quinta-feira, 25 de agosto de 2016

2ª temporada: Capítulo 15 - Los Angeles (parte 2)

Miley Narrando
               
                Coloquei minha blusa simples de algodão de frente ao espelho e vesti minha inseparável calça jeans e coloquei uma jaqueta marrom escura. Coloquei meus sapatos e me olhei no espelho e notei que o meu visual não está lá entre os meus melhores dias, mas é suficiente para sair na rua sem chamar atenção. Já chega de ficar em casa esperando o tempo passar aguardando Nick chegar ou esperar que as coisas se resolvam sozinhas. Ainda tem alguém por aí metido com a máfia que sabe demais sobre mim e que estava interessado a se infiltrar na minha vida. Eu preciso saber quais são os interesses dessa pessoa e quem é o desgraçado que está por trás disso.
                Nick não está por perto? Ótimo, assim é bom para ele não estar por perto e se meter em perigo por minha causa. Mais um motivo para eu mexer os pauzinhos o mais rápido que eu puder. Chad está aqui em casa e como ele já é preparado, posso ter uma ajuda a mais. 
                Desci as escadas sentindo um cheiro bom de café da manhã e pude avistar Chad na cozinha preparando alguma coisa pra gente.
                -Bom dia! – eu disse enquanto entrava na cozinha. – E eu pensando que tinha acordado cedo hoje. Me esqueci do seu hábito. – não importava o dia, ele sempre acordava mais cedo do que todos na casa.
                -Bom dia. - Chad puxou os lábios em um sorriso. – E você? Acabou de acordar e já está vestida para sair? – perguntou tirando os olhos das panquecas que terminava de preparar para checar o meu visual.
                -Não estou arrumada. – eu comentei.
                -Não disse que está arrumada. Perguntei se está vestida pra sair. É diferente. – ele voltou a atenção para frigideira.
                -Uau, obrigada. – eu respondi sarcástica. Me sentei à bancada, de frente para ele. Chad serviu os dois pratos que estavam na bancada com panquecas.  –Vou procurar pistas do Petrova, quero falar com ele ou com um dos homens dele pessoalmente. – eu disse, tirando um pedaço da massa quentinha e comi rapidamente. –Hum... Está muito bom! Você precisa vir aqui mais vezes para fazer panquecas pra mim. – comentei distraída com a comida.
                Então notei que Chad me encarava sério, com a cara como se não tivesse gostado de ouvir o que eu acabei de falar.
                -O que foi? – perguntei confusa.
                -Eu vim pra cá justamente para garantir que fique segura e que não fique sozinha caso tentem alguma coisa. Aí você me diz que vai agora procurar Petrova para ter uma conversinha pessoalmente com ele? Miley, o que você tem na cabeça? – ele colocou a frigideira de volta no lugar e apoiou as mãos na bancada, olhando de frente pra mim.
                Parece que essa coisa de super proteção comigo deve ser contagiosa, não é possível! Primeiro o Nick, agora Chandler?
                -Um ano. Um ano sem me envolver com qualquer tipo de golpe ou missão e você acha que esse tempo já é o suficiente para eu me tornar uma garota ingênua e indefesa.  Qual é, Chad! O que você quer que eu faça? Que fique aqui, trancada nessa casa, esperando mais alguém a mando dele nos vigiar, chantagear via sms, ou sei lá mais o que ele planeja? Pra gente resolver esse problema logo, eu preciso saber qual é o motivo disso tudo. Preciso saber quem é que está pedindo favores para um mafioso como Petrova estar disposto a se meter na minha vida e do Nick. – eu olhei igualmente séria nos seus olhos. – Se você não concorda comigo, tudo bem. Mas eu vou de qualquer jeito.
                Ele parecia realmente sem paciência comigo, enquanto me encarava irritado. Suspirou pesadamente. – Já que você insiste tanto, então eu vou com você. Pelo menos vai ter alguém por perto. – sorri satisfeita com a persuasão.
                Terminamos o café-da-manhã e Chad se aprontou rapidamente para sairmos de casa. O plano é primeiro tentar rondar nos bairros mais perigosos para tentar conseguir informações de onde conseguir um contato com alguém que trabalhe para o Petrova. O resto eu pensaria depois.  Fomos no carro do Chad justamente para não reconhecerem o carro do Nick e tentar nos perseguir ou espionar.
Chegamos à parte mais barra pesada daquela cidadezinha e encontrei alguns caras na calçada da rua de algumas casas ou antigas lojas agora abandonadas. Eles devem ser fornecedores de alguém. Pedi para Chad parar ali por perto e logo saltei do carro, caminhando sua direção.
-Hey, você!  – eu chamei um deles.
-E aí? A linda aqui quer uma coisa boa? – ele perguntou com um sorriso malicioso, me checando de cima a baixo. –Chegou nova leva de êxtase e está fazendo sucesso. Nosso fornecedor conseguiu uma ainda mais pura. Quer?
-Não, não é por isso que eu vim aqui. Quer dizer, não quero comprar drogas. Mas quero conversar sobre o seu fornecedor. – eu disse cruzando os braços e logo senti a presença do Chad se aproximar ao meu lado. –Vocês trabalham pro Petrova, não é?
