Joe
Narrando
Rolei
sobre a cama macia do hotel pela milésima vez. Minha mente estava a mil por
hora e simplesmente eu não conseguia fechar os olhos, dormir e esquecer, por
algum momento, toda a confusão de horas atrás. Olhei para luz do sol que
insistia em aparecer sutilmente na fresta entre as cortinas. É claro que é o
jat leg. Por isso que eu não consigo repor minhas horas de sono. O que mais
seria?
Eu
desisti e me levantei do maldito colchão. Quem eu quero enganar com essa
desculpa?
Tudo
aquilo me deixou perturbado. A Miley ainda viva, o Nick ajudando num plano
louco de fulga, a rejeição clara dele hoje de manhã... É coisa demais para
minha cabeça. Quer dizer, se passou um ano depois de toda aquela loucura e
quando finalmente pensei que tudo ia se ajeitar, Nicholas me joga essa bomba no
meu colo. Passei as mãos em meu cabelo em nervosismo. O que aquele animal tem
na cabeça?!
Tirei a
minha cueca, a única peça de roupa que eu usava, e fui direto para o chuveiro
da minha suíte. Abri a torneira, apoiei uma das minhas mãos na parede e abaixei
minha cabeça, deixando que a água morna relaxasse os meus músculos tensos, numa
tentativa válida de me acalmar.
Mas não
era só raiva e incredibilidade que eu estava sentindo. Confesso que eu estava
decepcionado. Ele perdoou aquela vagabunda por tudo o que ela fez, mas faz
questão de desconsiderar de sua vida todo o resto que ele deixou em Los
Angeles, inclusive eu. E o pior de tudo é que eu tenho certeza que eu não vou
saber falar um não na cara daquele babaca quando a Miley o passar a perna e ele
vier me pedir ajuda.
É
sempre assim. Quer dizer, antes da bruxa da Miley aparecer na vida dele, sempre
quando ele estava em apuros eu tava lá, mesmo eu não querendo na maioria das
vezes.
Quer
saber? Eu não vou ficar aqui sozinho me chateando com os meus próprios
pensamentos, preso nesse quarto. Terminei o meu banho, me arrumei rapidamente e
fui até o quarto onde o Brian estava hospedado. Bati na porta algumas vezes e
logo fui atendido por ele.
-O que
foi?- perguntou ele com uma expressão cansada. Ele também parecia bastante
chateado ainda.
-Como é
que é? Vai ficar aí se lamentando feito uma mulherzinha? Já que atravessamos o
oceano para vir para esse lugar, vamos pelo menos fazer alguma coisa que
preste!
Brian
me lançou um olhar de "você está brincando, né?" e logo depois bufou.
-Olha
Joe, eu não to muito no clima para bancar o turista, não. - ele respondeu com
um tom de voz que quase me matou de tédio.
-É
justamente por isso que eu estou aqui. Deve haver algum bar que preste por
perto. Vamos beber e esquecer o imbecil do Nicholas que nem ele fez com a
gente. Vou te dar dez minutos para se aprontar. - Brian abriu a boca para me
responder, mas eu o interrompi. -Não aceito não como resposta. Não quero ficar
bêbado e sozinho numa cidade que nem conheço.
Vinte
minutos depois, chegamos a um bar que havia ali por perto. A decoração era
rústica, mas parecia ser bem confortável. Mas quem se importa com o conforto?
Eu só quero encher a cara e nada mais além disso! Eu e Brian nos sentamos em
frente ao balcão e pedimos nossas bebidas, que foram rapidamente servidas.
-Tudo
parece tão surreal ainda. Quer dizer, a Miley está viva! Quem poderia imaginar
uma coisa dessas? – falou Brian antes de tomar um gole grande do seu pedido.
-Pois
é, é difícil de acreditar. Mas tudo é possível de acontecer na minha família.
Você já deveria estar preparado para encarar coisas inesperadas desse tipo. –
eu disse tomei um gole do meu drinque.
Percebi
que Brian por um breve momento ficou distante, pensando sobre alguma coisa que
tenha a ver com o que estávamos falando. Então, ele acordou de seus devaneios e
voltou o seu olhar para mim.
-Você
acha mesmo que depois de tanto tempo morando junto com o Nick, ela ainda não
sinta nada por ele? – ele perguntou curioso. – Quer dizer, aquele acontecimento
em Los Angeles da Miley salvar o seu irmão do tio dela... Aquilo me fez achar
mesmo que ela gostava dele.
