todas as contas da empresa possíveis. E só eu conseguiria isso sem levantar suspeitas. Com certeza, eu não gosto nem um pouco de ajudar esses criminosos, mas confesso que já estou me acostumando com isso. E não considero um bom sinal. Não se acostuma em ajudar em um golpe contra seu próprio pai.

-Senta aí. - pediu ele apontando para o sofá.

Olhei em volta e me dei falta de mais presenças na casa. -Onde está o resto?

-Richard e Pablo moram em outro apartamento separados de nós.

-E o Chad e a Miley?

-Eu não sei... Eu até pensei que eles estivessem com você. Os dois saíram com o meu carro, sem nem mesmo me avisar.

Não sei por que, mas não gostei do que ouvi. Sei que é idiotice sentir ciúmes dela, mas é uma coisa que não dá para controlar quando se ouve que ela e mais um cara saem sozinhos sem dar satisfação pra ninguém. Se eles não consultaram o chefe da gangue, quer dizer que não é nada sobre a missão. Sacudi a cabeça tentando espantar de meus devaneios. Não quero esquentar a cabeça me preocupando com ela. Juro que estou tentando esquecê-la, mas não é nada fácil.

-Então, o que você quer falar comigo?-perguntei mudando de assunto.

-Será que dá ainda essa semana para conseguir a conta da empresa? Sei lá, conversa com seu pai... -o Steve foi interrompido por um ranger da porta de entrada. Miley e Chad chegaram.

Os dois adentraram a casa calados. Ainda mais a Miley que estava com um olhar distante e o rosto um pouco abatido. Isso foi um pouco estranho. Entreolhei-me com o Steve, com a mesma curiosidade.

-Onde vocês estavam? -Steve pronunciou.

Então finalmente a atenção dos dois a nossa frente se direcionou a nós. Pela sua expressão, Miley se surpreendeu com a minha presença aqui.

-O que o Nicholas está fazendo aqui? – perguntou Miley confusa.

-Ele veio para resolver comigo coisas sobre a nossa missão, coisa que vocês também deveriam estar fazendo. – respondeu o seu tio, ríspido.

-Não enche, Steve. – ela rolou os olhos, entediada.

-Vocês ainda não responderam a pergunta dele.  – eu falei cruzando os braços, encarando os dois. – Onde vocês estavam? – não pude resistir à curiosidade. Aquilo estava me deixando aflito. Se eles tiverem mesmo alguma coisa, é melhor que eu descubra logo.

-Por acaso isso é da sua conta? – ela respondeu já se irritando.

-Não é da dele, mas é da minha. Então falem logo! – Steve a interrompeu. Miley bufou, sabendo que não poderia ficar escondendo por muito tempo do seu tio.

-Nós nos encontramos com o xerife Holmes. – respondeu Chad, o único que se encontrava calmo entre nós. Eu só aparentava. Eu estava tentando segurar a minha raiva e não fazer papel de idiota. Mas diante das palavras do Chad, suspirei discretamente aliviado.

-Como assim vocês se encontraram com ele? – perguntou Steve incrédulo, arregalando levemente os olhos.

-Eu o matei. – Miley disse firmemente. O que? Ela matou o xerife? Como ela consegue falar com tanta naturalidade? E por que ela fez uma coisa dessas?

-VOCÊ FEZ O QUE? – me manifestei totalmente perplexo com o que acabei de ouvir. Ele não me parecia uma má pessoa. Eu não quero nem imaginar se descobrirem tudo. Aposto que me acusariam de participar disso como cúmplice.

Eu soube que ela já fez esse tipo de coisa com pessoas que sejam alguma ameaça para os seus planos, mas nunca conheci nenhuma de suas vítimas e muito menos tive uma confirmação concreta disso. Se eu não soubesse o que ela realmente é, eu juro que correria. Correria o mais distante possível dela. Mas eu já sabia muito bem do que Miley é capaz. Eu só não compreendia a necessidade de tal atrocidade.

-Você perdeu a cabeça? – Steve perguntou exaltado. Miley simplesmente continuou com a mesma expressão, inatingível à minha indignação ou a raiva de seu tio. Ela apenas cruzou os braços impaciente de ouvir mais sermões do homem mais velho. – O nosso objetivo não era fazer nada com esse cara. Você nunca imaginou que o que você acabou de fazer pode arruinar a nossa missão? – ele começou a levantar ainda mais a voz. – Foi um risco inútil!