O rapaz logo fechou a cara e mudou totalmente o modo em que me olhava. Fitou Chad da mesma forma e deu um passo pra trás. Ele estava desconfiado de nós.  Antes que ele pudesse puxar uma arma ou talvez fugir, me antecipei.
-Eu não sou policial. – eu rolei os olhos. -Nem eu, nem ele. – eu apontei para o Chad ao meu lado. –Viemos aqui em paz. Só quero saber como eu posso conversar diretamente com Petrova. Preciso falar com ele sobre algumas coisas importantes.
-Pode dizer que eu passo o recado. – ele continua desconfiado. O seu companheiro que estava mais distante foi se aproximando de nós.  
-É um assunto complicado, preciso conversar com ele pessoalmente. – eu respondi. – Um acordo.
-Acordo de que? – o outro perguntou.
-Digamos que ele fez uma coisa que eu não gostei e ele tem o mesmo sentimento sobre mim. Só quero acertar as coisas com uma boa quantidade de dinheiro. Mas antes eu preciso ter uma conversa com ele e com o amigo dele. – eu joguei a palavra “amigo” no ar para eu ver se eles diziam algum nome. – Vocês sabem como eu posso entrar em contato com um dos dois?
-Amigo... – um deles disse, um pouco confuso. – Bom, o amigo dele que você deve estar falando, nenhum de nós temos muito contato. É mais fácil você falar com o senhor Petrova.  – droga, bando de imprestáveis. Eu suspirei irritada e cruzei os braços.
-E então? Será que eu não posso marcar um ponto de encontro com o chefe de vocês?
O outro que tinha se aproximado há pouco tempo ainda nos encarava com desconfiança.
-Qual é a garantia que temos que você é confiável? – ele perguntou.
-Vocês não precisam de garantia nenhuma. Quem tem que garantir alguma coisa é o seu chefe. – respondi impaciente. – Por que vocês não ligam pra ele? – os dois se encararam, com duvida se deveriam perturbar o Petrova. -Com certeza o que eu tenho pra dizer é de interesse dele.
Um deles desistiu com a desconfiança e pegou o seu celular do bolso e passou a digitar o número.  Chad me puxou um pouco mais pra longe deles.
-O que você está pretendendo fazer, Miley? – ele perguntou baixo, com tom de preocupação.
-Por enquanto, eu não sei. Só estou tentando arrumar um jeito de descobrir o motivo dessa palhaçada toda. – eu respondi no mesmo tom de voz. – O que vier está bom. Só preciso de respostas.
 -É, Miley. Mas se o que vier é um tiro no meio da testa, hein? – ele retrucou irritado.
-Isso não vai acontecer. E para de ser pessimista!
Me soltei dele e voltei a me aproximar dos dois caras. Um deles já estava falando ao telefone, provavelmente explicando a situação para Petrova e dando bons motivos para perturbar o seu chefe por telefone.
- Sim, ela tem sotaque americano... –ele respondeu a perguntas do outro lado da linha. Ele balançava a cabeça conforme ouvia instruções do mafioso e encarava cada movimento meu, como se eu fosse uma grande ameaça.
Esperei ansiosa o momento dele entregar o celular para mim, até que esse momento chegou. Coloquei o aparelho rente a minha orelha.
-Alô? Petrova?
-Miley Cyrus. –ele pronunciou cada silaba do meu nome com reprovação. –Por que será que eu não estou surpreso em reconhecer sua voz?
-Talvez porque os seus capangas já deram dicas obvias pra você? – respondi sarcástica.
-Posso saber o motivo de você estar se metendo com os meus homens aí? O que você quer tanto falar comigo?
-Bom, dessa vez quem está cheia de perguntas sou eu. Na verdade, não quero só respostas para minhas perguntas. Quero fazer um acordo.
Ele soltou uma risada do outro lado da linha. – Um acordo? O que você me propõe?
-Primeiro, respostas. Depois um possível acordo. Quero saber quem está pedindo favores para você e o porquê disso. Eu me entendo com essa pessoa misteriosa e faço um acordo com você. Te dou uma quantia bem generosa de dinheiro, em troca, você não se mete mais nisso.
-Você acha mesmo que eu sou um mercenário barato, Cyrus?
-Barato, não. Mercenário, talvez. Todos nós somos um pouco. Me diga o quanto está ganhando com esse favor que eu te dou mais.
-É uma proposta tentadora, Miley... – ele prolongou um breve silêncio e não pude conter um sorriso de satisfação.
-Mas não. Você já foi muito atrevida em matar um dos meus, me provocou, me desafiou. Você acha que eu vou me esquecer disso? Além do mais, eu já sei da sua fama de golpista. Você não é confiável. As suas manipulações não funcionam comigo, Miley.
-Como você sabe essas coisas sobre mim?  - eu levantei a voz, sem conseguir controlar o meu nervosismo.
- Digamos que alguém que te conhece o suficiente, já me deixou muito bem informado sobre você.
-O nome! Eu quero o nome! – gritei.
