segunda-feira, 26 de outubro de 2015

2ª temporada - Capítulo 12: Suspicious

Demi Narrando

Eu saí do bar com o meu celular insistentemente tocando. A minha vontade é de quebrá-lo aqui mesmo na rua de tão irritada que eu estava, mas eu sabia que não ia passar de uma mera vontade. Eu sabia muito bem o que me aguardava aquela ligação. Mais uma missão. Teria que estar presente na casa do Petrova agora mesmo. Eu não aguentava mais essa vida de capanga ridícula que faz absurdos para agradar o "chefe". Ao menos que eu morra antes, aquela maldita dívida não vai ser quitada tão cedo, então para que eu quisesse me ver livre desse traste ainda tenho que trabalhar muito para a máfia.

Ouvi alguns passos apressados na calçada, mas não me preocupei. Pelo menos, até que me tocasse que os passos eram em minha direção. Quando finalmente me toquei que era alguma coisa relacionada a mim, não deu tempo de me esquivar. Senti uma mão forte me segurar rudemente pelo braço e me puxar em sua direção. Nem mesmo me dei ao trabalho de verificar quem era e me livrei do seu aperto agilmente e o ataquei, finalmente ficando de frente com o homem que me perseguia, logo depois o jogando com brutalidade contra a parede suja da rua. Joe? É aquele americano? O que ele quer comigo há essa altura? O virei de costas, pressionando o seu rosto contra a parede, com um golpe que paralisava o seu braço.

-Você é louco ou o que? - o perguntei. -Por que você estava me seguindo e me puxou daquele jeito? Não me diga que você é um louco que ficou obcecado por mim?

-Eu não estou obcecado por você! Aliás, entre nós dois não sou eu aqui que está se metendo da vida do outro sem ser chamado, não é?

-O que? O que você quer dizer com isso? Nós não combinamos que depois daquela noite cada um seguia com a sua vida e pronto? Eu não estou me metendo na sua vida, seu perturbado! Eu tenho muita coisa pra me preocupar.

-Sim, inclusive o meu irmão, não é?

-O que o seu irmão... Você está drogado?

-Para de fazer joguinho. O que você quer com o meu irmão e a namorada dele? - ele quase rosnou contra aquela parede rústica.

-Seja lá quem for o seu irmão, eu não o conheço. E não entendo o porquê de você ter me procurado.

-É claro que você o conhece! - ele gritou furioso. Eu estava confusa com o que ele estava falando, mas pelo seu tom de voz a coisa era muito séria. - Dá pra me soltar e me explicar direito o que você está querendo fazer!?

Suspirei e o soltei, o dando uma chance de conversar frente a frente comigo para deixar claro qualquer tipo de confusão.

-Primeiramente, -eu cruzei os braços. - quem é o seu irmão? E porque te faz pensar que eu estou metida com o que está acontecendo com ele?

Joe ainda estava nervoso e com a respiração pesada. Ele ainda cheirava bem como no dia em que o conheci e estava impecável assim como eu lembrava. Apesar de todo o charme e sex appeal que ele carrega, ele não estava mais adotando o jeito debochado e descontraído como antes. Alguma coisa realmente séria está acontecendo e por algum motivo ele acha que eu estou envolvida nisso.

-Meu irmão é Nicholas Jonas. Ele estava naquele bar no dia em que nos conhecemos. Ele era um dos universitários que estava por lá. Eu sei que você está metida com aquele Bruno e foi ele que dopou a Miley, não foi?

As informações foram se juntando em minha mente como um quebra-cabeça e tudo fez sentido. Minha boca se abriu em surpresa e foi o suficiente para responder sua pergunta. Eu não acredito que isso está acontecendo.

-Eu não fazia ideia que você era irmão dele. Eu...

-O que você quer com eles? Porque vocês estão mandando aquelas mensagens?

-Mensagens? Eu não sei de mensagem nenhuma!  A única coisa que fui mandada para fazer é ficar de olho no inútil do Bruno. Eu mal conheço os dois e não faço ideia do que fizeram depois de doparam a namorada do seu irmão.  E quer saber? Eu não tenho nada a ver com isso e não vai ser agora que vou me meter. - eu virei as costas para ele e segui meu caminho. Eu não quero me ver envolvida numa missão em que eu nem mesma fui chamada para fazer e que envolva a família rica de um cara que transei há menos de uma semana.

-Espera! - ele me puxou pela mão, sendo menos bruto do que antes. - Isso é tudo o que realmente sabe?

-Sim, e é tudo o que sou permitida falar. Se a máfia souber que eu estou passando detalhes deles para um estranho eu sou morta antes mesmo de pensar em fugir.

-Máfia? Não é o tráfico? -ele perguntou confuso e eu ri com a sua ingenuidade.

-E quem você acha que comanda o tráfico de drogas por aqui, gato? - respondi  debochada. – Eu não sei como funciona na América, mas por aqui são as máfias que estão no poder.

-O que mais você sabe? O que essas pessoas querem? - ele perguntava nervoso.

-Isso é tudo o que posso falar para você e, sinceramente, eu não tenho muita informação sobre o que estão planejando que seja útil para você ou para o seu irmão.

-Mas se ele estiver correndo perigo com isso? Eu tenho que saber!

-Isso não é problema meu. - eu respondi seca. Minha paciência já estava se esgotando. Eu já estava encrencada demais para entrar em mais uma roubada. Eu tinha que ser impessoal para salvar a minha pele.

-Ah droga! – Joe comentou olhando alguma coisa atrás de mim.

-O que está acontecendo? – eu perguntei sem olhar para trás. Vai que é alguém da máfia que está nos vigiando?

-Meu irmão e a namorada dele. Eles estão chegando ali. Finja que nada de errado está acontecendo, ok?

-Por quê? Eles não sa- eu minhas palavras foram interrompidas pelos lábios carnudos do moreno calando a minha boca.