-Eu não
sei, Brian. Mas não acho que seja um amor puro. Aquela biscate já tem um
passado muito comprometedor para ser capaz de se redimir totalmente do jeito
que o Nick tanto acredita.
-Também
duvido que ela tenha ficado boazinha de uma hora para outra depois de tudo que
ela fez, mas... Eu não sei. Ela é confusa. – ele balançou a cabeça encarando o
seu copo cheio pela metade.
-Não,
Brian. Você é confuso, eu sou confuso, Nick é confuso. Miley é uma
bomba-relógio. Só que a diferença é que ninguém faz ideia de quando ela vai
explodir. – eu disse com certeza absoluta. – Mas por incrível que pareça, quem
mais me preocupa não é ela, e sim o Nick. Foi ele quem quis que ela estivesse
solta, foi ideia dele trazer ela pra cá para que ela pudesse se esconder.
-E vai
ser ele quem vai sair machucado nisso. – Brian chegou à conclusão óbvia.
-Exatamente.
-Quando
isso acontecer, não sei se conseguiria virar as costas pro Nick. Quer dizer, eu
mandaria ele se foder primeiro. – eu ri. Com certeza, eu faria o mesmo. – Mas
eu acho que ficaria do lado dele. E você?
Eu
esvaziei meu copo num só gole e dei de ombros. –Família não se escolhe, né?
Brian
riu comigo e pedimos mais outra dose. Essa conversa com ele, fez que a minha
mente vagasse por algumas memórias do passado.
Flashback
on
Gabe
Parker esperava impacientemente Nick ceder. Gabe era bem maior que o Jonas e
seu melhor amigo, Brian, assim como os outros amigos da sua pequena
"gangue" de valentões do sétimo ano. A dupla de amigos pensou a mesma
coisa: eles estavam encrencados.
-Anda,
seu otário. - o valentão empurrou o garoto de cachos. - Entrega logo essa
porcaria de game pra mim antes que eu quebre essa sua cara de babaca.
-Não!-
Nicholas respondeu firme. -Foi um presente do meu pai e não vou entregar pra
ninguém.
Depois
das férias de verão, a notícia do enriquecimento da família Jonas se espalhou
rapidamente, provocando fofocas e inclusive inveja de alguns. E esse era o caso
de Gabe Parker. O garoto de doze anos não conseguia suportar que Nicholas Jonas
fosse o assunto da vez, muito menos que o seu game de ultima geração e seus
muitos outros presentes caros do seu pai tenham atraído tanta atenção e
admiração dos seus colegas de série. Ele nunca foi alvo das brincadeiras de mal
gosto ou de provocações de Gabe e seus amigos, mas Nick sempre foi do tipo de
criança mais na dele, compartilhando apenas a amizade fiel de Brian.
Apesar
da firmeza na sua decisão, assim como Brian que estava ao seu lado, Nick estava
com muito medo. Os dois estavam na rua, a caminho da casa de Brian, que não era
muito longe dali. Ou seja, não se encontravam mais sob a proteção da direção da
escola.
-Anda,
seu boiola. Vou ter que te dar uma lição antes que você faça o que eu to
mandando?
-Ele não
vai fazer o que você quer, porque você não manda em ninguém, seu bosta. -
gritou Brian, que tomou partido na briga. -Deixa o Nick em paz!
-É
melhor você parar de bancar o heroizinho e ficar na tua, Evans. Senão você vai
apanhar o dobro. - Avan, um dos amigos de Gabe, se pronunciou apontando o dedo
ameaçadoramente para o Brian, que por dentro estava morrendo de vontade de sair
correndo, mas se manteve firme sob a ameaça do garoto visivelmente mais forte.
-Deixa
Brian fora disso. - Nicholas deu um passo a frente em defesa. -E se você quiser
um game igual ao meu, Gabe, arrume o seu próprio dinheiro e vá comprar na loja.
Porque eu não sou de abaixar a cabeça pra um bando de babacas que nem vocês,
não.
-Acho
que você ainda não entendeu muito bem o que eu quis dizer. - Gabe se aproximou
com um seu sorriso metálico carregado de maldade. - Ou você faz o que eu quero
por bem. - deu um empurrão novamente em Nick. Porém, dessa vez foi com tamanha
força que ele se trombou com o seu melhor amigo, que estava logo atrás.
-Ou faz
por mal. -mais um outro garoto, que o Nick não lembrava o nome, o empurrou com
ainda mais força, o fazendo perder o
equilíbrio e cair junto com o Brian sobre o chão cimentado. Os garotos riram do
modo desajeitado que a dupla caiu diante deles.