Eu o ouvir rir debochado, se divertindo com a minha ira. –Acho melhor você guardar um pouco do seu nervosismo. Muitas emoções ainda hão de vir, bella.
Sem paciência pros seus joguinhos psicológicos, joguei o celular contra o chão de concreto, que na mesma hora não resistiu ao impacto e quebrou. Os homens que me observavam tendo um ataque de fúria, pegaram as suas armas, se preparando para me expulsar dali. Chad, rapidamente em minha defesa, pegou a sua arma e apontou para eles.  Eu busquei a minha clock que estava no cós da minha calça, coberta pela jaqueta, e mirei a arma para os dois.
-Foi você quem matou o Bruno, não foi? – um deles perguntou, sem me tirar da mira da sua arma.
-Sim, fui eu. E vocês vão ser os próximos se não abaixarem essas armas agora.
-Nos deixem ir embora e ninguém sai ferido daqui. – Chad achou melhor intervir. –Nós só queríamos falar com o Petrova. Ela já falou. Pronto. Nós deixamos vocês com as suas vendas aí e vocês nos deixam ir embora.
-Ela é uma ameaça. –um deles apontou pra mim com a própria arma.
Eu destravei a arma em minhas mãos, pronta para atirar certeiramente na cabeça de um deles. Petrova merecia mais um pouco de provocação.
-Miley, nem pense! – Chad me repreendeu.
-Se você atirar, eu juro que você e seu amigo morrem. – o outro avisou.
                 -Pelo que sei, o chefe de vocês não mandou atirarem em mim. Mandou, por acaso?
                -Não. – o outro respondeu contrariado.
                -Isso mesmo, ele me quer viva. Ainda não sei pra que, mas ele quer. Então abaixem essas armas, que nós abaixamos as nossas.
                Ficamos praticamente um minuto observando uns aos outros, a espera de quem abaixava a guarda primeiro.  Até que um deles cedeu aos poucos e todos nós fomos nos distanciando e abaixando as armas.
                -Vamos logo embora daqui, Miley. Chega de confusão. – Chad disse entrando no carro.  Eu ainda encarava os homens que me não tiravam os olhos de mim. – Vamos, Miley. – Chad gritou, sem mais nenhuma paciência comigo.
                Eu entrei no carro e rapidamente Chad ligou o motor e arrancou o seu carro pra longe dali. Pude ver pelos seus dedos que as suas mãos apertavam o volante com força. Ficamos uns dois minutos em silêncio.  – Não era a toa que Steve pirava de raiva com você, sabia? Às vezes a sua teimosia ultrapassa todos os limites.
                -O que você quer que eu faça? – perguntei ainda tensa. – Fique sentada esperando as coisas acontecerem?
                -Eu quero que você controle a sua impulsividade! - continuou a falar alto - Você é mais inteligente do que isso. Você acha mesmo que ia conseguir alguma coisa indo ali e provocando esse mafioso e os homens dele?
                -Será que dá pra parar de falar desse jeito comigo?
                -Eu to falando desse jeito porque eu me importo com você! Provocar esse cara sem saber quais cartas que ele tem na manga só vai te colocar ainda mais na mira dele. Você não vê isso? Você não sabe os tipos de atrocidades que essas máfias fazem com quem enfrenta eles desse jeito?
                -Eu não tenho mais outra solução. – eu admiti.
                -Entra no jogo deles. Deixa eles pensarem que estão no controle. Enquanto isso observe os passos deles e as suas fraquezas. Depois você arruma um jeito de atacar. Era assim as suas estratégias de golpes, não se lembra? – ele tirou os olhos do transito e olhou pra mim. Percebi que o clima não estava mais tão tenso assim quando vi um sorriso se formar no seu rosto. – Acho que um ano te deixou um pouco enferrujada.
                Eu ri baixo e balancei a cabeça.
                -Eu não estou enferrujada, ok?
                -Claro que está! - ele continuou a sorrir e apoiou a sua mão na minha perna de forma carinhosa. – A única coisa que você não enferrujou é essa sua atitude toda.
                -Bom, acho que vou ter de desenferrujar, então.  E logo!
                -Por favor, Miley. Vamos passar uma semana tranquila, ok? Nick me deixou de babá e não quero que você me dê dores de cabeça. – ele disse com os olhos no trânsito, cheio de deboche. Eu dei um tapa no seu braço. – Ei, estou dirigindo!  

Dias depois, em Los Angeles ...
Nick Narrando
                Acordei preguiçosamente quando me dei conta já tinha dormido demais. Com certeza já era bem tarde.  Meu braço caiu para o lado para abraçar a cintura de Miley e acordá-la com um sussurro de bom dia, como eu quase sempre faço quando ela dormia demais.  Mas a cama estava vazia. Abri os olhos e me finalmente me dei conta que eu ainda estava em Los Angeles. 
                Então me pego pensando nela. Como se fosse alguma novidade não pensar na Miley. Mas me preocupava saber se ela estava bem e segura lá na Itália com toda confusão que aconteceu antes de eu ir embora. Eu sei que Miley não é nenhuma mocinha inocente em perigo. Ela sabe se virar. Mas com quem será que estamos encrencados? Até que ponto ela estará segura?