Ok, isso foi bem inesperado! E abusado, também. Mas não posso negar que foi pra lá de bom. Seus braços fortes me puxaram para perto de seu corpo e eu aproveitei o teatrinho para acariciar os músculos dos seus braços e ombros, que estavam ao meu alcance. Percebi que a coisa foi além do fingimento, quando sua língua ardilosa ultrapassou a linha entre meus lábios e passou a explorar a minha boca.  Mas esse cara é muito sem vergonha! Mordi a sua língua de propósito e ele gemeu baixinho de dor. Separamos os nossos lábios o suficiente para olhar nos olhos um do outro. Eu abri um pequeno sorriso irônico e dei um selinho em sua boca de deboche.

-Joe? – uma voz masculina soou atrás de mim num tom de divertimento.

O americano safado afastou o rosto do meu para desviar o seu olhar para o dono dessa voz. –Nick? O que está fazendo aqui?

Eu dei meia volta para encará-lo, também. O mesmo casal que estava se desentendendo naquela noite no bar, hoje estavam de mãos dadas. Aparentemente estavam bastante tranquilos, diferentemente do que os encontrei pela primeira vez. Os dois me olhavam com olhar de curiosidade. O irmão do Joe parecia bastante animado, mas a moça ao seu lado não parecia muito feliz.

-Sinceramente, eu amava o fato dessa cidade ser pequena, mas agora eu não posso dizer o mesmo.  – ela rolou os olhos. – Já não basta eu ter que ver a sua cara o dia inteiro dentro de casa? – ela reclamou com uma cara de poucos amigos. Ops, acho que alguém não se dá muito bem com a cunhada.

-Compartilho o mesmo sentimento em te ver, Miley. – respondeu o Joe igualmente mal humorado com as palavras da tal Miley.

-Joe, você não vai apresentar? – perguntou o simpático rapaz, ignorando a troca de farpas dos dois. Provavelmente já deve estar acostumado.

-Essa é a Demi. – ele apontou para mim. – Demi, esse é o meu irmão caçula, Nick.

-Prazer. – eu cumprimentei o Nick educadamente com um sorriso.

-O prazer é todo meu. – ele abriu um sorriso e seus olhos escuros e amendoados se apertaram de uma maneira adorável. Ele não tinha aquele ar de sem vergonhice e sarcasmo do Joe. Nick parecia ser um rapaz bastante simpático e fofo. Mas carregava a genética da beleza inegável que o seu irmão também tinha. Os dois eram bastante diferentes, mas igualmente atraentes.

-E essa é a namoradinha de estimação dele, a Miley. – Joe apontou para a sua cunhada com um olhar de desdém e ela na mesma hora fechou a cara.

-Prazer. – fui igualmente educada e simpática com ela, mas a Miley não fez questão de mostrar muita animação em me conhecer. Ela me cumprimentou num aperto de mãos e ainda teve a indelicadeza de me olhar de cima a baixo e continuar fitando a minha cara.

Pelo visto o Nick sugou todo tipo de simpatia que a sua namorada já teve algum dia. Ela tinha um jeito rude e arrogante. Não sei se estava assim por causa do Joe ou se ela é sempre assim, mas eu não posso negar que eu não já não vou com cara dessa abusada. Apesar de sua antipatia, Miley é irritantemente linda. O azul dos seus olhos expressivos é ainda mais intenso quando visto de perto. Traços do rosto bem desenhados e um corpo esbelto e sensual. Aproveitei já falta de delicadeza entre nós duas e não me dei o trabalho de ser discreta em encará-la, também. O que ela tinha que a máfia tanto queria? O que esses dois aprontaram para que chamassem a atenção de Petrova?

Eu lembro que Bruno chegou a comentar que o Nick se mudou para cá para ficar longe de sua cidade de Los Angeles, que foi palco de algum escândalo que envolve a sua família. Será que a família do Joe e do Nick tinha alguma pendência com a máfia daqui? Estranho. Se eles realmente tivessem algum problema com o Leonardo Petrova, aqui seria o último lugar que o herdeiro mais novo de uma empresa milionária fugiria. Talvez seja isso! Ele é um dos herdeiros de uma propriedade absurdamente rica. Uma galinha dos ovos de ouro para o Leonardo.

-Pelo seu sotaque, você é britânica, estou certo? – Nick me acordou do meu raciocínio que se enrolava em teorias. Eu forcei um sorriso e balancei a cabeça afirmativamente. – O que faz por aqui?

Eu dei de ombros, fingindo que o motivo de eu estar aqui não era importante. – Mudança de ares. Aqui é um lugar adorável de se viver. Não aguentava mais viver na Inglaterra. E vocês? Joe me disse que está de passagem por aqui, vocês também?

-Eu e Miley moramos aqui há um ano. – ele respondeu.

                -Por qual motivo? – eu perguntei fingindo naturalidade.

                -Mudança de ares. – respondeu a Miley, um tanto seca e com um tom de sarcasmo ao repetir a minha desculpa. Suas orbitas azuis me fitavam desconfiadas.

                -Ah, sim...  – eu balancei a cabeça em concordância.

                O contato visual nada agradável entre eu e Miley foi quebrado, quando meu celular tocou.

                -É... só um instante. – eu me afastei dos três o suficiente para que pudesse atender o telefone com privacidade. –Alô?

                -Demetria! – a voz imponente de Leonardo soava impaciente. – Onde você está? Eu preciso que você venha aqui. Temos mais um problema para resolver. Já estou te esperando tempo demais e você não me atende.

                Eu rolei os olhos. Odeio quando tentam me controlar o tempo todo. – Já estou a caminho.

                -Então venha logo! – ele respondeu rude e desligou.

                Joe caminhou até a mim, aproveitando a pouca distância entre nós e o casal problema.

                -Desculpa estragar a sua diversão, mas o teatrinho acabou por aqui. Eu preciso ir embora agora mesmo. – eu o avisei antes que ele tivesse alguma ideia estúpida de me forçar a ir a um encontro duplo ou sei lá.
               
                -Demi... – ele começou a falar.

                -Tudo o que eu podia de contar, você já sabe! – eu o interrompi. – Só se garanta que eles dois tomem cuidado. Muito cuidado. – eu falei dando alguns passos para longe dele, pronta para ir embora. Mas ele me puxou novamente.

                -Me prometa que você vai ajudar meu irmão. Você vai nos ajudar para que nada grave aconteça. – ele pediu sério.