Antes
que o Nick se preparasse para levar um chute de Gabe, uma voz soou alta e
ameaçadora atrás dele e de Brian.
-Se
você tocar mais um dedo nele, você vai se arrepender de ter nascido!
A
pessoa ainda não se encontrava no campo de visão de Nicholas e Brian, mas os
dois reconheceram muito bem a voz firme e cheia de raiva que fez os valentões a
sua frente estremecerem. Joe surgiu em seu campo de visão e estendeu a mão para
o seu irmão mais novo se levantar e logo depois fez o mesmo para o Brian.
Salvos pelo gongo! A dupla de melhores amigos suspirou aliviada.
-Só
porque você é mais velho do que nós, não quer dizer que temos medo de você. Não
passa de um imbecil que nem o seu irmãozinho gay. – Gabe cruzou os braços,
enquanto mentia, tentando mostrar uma falsa coragem diante de Joseph.
-Ah, é
mesmo? – Joe se aproximou, fazendo questão em amedrontar os garotos com a sua
diferença de altura e seu corpo atlético. – Estou vendo como vocês são corajosos.
Só de se meterem com o meu irmão, tem que ter muito desapego à vida, mesmo. –
ele puxou Gabe pela gola da camisa, fazendo que suor frio brotasse da testa do
garoto. Joe aproximou o seu rosto bronzeado do rosto redondo e infantil de
Gabe. - Você ainda quer a porra do game do meu irmão? Porque se você ainda
quiser, vai ter que se resolver comigo primeiro.
-Deixa
pra lá, Gabe. – Avan, o seu companheiro de confusões, aconselhou. – Vamos
embora.
Os
outros meninos da pequena gangue concordaram, hesitando arrumar confusão com
Joseph. Além do mais, se tentassem fazer alguma coisa contra o moreno, eles
estariam chamando os amigos da idade dele para a briga, também.
-Me
larga, por favor. – pediu Gabe
assustado. Por causa da diferença de altura, Gabe se encontrava na ponta dos
pés e com dificuldade de respirar.
-Só se
você me prometer que nunca mais vai se meter com o Nick ou com Brian. – disse o
Joe puxando mais a gola da camisa.
-Eu
prometo, eu prometo. – o menino respondeu rápido, querendo sair daquela
situação o mais rápido possível. Joe o largou e o Gabe deu alguns passos para
trás rapidamente, para garantir uma distância segura do jovem alto.
-Se
tentarem fazer alguma coisa pro meu irmão e pro amigo dele, eu não vou ter pena
de ninguém. Vocês me entenderam? Isso serve para qualquer um. Então é melhor
que vocês espalhem para os seus amigos que ninguém vai se meter com eles. – Joe
apontou para o Nick e Brian que assistiam a cena com um sorriso de divertimento
nos lábios e a surpresa estampada nos olhos.
Os
meninos assentiram nervosos e no segundo seguinte, dispararam os passos para
bem longe de Brian, de Nicholas e, principalmente, do seu irmão mais velho e
forte.
-Vocês
estão bem? – perguntou Joe para os dois garotos, que afirmaram com a cabeça.
Antes que qualquer um dos dois falasse alguma coisa, ele interrompeu. –Se
aqueles caras ou qualquer outra pessoa tentar machucar vocês de novo, me
avisem. – Nick ia abrir a boca para responder, mas novamente, o mais velho
desandou a falar. –Nunca, Nick. Nunca deixe que as pessoas te façam
de idiota, você me ouviu? Agora estamos ricos e a quantidade de gente má
intencionada, falsa e invejosa que vai aparecer no nosso caminho vai ser
absurda. Abre bem o olho e tome cuidado com isso.
-Eu vou
tomar mais cuidado da próxima vez. Eu prometo. – Nick disse confiante.
Joe viu
olhos escuros de Nick brilharem de um jeito diferente e um sorriso no rosto
contagiante. Ele tentou reprimir um sorriso, também, mas deixou escapar por
alguns segundos. Tentou desviar a sua atenção para o seu carro novo no qual o
seu amigo ainda o esperava no banco de carona.
-Vamos
logo para casa. Eu ainda tenho que dar carona pro Erick. – deu as costas para
os dois e começou a caminha em direção ao carro.
Brian e
Nick trocaram olhares cúmplices. Não foi necessário dizer nada. Na linguagem
visual que só os dois entendiam, aquilo significava “Você viu o que eu vi?”.
– Vocês
estão mais lerdos do que duas lesmas. Anda logo! – apressou Joseph.