Isso não aconteceria se ela estivesse aqui, comigo. Imaginei como seria se as coisas fossem diferentes. Como seria se eu não tivesse que escondê-la sempre lá na Itália ou se eu não tivesse medo de admitir pra todos que eu estava com ela, que estávamos apaixonados verdadeiramente pelo outro. 
Mas as circunstâncias são outras. Aquilo nunca aconteceria e nós nunca poderíamos ter uma vida normal juntos. O meu pai a odeia. Ela odeia meu pai. Ela é uma fugitiva da polícia e nunca poderia voltar para Los Angeles outra vez.
                Mas então, meus devaneios foram interrompidos e decidi ligar para Miley para matar saudades.  
-Alô? – sorri ao ouvir sua voz inconfundível.
                -Bom dia, encrenqueira. – eu disse.
                -Bom dia pra você, mas aqui está de noite. – ela riu. – Eu te liguei algumas vezes hoje. Pela sua voz de sono, você estava dormindo, não é?
                -Estava, mesmo... E aí? Como estão as coisas? – perguntei.
                -Estão bem.
                -Bem mesmo? – perguntei preocupado.
                -Estão ótimas! – ela insistiu, então acreditei nas suas palavras.
                Conversamos por mais alguns minutos sobre Los Angeles, sobre a festa que aconteceu do meu pai e da Christine e sobre algumas novidades não muito importantes. Achei melhor ainda não comentar sobre o que aconteceu com Brian e Christine, então o assunto foi bastante leve.
                -E o que você tem feito de interessante aí? – fiquei curioso.
                -Então... – ela começou com um tom de voz que já a entregava. –Não fiz nada demais.             
                -O que você aprontou dessa vez? – eu perguntei desconfiado.
                -Bom... – eu ouvi a risada de Chad no fundo e a Miley riu logo depois. –Digamos que fomos dar uma volta na cidade vizinha com o seu carro. Já vou avisando que você pode correr risco de receber algumas multas, não muitas, de alta velocidade...  – ela foi deixando a voz mais aguda, como se fosse uma garota que tinha acabado de aprontar e que está se fazendo de inocente. Eu já sabia muito bem o quanto que ela é fissurada em adrenalina e as “não muitas multas” que posso receber, vão vir com toda a certeza e com razão.  – Eu te pago, prometo! Espero que não seja problema pra você.
                -Você fez o que?!
                -Ah, Nicky... Foi divertido!  Eu estava tão entediada...  E pra você ficar tranquilo, ninguém se machucou e não aconteceu nada de suspeito por perto. Foi completamente seguro, não foi, Chad? – Miley perguntou pro seu amigo que ouvi do outro lado da linha concordando com ela com um “aham”.  – Viu?
                Suspirei.
                -Eu só queria que você não ficasse se expondo por aí. Você sabe que as coisas não estão boas pro nosso lado.
-Nick, não aconteceu nada demais. Nem cheguei perto de alguém suspeito, relaxa.
-Tá... Pelo menos você está se divertindo. – respondi sentindo meu humor mudar de repente.
                -Estou mesmo. Só voltamos quando o sol estava se pondo e... – ela começou a falar sobre como foi seu maravilhoso dia com o seu melhor amigo perfeito e divertido, Chad.  Se eu estou com ciúmes? Sim, claro que estou. Eu queria estar lá com ela e ter passado esse dia com ela! Apesar de eu ter passado momentos assim com ela também, do jeito que ela contava parecia que comigo foi muito mais entediante. É claro. Os dois se conheciam há muito mais tempo. Sabiam se divertir juntos há muito mais tempo.
                Pode parecer meio egoísta eu estar incomodado com ela aproveitando tanto assim enquanto eu estou longe, mas foi impossível de não sentir ciúmes.
                Quando Miley acabou de falar sobre esse assunto, eu fiz logo questão de mudar pra outro.
                Ficamos conversando por mais alguns minutos. Eu tentei disfarçar o meu mal humor repentino depois da crise de ciúmes. Depois de algum tempo desligamos.     
                Deixei o celular na cama e decidi levantar de vez pra me vestir e descer. Talvez ocupar minha cabeça com outras coisas vai me fazer esquecer esse ciúme ridículo que surgiu agora.
                Depois da minha higiene pessoal e de ter me vestido, fui tomar meu café-da-manhã. Joe ainda estava comendo, mas Christine já havia acordado mais cedo e não estava mais lá, provavelmente ocupada com alguma coisa.  Meu pai também não estava no primeiro andar.
                -Que cara é essa? –Joe perguntou desconfiado pela minha falta de humor.
                -Nada... É só sono. – menti enquanto me sentava à mesa. – Onde está nosso pai?
                -Acho que está lá em cima, no escritório. Pelo visto está resolvendo alguma coisa importante. Chris me disse que ele está mais presente e participativo, tem tirado muitas folgas pra descansar. Mas ainda tem alguns compromissos cada vez mais discretos e esquisitos, que fazem ele ficar fora por alguns dias. –comentou.