                -Eu não posso te prometer nada. – eu respondi rápido e puxei o meu braço de sua mão firme.

                -Mas eu preciso de uma confirmação. Eu sei que o não conseguiria convencer o Nick a ir embora daqui, eu não sei mais em quem confiar...

                -Você sabe de alguma coisa e tem medo de me contar, não é? O motivo de o seu irmão estar aqui na Itália. E parece que você teme que seja o mesmo motivo dessa confusão toda do celular roubado e dessas mensagens. – eu o olhei no fundo dos seus olhos e ele não pareceu nem mesmo pensar em negar o que eu disse. Suspirei. – Eu tenho que ir. Talvez não seja tão grave assim. Petrova adora dinheiro é só dar uma quantidade boa para ele e talvez ele os deixe em paz.

                -Ou não. – ele respondeu pessimista.

                -Ou não. – eu concordei. – Isso eles vão ter que descobrir sozinhos. Eu já te disse que eu não posso me envolver no problema de vocês. –Tchau. – dei um beijo nos seus lábios, remetendo ao nossa troca de carinhos forçada. –Boa viagem. – Dei as costas e fui embora.


                Joe Narrando

               
                Chegamos em casa de alguns minutos que a Demi foi embora. Nick se animou por mim, por eu estar pegando uma gata que nem ela. Miley, não parecia tão animada assim. Na verdade, eu nem mesmo prestava muita atenção no que eles falavam. Minha mente estava martelando em preocupação. Será que devo avisá-lo sobre a máfia? Mas se eu avisar, talvez eu possa piorar a situação, não é? Ainda não sabemos quem está por trás disso. Na verdade a única informação realmente útil para eles nesse momento era sobre o Bruno, e isso eles já sabiam. Por enquanto é melhor deixar a Demi de fora dessa confusão.

Não quer dizer que eu esteja querendo protegê-la, mas por enquanto não era útil e se eu contasse só traria mais confusão. Ela realmente não parecia saber do que realmente está acontecendo em relação às mensagens, então não seria justo envolvê-la agora.

-Então você viu que mulherão ele pegou, Nick? - a conversa sobre Demi ainda rendia e isso chamou a minha atenção. Pra que o Nick foi comentar? Quando o assunto é mulher, Brian é capaz falar até amanhã de manhã! - Até hoje eu não entendi como ela ficou com ele agora depois do fora feio que ele levou no dia que se conheceram. - Nick riu junto com o seu amigo.

Miley estava entretida assistindo a conversa dos dois de uma distância, assim como eu.
Mas a sua atenção foi desviada quando eu desastradamente esbarrei num porta retratos, que caiu da estante, mas com sorte eu consegui salvá-lo de espatifar no chão.

-Presta atenção, Joe! – ela disse irritada.

-Ufa, foi por pouco! - comentei comigo mesmo.

-Tenha mais cuidado com as coisas! Senão daqui a pouco você vai acabar quebrando toda decoração da sala. - a Miley chamou a minha atenção, irritada e exageradamente. Ela pegou o porta retratos da minha mão, como se eu fosse quebrá-lo de propósito e colocou com cuidado no mesmo lugar onde estava.

Agora entendi o porquê de tanto cuidado com o objeto. Nele estava uma foto, aparentemente nova, dela com algumas pessoas sorridentes. Essas pessoas tinham alguns traços parecidos com os dela. Era a família Cyrus. Lá estava a Miley, a mãe e provavelmente os irmãos. O pai obviamente não estava presente na foto, pois parecia ser de um dia bem recente. Pelo jeito, eles já vieram visitar a Miley aqui na Itália.

-Então eles já sabem de tudo? - eu perguntei apontando para a fotografia, me referindo a sua família.

-Souberam há pouco tempo. -respondeu Miley sem muitos detalhes. -Foi muito bom revê-los.

-Eles não faziam ideia do que você fazia por aí, não é? - eu perguntei sem me segurar na curiosidade.

-Não. Só souberam do que eu fazia quando eu fui presa e enfim... Teve aquela repercussão toda. Eu não tive contato com eles durante aqueles anos.

-Então como eles vieram para cá?

-Nick. - ela deixou que um sorriso escapasse. -Ele queria me dar um presente de aniversário. Então eles vieram para cá. Matamos saudades um do outro. Foi... Renovador ver eles de novo. Todo mundo junto... Só faltava papai. - a última frase foi o suficiente para impor um silêncio pesado entre nós dois. Nick e Brian ainda conversavam ao fundo.

Eu sei bem como é perder alguém que ama, como um pai ou uma mãe. É irreparável. E dava pra sentir isso quando ela encarava o retrato da sua família junto com ela, mas sem a presença do seu pai. Por culpa do meu pai. Senti um peso na consciência me deixou desconfortável demais para disfarça alguma coisa.

-Eu sinto muito. Pelo seu pai. -eu respondi, encarando o retrato também, para evitar olhar para ela. -Eu perdi minha mãe e sei como é a sensação.

-Obrigada. -ela respondeu meio sem jeito.

A voz do Brian chamou nossa atenção de novo. Dessa vez, eu ouvi o meu nome e o clima meio esquisito entre eu e Miley foi quebrado.

-Christine me ligou essa semana e me avisou que está planejando uma grande festa em Los Angeles e que faz questão que nós três estejamos lá. – ele avisou com uma cara não muito boa.

-Festa? De que? – Miley perguntou com um tom de estranhamento.

-Aniversário de casamento dela com o Paul. – respondeu Brian entediado. Isso explicava o desanimo dele ao falar de festa, ou melhor, de uma festa com a Chris. – Ela disse que você vai ter que estar lá. – ele se dirigiu ao Nick. -Você sabe. Faz um ano mais ou menos que você não aparece por lá, não dá muitas notícias... Ela quer você por perto. Bom, assim como o seu pai, né?

Nick trocou olhares hesitantes com a Miley. Ele não queria ir pra Los Angeles por causa dela.

-Você vai ter que ir. Se você não aparecer por lá, mais cedo ou mais tarde, Christine e meu pai vão vir te fazer uma visita por aqui. Imagino que vocês não querem que isso aconteça, né? – eu me pronunciei.