Os dois
apressaram o passo a até o carro. Nick parou de frente para o irmão mais velho
e não soube muito bem o que fazer. Era estranho esse momento de paz entre os
dois que passavam mais tempo brigando do que agindo normalmente um com o outro.
Antes que Joe pudesse dizer alguma coisa Nicholas deu um abraço rápido e desajeitado
nele. Meio sem jeito, Joe retribuiu nos poucos segundos que o abraço durou.
-Obrigado.
– envergonhado, Nick disse num tom quase inaudível.
-Não
tem de que. – Joe bagunçou o cabelo do caçula do jeito que ele sempre fazia quando
implicava com o Nick, mas dessa vez o mais novo riu.
Para o
Nick era estranho de acreditar que Joe, aquele cara implicante e rebelde, foi o
grande herói do dia. Mas a estranheza não impediu de que um sentimento novo
tenha se despertado dentro de seu peito: orgulho.
Flashback
off
Sacudi
a cabeça, espantando as lembranças da minha mente. Como Nicholas é idiota!
-O que
está pensando? – perguntou Brian. Ele é fraco para bebidas e já dá para
perceber que os seus olhos já estão levemente caídos.
-Eu
estava me lembrando de uma coisa. Mas nesse momento eu estou socando o Nick
mentalmente.
-Ah...
Chega! Você me chamou para esse lugar para esquecer o Nick e não falar sobre
ele! – falou Brian impaciente.
Eu
balancei a cabeça achando graça da sua cara de raiva. –Você tá certo! Vamos
mudar de assunto.
-Qual
vai ser o assunto da vez agora? – ele perguntou.
Eu
olhei para a entrada e abri um sorriso malicioso. –Talvez a morena gostosa que
acabou de chegar. –acompanhei com o olhar a mulher que caminhava sem nem mesmo
olhar na minha cara, exalando pura confiança.
-Uau,
você é bem rápido para encontrar uma gata. – disse Brian observando de cima a
baixo a recém- chegada.
-Digamos
que acabei criando um radar natural com o tempo. – eu disse e Brian riu.
A jovem
mulher se sentou ao meu lado do balcão e eu tive que me conter para não ficarem
obvias as minhas intenções. Disfarcei e fingi prestar atenção na minha bebida
que eu estava quase acabando de tomar.
A atitude levemente afrontosa que ela
exalava, apesar de ser familiar, me chamou bastante atenção. Eu me sentia
atraído por mulheres de personalidade forte, assim como parecia ser aquela
morena. Talvez se distrair com mulheres hoje possa fazer bem pra mim.
-Uma cerveja, por favor. – ela pediu ao
barman.
-Uma não, duas. Por minha conta. – eu tirei
o dinheiro da minha carteira e coloquei sobre o balcão. Essa frase foi o
suficiente para cativar a atenção da recém-chegada. Seus olhos castanhos
escuros me encararam com estranheza. – Se você não se importar que eu pague, é
claro. – eu sorri sedutoramente.
Ignorando o meu sorriso, ela continuou
séria. As cervejas foram servidas. A morena clara cruzou as pernas naquele
jeans apertado, que tirou o foco da minha atenção por um momento, e virou-se
para minha direção.
-Americano? – ela perguntou com
curiosidade.
-Sim, já visitou a América? – eu perguntei
esperando puxar um bom assunto.
-Já e detestei. – ela respondeu azeda. - O
patriotismo daquele povo me incomoda.
-Uma pena. Tem muitas coisas dos Estados
Unidos que, com certeza, você iria amar. – eu olhei diretamente nos olhos,
deixando que a minha voz saísse mais baixa e que as palavras saíssem ambíguas
por entre um pequeno sorriso travesso. Ela demorou alguns minutos encarando os
meus lábios molhados da bebida anterior e meus olhos. Um ponto pra mim!
-Você acha que vai conseguir me comprar com
uma cerveja? – ela mudou de assunto drasticamente. Então o que eu disse a
deixou tão desnorteada que foi necessário mudar de assunto? Bom.
-Não se compra ninguém com uma cerveja. Mas
talvez uma cerveja seja um bom motivo para começar algum assunto. E talvez a
partir de um assunto, o interesse possa despertar.
-Como você tanta certeza que eu vá me
interessar por você? Você pode correr o risco de pagar uma cerveja a toa. –
sabia que alguma coisa na sua fala era diferente. Ela carregava um sotaque
britânico forte, que chegava a ser sexy ao soar por entre os seus lábios.
-Dinheiro não é problema para mim. – eu não
pude conter a presunção no meu tom de voz. – Conquistar mulheres também não.