                -Ele está bem estranho mesmo nos últimos dias... Eu queria saber o por quê.
                -Você acha que tem alguma coisa muito séria por traz disso? – Joe perguntou.
                -Eu não sei. Acho que sim... Ele está mais bem-humorado e participativo. Nós dois sabemos que é um workaholic desde sempre. Eu sei, tem alguma coisa no comportamento dele que está muito estranha.
                -Será que ele arrumou algum filho fora do casamento? – Joe se perguntou pensativo. Eu olhei estranho pra ele. – O que foi? É uma possibilidade!
                -Sem especulações! Pelo menos até eu conseguir sair da estaca zero, ok?
                -Você deveria ir lá em cima conversar com Paul. Apesar de você ter dado muita dor de cabeça pra ele, você ainda é o filho favorito. De repente ele te confidencie alguma coisa.
                -Obrigado pela parte da “dor de cabeça”. – eu ironizei antes de dar uma garfada na minha comida.
                -Mas é verdade.
                Nossa atenção foi desviada para Christine que havia acabado de descer as escadas com um sorriso no rosto e muito bem arrumada. Ela notou nossa presença e manteve o sorriso.
                -Bom dia!
                -Bom dia, Chris. Para onde você vai? – perguntei me fingindo de desentendido. Eu sabia muito bem que ela e Brian tinham marcado um encontro para hoje.
                -Vou visitar a casa de uma amiga antiga, da época do colégio.
                -Vai passar o dia inteiro por lá?
                -Hum, vou...  Ela não mora muito perto daqui e sabe, faz muito tempo que não nos vimos. - ela fez uma cara de inocente. Nunca imaginei Chris aprendendo a mentir desse jeito! Tentei segurar a minha vontade de rir.
                -Legal. Bom passeio pra você. – eu disse.
                -Obrigada! – ele mandou um beijo no ar para mim e o Joe. – Tchau, meninos. – e apressou os passos para a porta de saída.
                Depois do meu café de manhã pra lá de tardio, subi as escadas decido a tentar uma conversa sincera com o meu pai. Antes de bater na porta do escritório, tentei me aproximar mais da porta para ouvir sobre o que ele tanto falava ao telefone. Consegui ouvir o nome do advogado pessoal do meu pai.
                -Olha, eu não posso esperar mais do que isso! Preciso que você adiante algumas coisas pra mim. Nick e Joe estão em Los Angeles por pouco tempo. Não posso resolver isso agora pessoalmente... Não importa! Você precisa convencê-lo a pelo menos ler as papeladas... Tentei, mas ele não quer... Eu não posso contar para os meninos agora, nem mesmo Christine sabe. Eu quero pelo menos resolver esse problema agora. Se eles souberem agora, tudo será mais complicado.
                -O que eu não posso saber? – eu entrei se supetão no seu escritório e meu pai levou um susto tão grande que quase deixou o telefone cair da sua mão.
                -Nicholas, você por acaso estava ouvindo por trás da porta? – ele perguntou ainda agitado.
                -Pai, o que o senhor está escondendo de mim e de Joe? – eu me sentei em frente a sua mesa.
                -Não é nada...
                -Se está escondendo, então é alguma coisa. – eu disse. Ele dispensou o seu advogado rapidamente no telefone e desligou o aparelho.
                -Bom... –ele soltou um suspiro cansado. - São projetos da empresa, que talvez, se eles derem certo, possam envolver vocês. Algo relacionado estratégia de marketing com a imagem de vocês... Eu sei que seria difícil de vocês toparem, mas a minha preocupação maior agora é conseguir resolver problemas maiores de burocracia para conseguir uma parceria com outra empresa. Nada está certo... Por isso não quis contar a vocês ainda.
                Eu balancei a cabeça afirmativamente, não muito certo sobre decidir acreditar ou não na sua resposta.
                -Certamente eu não aceitaria. – eu respondi. –Não estou muito disposto a ser algum tipo de ferramenta de estratégia de marketing. Desculpa, pai.
                -Nick... – ele apoiou seus antebraços sobre a mesa, seu rosto mais próximo de mim. Não de um modo impositivo, como eu estava acostumado, mas carregando um olhar de curiosidade. – Hoje em dia, você pensa na possibilidade de chefiar a nossa empresa?
                -De estar no seu lugar? – perguntei e ele balançou a cabeça positivamente. – Eu... eu não sei. – respondi sinceramente. Há um bom tempo não tinha muita certeza de como seria meu futuro. Então me lembrei de Miley na Itália. – Acho que não.
                Ele balançou a cabeça em afirmação ao ouvir a minha resposta. Ele parecia decepcionado, o que não foi uma surpresa.  – Faça o que te fizer feliz, filho. Não se sinta pressionado por mim. – Ok, agora a surpresa me atingiu em cheio.
                -Estranho ouvir isso de você. – eu comentei. – Não é de agora que notei que certas coisas nessa casa estão... diferentes.
                -Você passou tempo demais longe. –ele deu um sorriso discreto. – Talvez seja por isso o estranhamento. Ou talvez passou tempo demais olhando as coisas por outra perspectiva.