-É verdade, Nick. Uma hora vai você ter que aparecer. – Miley reforçou.  – Não vai ter problema nenhum me deixar sozinha aqui por uns dias... Aliás, eu já to bem grandinha, né? – ela sorriu.

-Mas e toda essa confusão? Eu não posso deixar você sozinha aqui sabendo que tem gente te perseguindo por aí. – ele contestou. – A gente ainda nem faz ideia de quais são as intenções deles.

-Não se preocupe, ok? Até lá nós vamos dar um jeito. Vá pra Los Angeles e fique o tempo que precisar. Eu vou ficar bem. – Miley caminhou até o Nick e deu um beijo na sua bochecha carinhosamente. – Você fica uma gracinha quando fica preocupado comigo. – ela disse e Nick sorriu. Ela deu mais um beijo no seu pescoço.

Eu revirei os olhos. Não estou com paciência pra ficar segurando vela e ouvir a Miley cheia de grude com o meu irmão. Vou dar o fora logo.

-Vou arrumar minhas malas. – eu falei entediado enquanto caminhava para o quarto em que eu estava hospedado.

Amanhã de manhã eu e Brian vamos voltar para Los Angeles e voltar com as nossas rotinas de antes. A sensação é que esses dias se passaram muito rápido e nem chegamos a conhecer muito a cidade direito. Mas como seria possível passar esse tempo se divertindo com tudo que aconteceu nesses últimos seis dias?

               
No dia seguinte...

                Miley Narrando

                O barulho alto de tiros tomava conta da enorme casa de praia. Nick mirava concentrado nos alvos, enquanto eu o assistia orgulhosa e o instruía. Já era noite e estávamos no lado de fora da casa. A falta de luz era um obstáculo a mais para ele acertar os alvos, mas estava indo muito bem. Decidi voltarmos com os treinos que eu planejava antes, mas dessa vez com muito mais frequência e intensidade. Com toda essa confusão de gente má intencionada nos me vigiando e chantageando, já estava mais do que na hora do Nick estar preparado para qualquer tipo de ameaça.

                Joe e Brian já voltaram para Los Angeles. Hoje de manhã eu e Nick os levamos para o aeroporto para nos despedirmos. Finalmente a sós novamente! Eu já estava sentindo falta da nossa privacidade e paz aqui em casa. Antes de ir embora Brian o avisou que logo, logo chegaria o convite da festa da Chris e para ele se preparar. Eu sei que Nick não estava muito animado para aparecer por lá, mas ele precisava ir. E sinceramente? O que de mal poderia acontecer com ele um tempo longe? Eu sempre soube me virar.

                Voltei meus pensamentos para o Nick e abri um sorriso satisfeito. Ele estava indo muito bem, ele aprendia rápido todos os truques e acho que estou fazendo um bom trabalho em prepará-lo. Eu também treinei um pouco hoje para não enferrujar, mas foquei em ensiná-lo o que eu aprendi a diferentes situações para atirar.

                Os tiros se cessaram e percebi que acabaram a ultima leva de balas pra serem gastas hoje. Ele se virou para mim com um sorriso satisfeito com o seu rendimento hoje.  Ele parecia bastante cansado e com motivos para isso. Acordamos cedo para deixar Joe e Brian no aeroporto, ele passou uma boa parte do seu dia na faculdade cada vez mais difícil e ainda o fiz gastar o que restava das suas energias em treinos intensos de tiro e luta de noite.

                -Estou liberado, professora Cyrus? – ele perguntou debochado.

                -Não, vai que ter que fazer umas cem sessões de flexões. – eu respondi e ele arregalou os olhos. Depois ele percebeu que eu estava de brincadeira quando eu soltei uma risada. –Eu não sou louca de te matar de exaustão.

                Ele me entregou o revolver e entramos em casa. Deixei o revolver numa mesinha qualquer e o segui até o sofá. Ele caiu exausto sobre o assento e eu me sentei perto dele.

                -Você sabia que o Joe estava todo preocupado comigo hoje? Ele está bem esquisito. –Nick comentou e eu ouvi atenta.

                -Ah é? Por quê? Ele te disse alguma coisa?

                -Ele chegou para mim e disse para eu tomar muito cuidado e para estar atento. – ele se virou para mim e comentou pouco mais relaxado. Eu ri. –Acho que ele ficou realmente assustado com toda essa história de gente nos vigiando.

-Na verdade, eu acho que ele está mais preocupado com você estando perto de mim vinte quatro horas por dia. - comentei com sinceridade. - Talvez esse pedido de cuidado seja em relação a mim, mesmo. Mesmo ele passando alguns dias aqui, a ideia de que eu me redimi ainda não convenceu completamente o seu irmão.

-Independente sobre quem seja essa preocupação toda, essa história do Bruno ainda me está muito mal contada. - ele respondeu sério. -Quando vamos averiguar melhor isso?

-Logo, logo. - eu suspirei. - Vamos esquecer isso um pouco? Estou cansada de pensar nesse suspense todo... Além do mais não consigo pensar em muita coisa quando há pouco tempo você tava roçando esse corpo gostoso no meu enquanto lutávamos. - eu passeei a minha mão pelo seu peitoral e abdômen por cima da camisa. Nick soltou uma risada sem vergonha por causa da minha mudança brusca de assunto. - E você ainda atirou hoje. Não sei se você já percebeu, mas descobri que tenho um certo tesão quando vejo você atirar com aquela cara sexy de concentração que você faz.

-Eu não tinha notado isso. Agora me deu mais ânimo de treinar tiros mais vezes. - seus olhos castanhos varreram o meu corpo antes de se concentrarem na minha boca.

-Eu sei que você está morto de cansado, mas você ainda tem aquela lista de exigências para cumprir, lembra? - eu acariciei a sua coxa grossa e torneada. Deslizei minha mão para a parte interna, numa parte específica que eu sei que é mais sensível nele e o faz arrepiar, perigosamente perto de sua virilha. Sua respiração começou a ficar mais pesada.  - E eu quero agora, mesmo.

-Tudo que você quiser. - ele sussurrou extremamente sexy enquanto roçava os seus lábios nos meus. Senti os seus dentes morderem a minha boca. Eu já estava estupidamente excitada só com essas provocações.