-Nossa, o seu ego é tão grande
que me enoja. – ela disse torcendo o nariz.
-Ah, qual é? Eu só estava
brincando! Relaxa... - eu disse e ela rolou os olhos em resposta. -Eu confesso
que adoro mulheres difíceis, mas não precisa dificultar tanto.
-Eu não estou dificultando, mas
eu já estou de saco cheio de homens metidos a Dom Juan que nem você. – ela
levantou um pouco mais estressada. – Quer saber? Fica com a merda da cerveja
pra você e pro seu amigo. Perdi a vontade. – Assim, a britânica mal humorada
saiu em passos largos de volta para a rua.
Eu encarei Brian que ria do fora
que eu levei, enquanto tomava a garrafa intocada de cerveja para ele. – Pelo
visto, o Joe fodão não conseguiu se dar bem hoje. – ele disse debochado.
-É só questão de tempo. – eu
disse encarando saída, por onde a garota acabou de passar. –Porque se eu
encontrá-la de novo, ela não vai escapar. Escreve o que eu estou dizendo. –
agora é questão de honra. Sempre foi assim. Nunca gostei de levar um não, nunca
aceitei. E nesse momento não é diferente.
-Essa eu quero ver! – Brian
disse em tom de desafio. –Você ouviu o que ela disse. Ela detesta
conquistadores de plantão. Isso SE você encontrá-la de novo, o que é meio
difícil.
-Muito obrigado pelo apoio. – eu
disse irônico enquanto tomava a cerveja.
-Disponha. – ele disse risonho.
Algumas
horas depois...
Nick
Narrando
Flashback on
Já se completava uma semana. Uma
semana que a família Jonas tinha vivenciado um verdadeiro inferno dentro da
própria casa. Logo depois do funeral de Denise, Kevin, o mais velho dos irmãos,
não conseguiu mais conter a sua revolta e teve uma briga terrível com o seu
pai. Jogou toda a culpa sobre Paul, dizendo que a sua ambição, sua infidelidade
e sua ausência que era responsável pela morte da mãe e, consequentemente, da
destruição da felicidade dos filhos dele. Obviamente, Paul não escutou calado.
Ao final da pior briga que a família já viveu, Kevin resolveu ir embora e não
olhar para trás. Há sete dias, o mais velho do trio de irmãos não havia deixado
qualquer rastro. Com toda a certeza ele já tinha ido embora de Los Angeles.
No meio da madrugada, Nick bate
na porta do quarto de Joe. Ele não atende, provavelmente está dormindo. Nick
bate novamente com mais força dessa vez. Ele ouve o mais velho reclamar com
sono e então a porta é aberta.
- O que você q...? - ao abrir a
porta, Joe se depara com o seu irmão de treze anos com o rosto molhado de
lágrimas. – Nick? O que houve?
Nick abriu a boca para
responder, mas não conseguiu conter o soluço de choro, deixando ainda mais
lágrimas escorrer pela sua bochecha. Não era necessária resposta alguma. Joe
sabia muito bem o motivo do seu choro. O clima estava pesado demais e aquela
casa estava vazia demais para os dois suportarem.
-Vem, entra aqui. – Joe disse
baixo, enquanto Nick entrava no quarto e ele fechava a porta do cômodo.
-Hoje eu falei com nosso pai. Eu
pedi para ele chamar a polícia para procurar o Kevin. – Nick disse com uma voz
embargada. – Ele disse que não vai adiantar procurar se ele não quiser voltar e
que tem certeza que ele nunca mais vai voltar. E eu sei que é verdade. – fungou
e tentou secar inutilmente as lágrimas com a mão. – Primeiro é a nossa mãe,
depois o Kevin... Por favor não me deixe, também. – Nick voltou a chorar. – Eu
não quero que vá embora eu fique sozinho aqui.
Joe sabe que muitas vezes pensou
em fazer a mesma coisa que Kevin nos seus momentos de revolta, mas havia duas
coisas que o impediram de fazer isso: o seu irmão e o seu comodismo. Era
hipocrisia pensar que ele não gostava desse conforto e seria mentira se ele
dissesse que não se importava com a ideia de deixar Nick encarando do esse
turbilhão de problemas sozinho.
-Eu não vou embora, Nick. Fica
tranquilo. – Joe disse apoiando a mão sobre o ombro do mais novo. – A gente não
se dá muito bem às vezes, mas agora nós temos que ficar unidos. – Nick balançou
a cabeça afirmativamente. – Eu prometo que eu não vou te deixar, cara. Eu te
dou minha palavra.