                -Definitivamente, as coisas mudaram e você também, principalmente. 
                -Espero que isso não seja uma coisa ruim. – ele disse.
                -Eu também.
                -Bom, mudando de assunto... Amanhã vamos receber a família Culpo aqui em casa. Eu queria que você estivesse presente.
                -Ok. – eu disse.
                -Soube que você fez amizade com a Olivia. –ele comentou sorrindo.
                -É... Ela é bem legal.
                -Por que você não dá uma atenção maior pra ela amanhã? – senti um tom sugestivo quando ele disse “atenção maior”. –Susan chegou a comentar com Christine que ela parecia estar bastante interessada em você.
                -Pai, o que já falei sobre suas tentativas de arranjar relacionamentos pra mim? Deixa que eu decido, ok?
                -Tudo bem. Só foi uma sugestão. Quem sabe, né? Não faz mal dar uma chance para ela. Ela é uma linda moça.
                -Pai, esquece. Logo, logo voltarei pra Itália. Deixa isso pra lá.
Christine Narrando
                Enquanto eu dirigia pelas ruas desconhecidas de um bairro mais distante, meu coração não parava de bater absurdamente rápido em meu peito. Nervosa era pouco para me definir agora. Só do caminho de casa até aqui cogitei umas três vezes desistir e voltar para casa. Com certeza eu perdi todo o meu juízo quando topei ir a um encontro escondido com o Brian.
                Avistei o seu carro parado no ponto de encontro que combinamos. Brian escolheu esse bairro mais do subúrbio da cidade, me garantindo que ninguém que me conhecesse estaria perambulando por lá. Apesar de que na minha cabeça está sendo constantemente me perturbando a voz na minha consciência, eu acabei confiando e topando. Estacionei o meu carro logo atrás do seu.
                Brian saiu do seu carro quando notou a minha chegada. Ele estava com aquele sorriso irresistível no rosto. Se escorou de lado na lataria do seu carro, me esperando tomar coragem para finalmente sair do meu. Desliguei o motor, saí do meu carro e fui até a sua direção.
                -Brian, eu não posso demorar demais nesse encontro. – eu caminhei em sua direção tagarelando. - A família toda está lá em casa e não quero deixar nada suspeito. Ainda mais que eu saí sozinha e vou ficar um dia inteiro fora, supostamente. – Brian se manteve quieto me observando. - Você tem certeza que o lugar que está planejando ninguém conhecido estará por perto? Não acho uma boa ideia lugares muito cheios...
                -Você está tão linda. – Brian ignorou totalmente o que eu acabei de falar. Sua mão acariciou a minha bochecha e logo depois jogou o meu cabelo pra trás do meu ombro. Sua tranqüilidade absurdamente contrastante com a minha ansiedade. Seus olhos esverdeados me analisando de uma forma tão amável, que cheguei a perder a linha de raciocínio.
                Por alguns segundos deixei a minhas preocupações de lado e foi o suficiente para o meu corpo responder de imediato ao que eu realmente queria. Talvez com um pouco mais de desespero do que deveria, beijei a sua boca e meus braços foram em direção a sua nuca e o puxei pra mais perto do meu corpo. Senti suas mãos alcançarem a minha cintura e a minha língua finalmente tocar a sua. Tarde demais para voltar atrás. Eu já estava completamente apaixonada.

Na Itália...          
Miley Narrando
               
                Já era noite e eu Chad já estávamos em casa descansando um dia agitado. O convenci de sondar mais um pouco pela cidade para eu encontrar algo de suspeito, mas estava tudo  completamente normal e tranqüilo, como sempre foi por aqui. Por dentro aquilo me deixava cada vez mais intrigada e ansiosa. É claro que está pra acontecer algo, mas me tira do sério o fato de não estar no controle das coisas e ter que simplesmente esperar. Depois de muito tempo sem muita novidade, treinamos um pouco. Especialmente tiro ao alvo.  Então anoiteceu e decidimos descansar, fazer nada e botar papo fora enquanto comemos alguma besteira.
Estava passando um programa bobo na TV e nos divertíamos com bobagem que assistíamos. Eu e Chad dividíamos uma pizza que estava quase acabando sobre a mesinha de centro.  Eu peguei minha garrafa de refrigerante e tomei um gole, sem tirar os olhos da televisão. Mas pela minha visão periférica, pude notar que Chad não estava olhando pra a TV, como eu. Ele estava fitando diretamente pra mim.
-O que foi?  - perguntei, me virando pra ele.
Seus olhos verdes desviaram o olhar para a cerveja em sua mão, para então voltar pra mim mais uma vez. Chad abriu um sorriso discreto por um breve momento.
-Faz muito tempo que não fazíamos isso. Estava sentindo falta. – ele disse. Eu sorri, compartilhando o mesmo sentimento.
-É mesmo... A gente tem que voltar a fazer isso mais vezes. – eu respondi.
-Acho difícil isso acontecer de novo. – ele respondeu um pouco desanimado.
-Por quê?
-Até parece que passaríamos tanto tempo juntos desse jeito com o Nick por perto. – ele respondeu ainda um pouco sério.