Senti os seus braços fortes me puxarem para o seu colo e me sentei de frente para ele. Ao sentir a minha intimidade já sensível exatamente em cima da sua ereção eu o puxei para um beijo urgente antes que começasse a gemer palavrões. Eu rebolava em cima do seu colo enquanto sua língua explorava a minha boca habilidosamente. Senti a minha blusa sendo levantada e tive que quebrar o beijo para que ele tirasse a peça rapidamente.

Suas duas mãos apertaram meus seios por cima do sutiã. Ele os encarava com os olhos famintos e a sua boca gostosa entreaberta, dando passagem para sua respiração ofegante. Ele continuou a massagear e apertar os meus peitos. Beijou o topo deles que estavam valorizados pelo decote do sutiã antes de decidir tirar a peça de vez. Eu adorava o jeito que ele apreciava o meu corpo a cada peça que eu tirava. Joguei a lingerie para longe e tirei a sua camisa. Eu não aguentava mais ficar mais um segundo com esse homem completamente vestido.

-Já estava sentindo saudade da gente transando nesse sofá, sabia? – eu disse enquanto tateava cada centímetro do seu tronco musculoso com as mãos. – Já estava contando as horas para ter essa casa inteirinha pra gente de novo. – eu arranhei o seu abdômen e ele gemeu baixinho de dor.

-Como se privacidade fosse algum impedimento para nós dois transarmos. – ele comentou naquele tom de voz excitante. Suas mãos passearam pelas minhas coxas até chegarem à minha bunda.  - Já que a safada aqui adora foder em lugares inapropriados.

Eu abri um sorriso malicioso em concordância com que ele disse. – E você adora a minhas safadezas, não importa onde for. – eu comecei a espalhar beijos em seu pescoço.

Meus beijos e chupões desceram do seu pescoço e passei dar atenção ao seu peitoral, me deliciando em aproveitar cada centímetro do seu corpo irresistível. Depois de espalhar o local de beijos, massageei um dos seus mamilos com a língua e senti que ele gostou quando forçou o seu quadril contra a minha virilha num roçar excitante do seu pau duro contra o meu sexo, me deixando ainda mais molhada. Dei uma mordida de leve e ele repetiu o gesto de antes, seguido por um suspiro de prazer. Nicholas puxou o meu rosto na altura do seu me beijou com intensidade e desespero.  Minha mão se aventurou para baixo da sua cueca e apertei o seu membro duro. Ele em resposta apertou o meu seio na mesma intensidade enquanto ainda me beijava urgentemente. Puxei um pouco as suas calças, o suficiente para a sua ereção saísse. Quebrei o beijo para que pudesse apreciar melhor. A visão era tão fodidamente sexy e que eu não resisti e passei a masturbá-lo.

                -Oh merda, Isso é tão bom! Continua, Miles, continua. - ele comentou com os olhos semiabertos de tanto tesão. Estimulada pela sua reação apertei mais a minha mão ao redor de seu membro e aumentei a velocidade da masturbação. Ele jogou a cabeça para trás e soltou um gemido rouco e gostoso.

                -Você gosta quando eu faço isso? – eu sussurrei no seu ouvido e ele balançou a cabeça em afirmação, concentrado no prazer que eu estava lhe dando. Minha mão deslizava rapidamente e sem parar ao redor do seu pênis, que estava inchado e pulsante de tanto tesão.

 –Eu não vou me segurar por muito tempo. –ele comentou ofegante, mas eu ignorei e continuei a estimulá-lo rapidamente. Queria ver até que ponto ele conseguiria se segurar, mas fui interrompida.

Nicholas puxou a minha mão, me impedindo que eu o fizesse gozar, e me empurrou deitada no sofá sem nem um pouco de delicadeza.  Tirou de uma vez a sua bermuda e a sua cueca para logo depois arrancar o que me restava de roupa.  Antes que ele decidisse ficar no comando, eu me sentei e o empurrei contra o encosto do estofado. Me posicionei no seu colo e abri um sorriso safado para ele.

-Eu estou no comando hoje, gostoso. – como punição eu puxei hostilmente o seu cabelo curto entre os meus dedos, que o fez olhar para cima, diretamente nos meus olhos. Dei um beijo em seus lábios avermelhados de tanto beijar.

-Então vem sentar aqui logo, vem. Não quero mais esperar pra te foder bem gostoso.  – ele disse enquanto esfregava o seu pau no meu clitóris.

Meus olhos por um momento se fecharam e tive que puxar o ar com força. Ok, quem não aguenta mais segurar agora sou eu.

                Aproveitei que ele já segurava o seu membro pela base e encaixei os nossos sexos. Desci o meu quadril lentamente, sentindo aquela dorzinha deliciosa que eu já conhecia muito bem. Eu já sentia o suor começar a brotar em minha pele, o calor entre nós era enorme. Nick mordeu o seu lábio com força quando sentiu que estava por completo dentro de mim. A partir daí, eu apoiei minhas mãos no encosto do sofá atrás de Nick e passei a me mover de cima para baixo num ritmo que ganhava cada vez mais velocidade. Meus gemidos já ecoavam por toda a sala.

Nick escorregou o seu tronco um pouco mais pra baixo, mas eu me recusei a parar de quicar em seu colo para seja lá o que for o motivo dele ter se movido. Conforme eu me movimentava sobre o seu pau, Nick gemia e respirava cortadamente. Então finalmente percebi o que ele tinha em mente. Seu rosto estava agora exatamente na altura dos meus seios. Nicholas abriu um sorriso safado ao observa-los tão de perto, não perdeu tempo e abocanhou um deles.

-Nick! -foi minha reação. Ele alternava em chupar e lamber meu mamilo, como se estivesse se deliciando com isso. Eu estava a ponto de enlouquecer!- Oh, assim. Eu adoro quando você faz isso.