-Eu também não vou te deixar. Eu
prometo. – Nick disse firme olhando nos olhos do irmão mais velho.
Flashback off
A água morna da banheira e o
cheiro de sais de banho eram simplesmente relaxantes, mas poderiam ser muito
mais se a minha mente não estivesse vagando desnorteada para longe daquele
banheiro. Era óbvio que mesmo já de noite, o incidente de hoje de manhã ainda
desgastava a minha atenção e humor. Não é pra menos. Às vezes me pegava me
perguntando por que eu não falei para eles desde o começo, pra que ter
escondido se em algum momento eles descobririam do mesmo jeito e o que deveria
fazer agora.
Fui desperto dos meus devaneios
pela presença da Miles. Os seus olhos azuis fizeram que a minha cabeça parasse
de borbulhar por um momento. – Oi, como você está? – ela tinha acabado de
chegar em casa. Ela tinha saído para resolver algumas coisas, inclusive
procurar o Chad.
-Ainda estou um pouco chateado,
mas vai passar. – eu respondi.
-Tem espaço para dois? – ela
perguntou, se referindo à banheira e abrindo um sorriso lindo. Era impossível
não retribuir.
-É claro que tem. E mesmo se não
tivesse, daríamos um jeito. – eu disse um pouco mais relaxado por ter ela por
perto.
Miley se despiu com rapidez e
entrou na banheira. Ela se sentou frente a frente para mim. Mergulhou a cabeça por
alguns segundos e voltou a se sentar de novo. Ela olhou diretamente nos meus
olhos e se aproximou de mim. Beijou a minha boca com suavidade e eu retribuí. Aquilo
foi me relaxando ainda mais, me deixando menos tenso a cada segundo daquele
beijo.
-Eu odeio te ver desse jeito. –
ela sussurrou, roçando os seus lábios macios nos meus. Seus olhos transmitiam
carinho e preocupação.
-Vai passar. – eu acariciei o
seu rosto molhado e corado de sol.
-Desculpa.- ela disse ainda
baixinho. -Eu não queria que você se afastasse do seu amigo por minha causa
e... – eu a interrompi com mais outro beijo. Eu suguei o seu lábio inferior com
a mesma suavidade de antes. Deixei que nossas línguas se roçassem lentamente.
Me separei dando mais alguns beijos rápidos na sua boca.
-Não foi culpa sua. – eu
respondi a puxando para perto de mim. Miley reinclinou o seu corpo no meu
enquanto eu a abraçava. Suas costas macias roçavam no peito e abdômen. – Quer
dizer, é meio óbvio que eles brigaram comigo por sua causa, mas de jeito nenhum
você está errada. Muito menos deve me pedir desculpas por isso. Tudo o que eu
tive que perdoar, eu já perdoei e isso aconteceu lá em Los Angeles.
-Onde você acha que você acha
que eles devem estar agora? – ela perguntou.
-Acho que hospedados no
principal hotel da cidade, provavelmente. Não acho que deu tempo para eles
comprarem outras passagens e irem embora.
-Eu posso conversar com o Brian,
se você quiser. Eu posso ir lá amanhã. – ela virou o rosto para olhar para mim.
– Posso tentar convencê-lo a fazer as pazes com você.
-Ele não escutaria você. Além do
mais, Joe provavelmente estará por perto. Só vai causar ainda mais confusão.
Eles acham que você não mudou, que você é a mesma pessoa manipuladora de antes.
– eu disse e ela concordou com um aceno de cabeça. – Se eles pudessem ter a
chance de te conhecer melhor da mesma maneira que eu tive... – eu falei
pensativo. – Talvez eles mudariam de ideia e não teria mais confusão nenhuma. –
então minha mente iluminou como uma lâmpada. – É isso!
Miley virou a sua cabeça para
trás e olhou para mim com uma expressão assustada. – Puta merda, Nick. Não diz
que é que a sua ideia é o que eu to pensando...
-Ah, vamos! Um dos lados tem que
ceder primeiro. E nesse caso, o seu lado é o que cede. –eu disse. – É só por um
período curto de tempo. Eu juro que se eles extrapolarem os limites, eles vão
embora de novo. Esse é a única maneira de dar certo.
-Ah, não! Eu quis ser a
mediadora entre você e Brian. Eu nunca quis que o seu amigo e Joe venham conviver
comigo por um tempo. Isso é totalmente diferente! – a Miley desandou a falar
com nervosismo. – Além do mais qual é a garantia que eles vão topar numa boa?