                Eu ri, não acreditando no que o Chad acabou de falar. – Sério mesmo que você acha que o Nick atrapalha a nossa amizade? 
                -Eu não sei se a nossa amizade, mas atrapalha muita coisa. – Chad dessa vez continuou a me encarar mais intensamente. Aquela frase me incomodou bastante.
                -O que você quer dizer com isso? – eu perguntei, sem tentar esconder a indignação em minha voz.
Pelo seu semblante, ele não gostou do meu tom. – Deixa pra lá.
-Chad. – o chamei, insistindo que ele falasse.
-Se não fosse por ele, talvez as coisas fossem diferentes. – ele admitiu.
-Ou talvez não. – eu respondi firme. – Eu estou cansada de te explicar as mesmas coisas.
-E eu estou cansado de te ver com ele e ter que agüentar isso. De ter que me esforçar pra ter o mínimo de atenção sua, enquanto sua vida gira toda em torno dele.
-Não é assim que eu quero que você se sinta.
-Acho que está cada vez mais difícil de manter essa amizade. – ele disse sincero.
-Chandler, por favor... Não dificulta as coisas.
Ele não quis mais responder. O silêncio entre nós pairou naquele momento. O barulho da TV, que agora ignorávamos, era o único som naquele ambiente. Ele me encarava aborrecido. Será mesmo que a nossa amizade é completamente diferente quando Nick não está por perto? Se for, com toda a certeza não é culpa dele. Talvez a nossa, por esconder tantas coisas dele. 
-Nick ainda não faz ideia sobre o que aconteceu entre nós dois no passado, né? – Chad perguntou.
-Nem desconfia. – respondi. –E acho melhor ele não saber. – eu balancei a cabeça.
-Você acha que ele reagiria mal? – ele perguntou e eu balancei a cabeça afirmativamente.
-Por isso esse assunto deve ser esquecido. - eu respondi.
-Se ele confia tanto em você, por que você acha que ele não deve saber? Ele já sabe de tanta coisa sobre você.
-Os outros casos que eu tive, que ele sabe, são pessoas de fora. Com você é diferente. Ainda tenho contato com você, somos próximos.
-Já que ele não vai saber do mesmo jeito, – ele brincou com o meu cabelo, se aproximando de mim. Chad colocou uma mecha atrás da minha orelha, fitando o meu rosto. – Por que não tentamos nos aproximar mais? – ele se aproximou ainda mais – Ao menos tentar. Ninguém vai saber...
                -Chad, isso... – minhas palavras foram interrompidas por um beijo seu. Mas não durou por muito tempo. Eu o empurrei o suficiente para sua boca se afastar da minha. – Eu já deveria prever que isso não daria certo de qualquer jeito.- me referi sobre a ideia dele ficar aqui comigo sozinho em casa. – Parece que você não consegue entender o que eu tenho com o Nick não tem espaço para outra pessoa ou algum tipo de traição.
                -Talvez você esteja certa, mesmo. Talvez isso não daria certo de qualquer jeito. – senti que ele se tratava da nossa amizade. O seu tom de voz estava mais ácido. –Você nem deveria ter ficado com Nick para começo de conversa.  Aliás, por quanto você acha que isso que você tem com ele vai durar? – aquilo realmente me atingiu em cheio.
                -Pega as suas coisas e vai embora. – eu disse firme e ríspida a poucos centímetros do seu rosto.
                Enquanto ele nutrir esse tipo de sentimentos por mim, a nossa amizade nunca vai fluir normalmente. Ele precisa saber que não tem chance nenhuma de ficarmos juntos e ficar distante pra nos dar espaço.
                Chad finalmente se tocou a dimensão das suas palavras recém ditas e pareceu se arrepender. Ele fechou os olhos e suspirou. – Deixa isso pra lá, Miley. Eu não tive a intenção de dizer o que eu disse.
                -Teve sim.
                -Deixa isso pra lá, Miley. – ele me respondeu ainda impaciente. - Eu preciso estar aqui com você, pra garantir que você vai estar em segurança.
                -Eu não preciso ser protegida. Vai embora!
                Ele continuou me encarando esperando que eu mudasse de ideia.
                -Eu estou falando sério. Vai embora! – eu disse mais alto.
                Ele seus olhos transmitiam decepção, mas certamente não menos decepção do que eu sentia. Ele sabia sobre o que eu achava sobre isso, ele sabia o quanto eu me sentia desrespeitada quando ele não sabe lidar com as minhas escolhas. 
                Chad não disse mais nada. Apenas se afastou de mim, sem tirar os seus olhos nos meus até que tivesse de se virar e ir em direção ao quarto onde estava hospedado. Ele subiu as escadas em silêncio, mas em passos pesados.  Em poucos minutos ele saiu, carregando a sua mala e indo embora sem se dirigir uma sílaba se quer para mim. A porta da entrada da casa bateu forte atrás dele, depois que Chad foi embora.

No dia seguinte, em Los Angeles...