Como resposta, apertei com força o meu sexo ao redor do seu pau e ele gemeu contra o meu seio. Ele levou suas mãos até a minha bunda e a apertou, como estímulo. Então o apertei mais uma vez e aumentei a velocidade, sentando cada vez mais rápido em seu colo, até o máximo que eu pudesse. Meus gemidos já estavam bem altos e eu já sabia que estava perto de gozar. Ele continuava a me chupar sem parar. O dedo indicador de umas das mãos que estavam apertando a minha bunda se atreveu a massagear o meu ânus. Tudo aquilo estava tão bom que eu não pude mais me segurar. Poucos segundos depois o orgasmo me atingiu em cheio.

Dei mais um último gemido alto e logo depois de mim, Nick gozou. O seu líquido quente me invadiu e ele jogou a cabeça pra trás, relaxado e com um sorriso de satisfação. Ele voltou a se sentar direito, ficando na minha altura novamente. Eu retribui o sorriso e o beijei mais uma vez. Nós dois ainda estávamos ofegantes e suados. Agora sim, eu poderia dizer que estávamos exaustos!

-Uau. Isso tudo é tesão em me ver atirando? - ele brincou e eu ri. Ele me abraçou carinhoso e eu deixei minha cabeça cair em seu ombro. 


Demi Narrando

                Cheguei atrasada mais uma vez na majestosa mansão de Petrova. A minha má vontade é tão frequente que a maioria daqui já se acostumou com os meus atrasos. Um dos seus seguranças permitiu que eu passasse pela imponente porta de entrada e caminhei rapidamente para a sala onde geralmente Leonardo me esperava.  A casa hoje estava cheia e movimentada. Provavelmente estão planejando algum transporte de drogas ou algo desse porte.

                Entrei na sala de negócios do Leonardo e o encontrei conversando com o Bruno. Senti que a minha chegada tinha interrompido as palavras do dono da casa.

                -Eu estou atrapalhando alguma coisa? – perguntei.

                -Não. – respondeu Petrova, fazendo um gesto de mão para eu não me preocupar. – Logo, logo preciso conversar com você também. – ele voltou a sua atenção para o Bruno. – Como eu ia dizendo, você vai continuar a rondar a área. Quero que você fique bem próximo daqueles dois. Preciso que você me traga informações novas assim que tiver.

                -Mas, chefe, e se eles desconfiarem de mim? – perguntou Bruno receoso.

                -Faça que eles não percebam. E principalmente uma coisa: Não quero nem sonhar em saber que você deixou que eles saibam alguma pista sobre nós ou sobre qualquer coisa que seja do nosso plano, estamos entendidos?

                Puxei o ar com força e tive dificuldade para soltá-lo quando me toquei sobre o que se tratava aquela conversa. Ele estava falando sobre o caso do Nick e da Miley. Ele quer continuar vigiando os dois.

                -Mas e se eles descobrirem? – ele perguntou hesitante.

                -Se descobrirem, eu acho melhor que não seja através de você. Esse caso é muito importante e se eu souber que você sentiu qualquer tipo de vontade de se redimir e contar tudo pro seu amiguinho de faculdade, eu vou ter que tomar algumas providências. – essa ultima parte, a sua voz soou ainda mais sombria e ameaçadora. Eu já conhecia a fama que Petrova tinha com os seus traidores e foi por isso que simplesmente entrei em pânico quando ele descobriu do meu golpe e o Wilmer me deixou pra trás. Eu fui uma exceção, a maioria termina morto por motivos bem torpes.

                Então eu lembrei. Joe sabia sobre o Bruno! Eu lembro que me perguntou sobre ele, de alguma forma ele sabe que ele está metido nisso. Será que o seu irmão e a namorada dele sabem também? E souberem... Eles vão querer tirar satisfações com Bruno. Esse cara está bem fodido!

Bruno terminou de acertar algumas coisas sobre drogas e em pouco tempo já tinha ido emboré com um semblante pra lá de preocupado. Leonardo olhou para mim e parece que ele percebeu  que eu estava um pouco tensa.

-O que houve, Demetria? – ele perguntou curioso.

-O que de tão importante você planeja para aqueles dois? – eu fui direto ao ponto. – Quer dizer, alguma coisa de muito grave eles fizeram, não é?


-Primeiramente, esse caso não é de interesse só meu. Estou apenas fazendo favores alguém. – ele respondeu sério. – E segundo, mia bella, você não está permitida a se meter nessa história. Não posso te contar detalhe nenhum a você. – ele caminhou até mim com um sorriso ardiloso. – Aliás, nós dois sabemos que a senhorita não é alguém para se confiar, não é? – e deu um leve aperto no meu queixo, como se eu fosse uma menina arteira. Odeio quando ele me trata assim. 

domingo, 11 de outubro de 2015

2ª temporada - Capítulo 11: Forgive me

Nicholas Narrando

                O Bruno? Aquilo não estava parecendo real. Por qual motivo o Bruno teria para dopar a Miley daquele jeito e planejar toda aquela confusão com o celular dela... Até a perseguição! Logo o meu colega de turma?

                -Espera aí, você está dizendo que aquele cara que estuda junto com o Nick que me dopou? – perguntou Miley desacreditada. –Mas por quê ela faria isso?

                Francesco balançou a cabeça com uma expressão desanimada. – Eu não faço ideia... Quando estávamos no bar naquele dia, eu estava um pouco alto e por não estar sóbrio, eu não desconfiei que alguma coisa estranha estava acontecendo. Só depois que eu vi o Nick meio esquisito na faculdade e as minhas lembranças começarem a fazer sentido que eu entendi o que estava acontecendo. Vi claramente o Bruno misturando a bebida da Miley com um líquido enquanto ela não estava vendo. E logo depois ela ficou esquisita, meia lenta demais. E vi o Bruno a levando pro lado de fora, dizendo que ela queria vomitar... Depois os dois não voltaram.

                -Você não ouviu nenhum comentário suspeito vindo dele? – eu perguntei.

                -Não. Isso é tudo o que eu sei.

                Eu troquei olhares preocupados com a Miley. Essa história está cada vez mais estranha.

                -Tudo bem. – suspirei pesadamente. – Obrigado por contar pra gente.

                -Por favor, não falem pra ninguém que fui eu que contei para vocês. Eu não quero me encrencar. – ele pediu nervoso. Eu assenti com a cabeça em concordância.

                -Nós não vamos envolver você nisso, Francesco. – Miley falou por nós dois. – Fica tranquilo.