Eles estão com raiva da gente, de mim principalmente. O que levaria a convencer
os dois de dividirem um teto por alguns dias com a golpista manipuladora que
eles tanto detestam? E a nossa privacidade?
-O que custa tentar? – eu
perguntei a virando de frente para mim para ela olhar nos meus olhos. –Por
favor, Miles. Faz isso por mim. Eu te amo e te defenderia até a morte, mas eu
não quero viver em guerra com Brian e Joe pelo resto da minha vida. Isso vai
fazer mal pra mim.
Ela me encarou séria e suspirou.
– Para de me olhar com essa cara, Nicholas. – eu sorri. Eu sei que quando ela
fala assim é porque estou prestes a conseguir o que quero. –Você está sorrindo
por quê? Eu não cedi. – Miley cruzou os braços. Ela fica linda quando faz essa
cara de brava.
-Eu prometo que se você topar,
eu faço o que você quiser durante uma semana inteirinha. Viro o seu amo de
luxo. – ela riu com a última frase.
-Tudo o que eu quiser? Tudo
mesmo?
-Tudo. Limpo a casa todinha,
lavo a louça, compro todas as roupas que você quiser, treino até amanhecer,
aprendo a cozinhar pra você... Totalmente a seu dispor. Em todos os sentidos. –
eu falei num tom mais baixo para ela sacar a o segundo sentido. Miley sorriu
maliciosa.
-Você joga sujo, Nicholas. – ela
respondeu tentando controlar o seu sorriso. Miley me jogou água e eu ri e fiz o
mesmo com ela.
-Aprendi com a mestra. – eu
retruquei, enquanto a puxava para o meu colo. Ela olhou diretamente para os
meus olhos e suspirou ao sentir a minha ereção. Ela não vai resistir por muito
tempo. -Então... Topa ou não? – eu sussurrei passeando minhas mãos pelas suas
costas. Me distraí por um tempo encarando os seus seios e voltei a olhar para
os seus olhos, esperando uma resposta. Seu rosto já estava mais corado que o
comum e os seus olhos estavam escuros.
-Nick, isso não vai dar certo...
– ela ainda resistia, mas agora com nem um pouco de vontade. Sua voz estava menos
firme.
Eu comecei a trilhar beijos pela
sua nuca, até chegar na sua orelha e sussurrar. – Faz isso por mim. Só
lembrando que é uma semana inteira do jeito que você quiser. Vai abrir mão
disso? – eu suguei a sua orelha logo em seguida e senti toda a sua pele se
arrepiar.
-Droga, Nick. – ela resmungou com
voz arrastada de tesão e eu ri em resposta. – Tudo bem! Mas vai ser tudo do meu
jeito e se o Joe ou o Brian continuarem a me ofender...
-Eles vão embora. – eu respondi
em confirmação.
-Você não presta, sabia? – ela
brincou e eu sorri malicioso em resposta. Miley me puxou pela nuca e me beijou
com ardência. Eu apertei sua bunda com força e retribui o beijo da mesma forma.
No dia seguinte...
Eu fui até o hotel para me
certificar se os dois estavam hospedados ali. De acordo com a recepcionista,
haviam dois rapazes americanos instalados. Eu pedi educadamente o número dos
quartos para que eu possa encontrar pessoalmente com eles. Ela hesitou um
pouco, por conta da segurança dos clientes, mas eu insisti e provei que era
irmão de um deles com a minha identidade. Então, finalmente a moça deixou. Me
passou os números dos quartos e eu fui rapidamente à procura.
Chegando ao andar, bati primeiro
na porta do Joe. Nada respondeu. Bati de novo com mais força. Ouvi um resmungo,
mas nada de abrir a porta.
-Oh Joe, abre logo essa porta! –
eu bati com força de novo.
-Quem é que está me perturbando
a essa hora da manhã...? – ele reclamou do outro lado da porta enquanto a destrancava.
Quando a porta foi aberta e ele me viu, nada foi dito. Ele apenas rolou os
olhos e bufou. Não deu tempo de dizer nada, pois logo depois ele bateu a porta
na minha cara.
-Ah, qual é, Joe! Para de
criancice e abre a merda dessa porta. Quero conversar sério com você.
Ele me ignorou. Quanta
maturidade!
Eu bati com força mais uma vez
até que ele não aguente mais e venha atender. E assim aconteceu.
-O que você quer? – ele perguntou
seco. – Eu estou numa puta ressaca e estou louco para voltar a dormir, então
fala logo o que você para dizer e me deixar em paz.