-Um risco inútil? – ela repetiu contrariada. – Inútil para você! – ela apontou para ele. – Aquele infeliz e o Paul acabaram com a minha vida, tudo que eu queria era dar o troco. E você agora vem falar para mim que foi um risco inútil? Me desculpa, mas eu estou preocupada com muita coisa além da sua sonhada fortuna!

Finalmente ela confirmou as minhas suspeitas. Desde aquele dia eu passei a desconfiar que o meu pai também estava envolvido nessa história do xerife com a Miley.
                                                                                                                                                                            
-Como assim eles acabaram com a sua vida? – eu perguntei. – Miley, o que meu pai fez?
Miley puxou o ar para me responder, mas então se tocou que havia falado coisa que não deveria na minha frente. Ela me analisou por alguns segundos, suspirou e balançou negativamente a cabeça.

-Nada. – sua voz saiu um pouco falha.

-Como assim nada? Você acabou de falar que ele e o xerife Holmes acabaram com a sua vida. Eu preciso saber o que aconteceu com vocês no passado! – eu insisti. Pude notar que o Chad e o Steve continuaram em silêncio, mas com expressões um pouco decepcionados. Como se isso fosse um assunto para nunca ser tocado. Pelo menos não por mim.

-Nada importante para você, Nicholas. – ela respondeu e me deu as costas. Um pouco alterada, Miley subiu correndo as escadas e bateu fortemente a porta do seu quarto. Chad e Steve não fizeram questão de chamá-la de volta ou muito menos correr atrás delas. O mais velho passou os dedos entre seus cabelos, um pouco nervoso e bufou. O ambiente estava pesado demais para respirar.

-Então, onde estávamos? – perguntou Steve tentando mudar de assunto.

-Por que ela matou Holmes? – eu ignorei sua pergunta e questionei sobre o que estava me incomodando.

-Ah, eles não se davam muito bem... – ele deu de ombros.

-É... Eu vou dar uma saída. – Chad quebrou seu silêncio. – Beber um pouco. Aqui não está com ar muito bom hoje.

-Eu vou também. – disse no mesmo instante, me levantando e indo até a saída acompanhado pelo Chad.

-Mas e o nosso combinado? – perguntou Steve.

-Eu já entendi o que você quer, não preciso ficar aqui conversando com você. – eu disse cortante. Eu estava com raiva dele por também insistir em esconder o que eu tanto quero saber. Antes que ele respondesse mais alguma coisa fechei a porta atrás de mim.

Conviver que pessoas como eles é muito complicado. Quase sempre é algum desconforto, alguma confusão. Eles me forçam a trabalhar para eles, mas fazem questão de esconder coisas relacionadas à minha família. Além do mais, mesmo com a frieza do jeito que a Miley anunciou que tinha assassinado Holmes, eu pude sentir melancolia nos seus olhos. De alguma forma isso fez meu coração se comprimir em meu peito.

                Fui junto com o Chad para um tipo de pub ali por perto. Na verdade, o meu objetivo é arrancar alguma coisa dele. Não sei, ele é mais eclético. Talvez não sinta tanta hesitação em me conta a verdadeira história entre meu pai e a Miley. Nos sentamos em frente ao balcão e pedimos nossas bebidas. Ele me analisou desconfiado.

-O que você quer? – ele perguntou.

-O que? – me fiz desentendido.

-É claro que você nunca viria para beber comigo. Você quer saber sobre essa confusão toda, né?

Suspirei derrotado e afirmei com a cabeça. Ele tomou um gole do seu pedido e balançou a cabeça em desaprovação.

-Por favor. – eu quebrei o silêncio entre nós. – De alguma forma, eu também estou envolvido nisso. Eu preciso saber o motivo de toda essa confusão na minha vida. Vamos, Chad! Se coloque no meu lugar. – eu insisti.

Ele me olhou de cima a baixo de novo, com uma expressão impassível. – Você está proibido de tocar nesse assunto de novo perto dela. Ninguém pode imaginar que eu te contei isso. – ele falou firme apontando o dedo indicador para mim.

                -Minha boca é um túmulo.

                -É melhor se preparar porque essa história não é nada curta...