Nick Narrando
               
Willian riu de algum comentário do meu pai, enquanto todos conversavam à mesa farta de comida. Pelo visto, a família Culpo se deu muito bem com a nossa. Willian e Paul são amigos de longo prazo e parecem muitos satisfeitos por estarem convivendo juntos novamente. Quando o meu olhar alcançou Olivia no outro lado da mesa, ela me olhou intensamente e abriu um sorriso. Educadamente, retribui o sorriso. Me senti um pouco mal por parecer que estou dando esperanças à ela. Ainda mais que as nossas famílias durante toda a tarde tentavam jogar um verde para mim.
Depois do almoço e da sobremesa, todos se espalharam pela grande casa. Eu fui para parte aberta da casa, onde fica o jardim e a piscina junto com a Olivia e seus irmãos, com exceção da Aurora que está por algum canto da casa recebendo flertes de Joe, que nunca perde tempo.  Todos eles parecem bem legais, então nos damos bem rapidamente.
Estávamos conversando sobre baseball, principalmente eu e Gus, que também é muito fã do esporte, quando Sophie nos interrompe.
-Gus, por que você não vem comigo ali dentro?Acho que mamãe está nos chamando para alguma coisa. – ela disse antes de trocas olhares cúmplices com Olivia.
-Mas agora? – Gus perguntou.
-Agora. – ela respondeu entre os dentes, deixando obvio pra ele e pra todos nós a sua intenção de me deixar a sós com a sua irmã.
Os dois saíram e Olivia riu tímida. –Minha irmã mais nova, definitivamente não sabe disfarçar. Desculpa por isso. – eu achei graça.
-Sem problemas.
-Sabe... – ela mordeu o seu lábio inferior, um pouco nervosa. – Eu gostei de você desde o momento que te conheci. Estava pensando se talvez pudéssemos trocar os números de telefone para poder nos “conhecer melhor” e talvez marcar você me mostrar os melhores lugares de Los Angeles...
-Eu não posso. Quer dizer, não da maneira que você espera. –eu respondi, tentando ao máximo buscar melhores palavras sem que a magoe ou que envolva a Miley. –Não é nada com você. Você é uma pessoa incrível, mas...
-Você está namorando? Se for desculpa, eu pensei que estava solteiro.
-Não! Quer dizer, estou solteiro. – tive que lembrar que meu pai acha que não estou com ninguém. – É complicado... Emocionalmente complicado.
-Tem outro alguém envolvido? – ela ousou a perguntar e eu balancei cabeça positivamente.
-Meu pai não sabe, por isso ele estava tentando nos aproximar... 
-Tudo bem, eu entendo. – ela sorriu docemente para mim.
-Sério?
                -Sim. E obrigada por ser sincero comigo. Geralmente os homens que apareceram na minha vida não tinham esse costume. – ela admitiu.
               
Dias depois, na Itália...
Miley Narrando
                Terminei de organizar mais uma leva de caixas na antiga garagem da casa. Limpei o suor da minha testa. Hoje foi um dia e tanto para organizar essa bagunça desse depósito. O céu já estava escuro, então decidi terminar só os últimos detalhes e tomar um banho.
                Sozinha em casa e sem nada de interessante para fazer, decidi colocar algumas coisas em ordem. Especialmente essa garagem velha que estava um completo caos. Pelo menos agora, aqui pode ser um lugar mais útil para tarefas mais pesadas.
                Sim, estava sozinha aqui desde que expulsei Chad. Não voltamos a nos falar desde então. Ainda não consegui perdoá-lo pela sua atitude e as suas palavras e ele sabe disso, por isso não se deu o trabalho de entrar em contato comigo.
Os dias se passaram tranqüilos, sem nenhuma ameaça ou situação suspeita.  Achei  muito estranha toda essa calmaria, por isso sempre estou alerta.
Hoje seria o dia em que Chad iria embora daqui e voltaria para sua casa de noite, se não tivéssemos nos desentendido. Amanhã Nick vai voltar para casa, finalmente. Não agüento por esperar para beijar a sua boca de novo e sentir o seu cheiro que me tira todo o autocontrole. Nem imaginei que pudesse sentir tanta falta assim dele, por nem duas semanas fora.  Fiquei tão mal acostumada com o nosso convívio diário, que ficar esse tempo longe me faz sentir falta até dos pequenos detalhes.
Subi a escada para colocar a ultima caixa na prateleira e desci soltando um suspiro de alívio.
Senti um par de mãos masculinas apertarem os dois lados do meu quadril e me puxar para me chocar contra o seu corpo. Antes que minha mente pudesse raciocinar sobre quem poderia ser, instintivamente me virei com rapidez empurrei o homem contra a parede e saquei o estilete que estava no bolso do meu short e apontei em sua direção. Nick abriu um sorriso travesso.
-Nicholas! – eu disse com um misto de reprovação e surpresa. – Isso não se faz! – mas não consegui manter a pose de durona para lhe dar alguma bronca sobre o susto que me deu, pois logo depois não pude controlar o sorriso que escapou de meus lábios.
-Surpresa. – ele disse ainda encostado na parede. –Estava sentindo falta da minha encrenqueira e não pude resistir em chegar o mais cedo que pude.