                A visita foi bem rápida.  Não tinha muito o que conversar depois de receber uma notícia dessas. Agradecemos mais uma vez ao meu colega, e certificamos que ninguém vai saber que foi ele quem descobriu tudo. Poucos minutos depois ele foi embora novamente. Fechei a porta e encarei os rostos confusos da Miley, do Joe e do Brian.

                -Qual é a desse cara? Você sabe alguma coisa sobre esse tal de Bruno? – Miley perguntou de braços cruzados.

                Queria dizer que não, que ele sempre foi um cara normal acima de qualquer suspeita. Mas a realidade não era essa.

                -Esse cara não é legal de se envolver. – eu respondi. – Eu não posso dizer que ele é uma pessoa má, porque nunca tive muita convivência com ele, mas...

                -Mas...?

                -Eu sei que ele está envolvido com drogas. Ele que é o fornecedor lá da faculdade.

                Miley adotou um semblante mais sério ainda. –Nick, já pensou que esse cara só está fazendo isso tudo para ganhar dinheiro às suas custas?

                Eu suspirei pesadamente. – Eu não sei, pode ser... Saber que foi ele só me deixou ainda mais confuso. Quer dizer, como é que ele foi saber que você tem problemas com a polícia?

                Ouvi a voz do meu irmão mais velho pronunciar. – Ele convivendo diariamente com você deve ter o facilitado ainda mais a saber sobre a sua vida. E se ele é envolvido com o tráfico...

                -Ele pode estar envolvido com gente da pesada. Gente que não presta até o ultimo fio do cabelo. – Miley completou. – Não seria uma surpresa ele ser influenciado a tentar ganhar dinheiro fácil em um milionário que nem você.

                -Vocês têm razão. – eu balancei a cabeça, enquanto voltava a sentar no sofá. – Agora eu preciso tirar satisfações com esse cara.

                -Nós precisamos. – Miley corrigiu. – Eu vou junto com você.  Mas não podemos fazer isso com pressa.

                -Por que não?

                -Se ele realmente estiver nos vigiando, viu o Francesco nos visitar, e perceber que já sabemos sobre ele agora... O seu amigo vai se encrencar feio. Vamos dar um tempo, ver qual é o próximo passo dele. E depois, quando tivermos a chance, nós o encurralamos sozinho e tiramos a informação que queremos.

                -E damos um susto nele. – eu complementei pensativo. Esse filho da puta merece uma boa lição por tentar mexer com a gente.

                -Isso! – Miley concordou.

                Percebi o olhar reprovador do Joe depois do meu comentário. Com certeza ele deve estar pensando o quanto eu estou sendo influenciado pelo comportamento “violento” da Miley. Mas quer saber? Todo mundo muda. Eu me encontrei numa situação em que eu preciso aprender a me defender e a defender minha namorada, nem que seja de uma maneira não pacífica. Diante de criminosos, você precisa se mostrar forte para não ser ameaçado. E é isso que vamos fazer. Na hora certa.

                -Só de pensar que você estava desconfiada que a Selena estava envolvida nisso. – eu balancei a cabeça achando graça. – Ela não é capaz de fazer mal nem para um inseto. -Miley fechou a cara na mesma hora em que toquei no assunto.

                -O que? – O Joe riu. – Mas por qual motivo Selena faria isso?

                -Porque ela é uma sonsa, que nem o seu irmão. – Miley rebateu, se referindo a mim. – Se faz de santinho para depois botar as asinhas para fora. – ela respondeu, me fuzilando com olhar. Ah, sério mesmo que essa discussão ainda não acabou?

                -O que está acontecendo aqui? – Brian perguntou curioso, quebrando o seu silêncio enquanto estava apenas nos ouvindo até agora.

                -O seu amiguinho preferiu defender a amiga atirada dele, em vez de ficar ao meu lado. – Miley respondeu. Eu rolei os olhos e suspirei cansado com essa confusão.

                Joe se sentou no sofá de frente para nós, curioso para ouvir mais da nossa briga. Parece cada vez mais animado em saber mais.  –Eu faria o mesmo. – ele se meteu.

                -Cala a boca, Joseph! – eu o repreendi. A situação já não estava muito boa pro meu lado e ele ainda quis atiçar ainda mais! – Miles, você sabe que isso não é verdade.

                -Eu sei que você preferiu me empurrar, para me “proteger” – ela fez sinal de aspas com os dedos. – da polícia. E quando eu fui embora, você nem mesmo pensou em ir atrás de mim. Ficou lá, cuidando da coitadinha da Selena.

                -Ah, por favor! Não vai começar tudo de novo, né? Nós não acabamos de nos entender lá em cima?

                -Ninguém se entendeu lá em cima. Você só me beijou para tentar botar panos quentes em cima desse assunto.

                -Pelo visto, você estava odiando. – Joe ironizou. Droga, esse cara gosta de ver o circo pegar fogo! Miley lançou um olhar furioso para o meu irmão que fazia uma cara sarcasticamente inocente.  –Vai me dizer que não? Eu sei que o Nick tava em cima de você, mas eu vi muito bem que você tava concordando com aquela pegação toda.

                -Joe, não se mete na briga que é entre Miley e eu. – eu chamei sua atenção antes que a Miley o mandasse tomar no cu. Porque pela cara dela, era exatamente o que ela iria falar, senão coisa pior. – Desculpa, ok? – eu pedi.

                Eu vi o Brian cochichando alguma coisa para o meu irmão e contrariado, Joe se levantou do sofá acompanhado do meu amigo. Os dois subiram para o segundo andar logo depois. Brian deve ter me feito o favor de convencer o Joe a nos deixar a sós e nos resolver sozinhos. Pelo menos tem alguém diplomático e com bom senso nessa casa, né?

                -Não vai nesse papo do Joe que só porque eu correspondi aquele beijo que eu vou deixar isso passar, me ouviu? – Miley cruzou os braços.

                -Sinceramente, Miley. Deixa de ser infantil. Ficar disputando quem tem mais minha atenção agora não era uma coisa que eu esperava de você.