-Eu quero conversar com você em
Brian sobre a Miley. – eu disse enterrando as mãos nos bolsos da minha calça.
-Nós não temos mais nada para
conversar com você.
-Como você pode responder pelo
Brian? – eu perguntei indignado.
-Porque como eu, ele está de
saco cheio disso, Nicholas. Se duvidar ele está com mais raiva do que eu. Você
enganou o seu amigo por um ano! E você ainda quer vir bater um papo? – Joe cruzou
os braços e foi a minha vez de bufar.
-Olha só, eu estou aqui para
tentar resolver isso de uma vez e colocar um ponto final nisso. Será que você
não pode se mostrar um pouco maduro para pelo menos tentar me ouvir? – eu insisti.
–Chama o Brian para o seu quarto. Eu preciso conversar com os dois.
Contra sua vontade, Joe digitou
o número de Brian no telefone e ele rapidamente atendeu. Joe pediu para que
viesse para o seu quarto. Ele não avisou sobre o que era, mas disse que era uma
coisa importante. Em um minuto, Brian estava ali batendo na porta.
Quando Joe abriu a porta e Brian
me viu, a sua expressão se fechou. Eu suspirei em cansaço. Pelo visto vai ser
difícil encarar esses dois.
-O que você está fazendo aqui? –
perguntou ele.
-Eu preciso conversar com vocês.
-Da última vez que tivemos uma
conversa, eu fui despejado da sua casa. – Joe resmungou baixinho. Eu olhei feio
para ele.
-Então fala logo o que você tem
pra dizer. – Brian disse sério com os braços cruzados.
-Eu quero pedir desculpas. – eu falei
logo de uma vez. – Eu não deveria ter escondido de vocês durante tanto tempo.
Eu tive meus motivos, mas não fui justo em enganá-los.
Quando Brian ouviu o que eu
disse, aos poucos sua guarda foi abaixando. Sua expressão não era mais
agressiva, mas ainda era séria.
-Que bom que você sabe que
estava errado. – ele respondeu.
-E então? Vocês me perdoam? – eu
perguntei.
Joe e Brian trocaram olhares,
esperando o outro responder primeiro.
-Eu perdoo. Mas ainda estou
chateado com você. – Brian respondeu.
-Não é tão simples assim. – Joe disse
impassível. Como sempre, o mais complicado. – Você me expulsou da sua casa por ela.
Você sabe muito bem que os nossos desentendimentos vão muito além de um simples
segredo.
-Eu fiz isso porque você estava a
humilhando na própria casa. Era obvio que eu tinha que fazer alguma coisa! E eu
sei que vocês não confiam na Miley e acham que ela está comigo por interesse,
mas eu posso provar para vocês que ela mudou, ela é uma boa pessoa e me ama com
sinceridade.
-Como? –perguntou Joe num tom de voz
desafiador e ao mesmo tempo curioso.
-Eu quero que vocês passem uns dias lá em
casa. Junto com a Miley. Vocês vão ter mais tempo para conhecê-la melhor. Eu
juro que vocês vão mudar de ideia sobre ela.
Brian me encarou um pouco hesitante. – Eu não
sei se isso vai dar muito certo...
-Passar alguns dias no mesmo teto do que
aquela...? – Joe começou a falar e o olhei com reprovação. - ...mulher?
-Sim. – eu respondi. – Eu já conversei com
ela sobre isso. Ela ficou com um pé para trás sobre isso, também, mas ela
topou.
-Eu não acho seguro. – Joe disse. – Vai que
ela cisma de me matar enquanto eu estiver dormindo?
-Joe, eu estive morando com ela durante um
ano e não me aconteceu nada. Para de ser covarde! – eu falei rolando os olhos.
-Eu não estou sendo covarde, mas eu sei
muito bem com quem eu estou lidando. Eu não me esqueci do que ela é capaz de
fazer.
-Olha, se você acha eu estou enganado sobre
a Miley, essa vai ser a sua chance de você me provar isso. - eu olhei para os
dois. Brian e Joe não estavam nem um pouco animados com a minha ideia. –Por favor!
-Tá, eu topo. – Brian se rendeu.
Nós dois encaramos o Joe esperando uma
resposta. Ele deu de ombros. – Fazer o que, né? Vamos lá.
Alguém prevê que isso vai dar em treta? kkkkkkkkkkkkk
Espero que gostem! Por favor, não deixem de comentar.
Beijos
Ah! Votem lá na minha fic na votação da Crítica de Fanfics :) Eu estou concorrendo.