                -Ah, agora você acha isso ruim?- ela abriu um sorriso irônico. – Para quem estava se divertindo fazendo joguinhos de ciúmes comigo no bar, é de se surpreender que agora eu me tornei a infantil que começou com isso tudo.

                -E o que você quer que eu faça, Miley? Hein? Que eu peça desculpas a você? Eu já pedi! – eu comecei a aumentar o tom de voz. – Com tanta coisa para se preocupar agora, você fica dando importância a babaquice.

                -Babaquice, né? – ela repetiu e balançou a cabeça com um olhar reprovador me olhando de cima a baixo. – Você fica se comportando como a porra de um Dom Juan e eu que estou de babaquice.  – eu ia retrucar, mas ela não me deu tempo de falar. – E realmente, Nicholas. Eu estou cheia de coisa para me preocupar agora. Não vou perder minha paciência com você e a minhas babaquices.

                Eu suspirei pesado. Isso tem me deixado cansado. Eu só quero que tudo dê certo! Logo agora que mais precisamos nos unir, estamos brigados. Ela virou de costas para mim e subiu rapidamente as escadas.

                -Miley! Miley, espera. – eu a chamei, mas ela me ignorou e continuou o seu caminho até o quarto. 

                Tentei alcançá-la, mas ela foi mais rápida e entrou no quarto e fechou a porta na minha cara antes de trancá-la. Eu fiquei uns dois minutos batendo na porta, pedindo pra ela abrir a porta e conversar, até que a Miley abre a porta com uma pilha de tecidos e joga pra o meu colo. Eram algumas peças de roupa minhas. Ela jogou o travesseiro na minha cara também, que eu não consegui pegar e caiu no chão.

                -Mas o que é isso? – eu perguntei indignado.

                -Muita inocência sua achar que eu ia deixar você dormir comigo depois disso. – Miley respondeu. – Tenha uma boa noite. – e bateu a porta novamente e depois a trancou.

                Eu ia gritar que o quarto era meu, mas isso só ia a deixar ainda mais enfurecida. E do jeito que ela é, ela poderia até querer passar a noite fora de casa só por orgulho.

                Peguei minhas coisas do chão, soltando palavrões aleatórios entre resmungos e fui para o terceiro quarto de hospedes. Brian me viu passar pelo corredor, pelo seu quarto aberto, e foi atrás de mim. 

                -Nick? Ela te expulsou do quarto? – ele perguntou surpreso.

                Eu joguei meu travesseiro e as minhas roupas sobre a cama arrumada, enquanto balançava a cabeça afirmativamente. – Ela está mais puta comigo ainda. Tudo isso porque eu defendi a Selena.

                Brian se sentou na beirada da cama do meu lado. –É, eu ouvi vocês gritando sobre isso. – ele comentou. – Veja pelo lado bom, cara. Agora você está sendo disputado por duas gatas. – ele disse brincalhão enquanto me sacudia pelo braço. Eu ri da sua animação.

                -Eu to começando a me sentir culpado, cara. Acho que fiz besteira, mesmo. – confessei, lembrando a maneira que agi. –Mas eu não era minha intenção ficar provocando a Miley ou seja lá o que ela está pensando.

                -Ela ta chateada agora, mas ela também vai se tocar disso e vai perdoar você. Relaxa.

                -Espero que sim.

                Eu e Brian ficamos conversando até mais tarde. Fazia muito tempo que não conversamos desse jeito.  Ter meu melhor amigo por perto para poder desabafar simplesmente faz toda a diferença. Com o tempo, a Brian foi pro seu quarto dormir. Tomei um banho na suíte e coloquei a roupa de dormir que a Miley tinha jogado pra mim. Mesmo contrariado e sentindo falta do corpo da Miley do lado do meu, o sono chegou e dormi na cama de solteiro.


Joe Narrando


                Virei mais uma vez na cama, tentando arrumar um jeito de dormir, mas pelo jeito não vou conseguir tão cedo. Eu não consigo parar de pensar nesse caso da Demi e do tal Bruno. Esse tal colega do Nick poderia ser o cara que estava acompanhado da britânica lá no bar. Ainda mais que de acordo com o meu irmão, esse Bruno é metido com o tráfico e isso começou a se encaixar perfeitamente com o fato da Demi estar armada rondando por ali.  E se ela estiver com algum plano junto com esse cara pra conseguir arrancar dinheiro do meu irmão caçula?
    
    Droga! Eu e meu imã de mulheres-problemas!

                Fui burro em me deixar ser levado por algum tipo de desejo ou fetiche por um perigo ambulante que nem ela. A única coisa que me alivia é que aparentemente ela não sabia quem eu era. Se ela soubesse que sou o irmão do Nick e estiver mesmo envolvida com esse roubo do celular, ela não teria nem mesmo pensado em me dar os foras que me deu antes. Pelo menos, eu espero que não.

                Eu ouvi um barulho esquisito do primeiro andar da casa. Olhei o relógio pra me certificar que era tarde o suficiente para todo mundo já estar dormindo. Estranho, mas pelo barulho parece que tem alguém lá em baixo. Toda essa neura já está me deixando doido... Mas quer saber? Não estou com sono, mesmo.  Além disso, curiosidade está quase virando meu nome do meio. Ouvi novamente outro barulho, dessa vez mais alto. Parecia o som de coisas quebrando, como se alguém tivesse derrubado. Saí do quarto, com pressa em saber o que estava acontecendo.

                Logo vi a porta do outro quarto de hospedes sendo aberta pelo Nick. Parece que ele também ouviu o barulho. Pela sua cara ele tinha acabado ser acordado. Olhei ali de cima e vi a Miley caída no chão ao redor de alguns cacos que antes pareciam ser  um enfeite de cristal que estava em cima de uma mesinha que também estava jogada no chão, próxima ao sofá. De primeira, achei a visão meio confusa, mas depois percebi uma garrafa quase vazia de alguma bebida que eu não conseguia identificar. Um pouco do líquido também tinha derramado no chão por causa do possível tombo.

                -Não foi nada, não. Podem voltar a dormir. – Miley disse com uma voz arrastada quando percebeu nossa presença no andar de cima. Bêbada era pouco pra descrever o estado dela.  Estava, no mínimo, acabada. 

                -Merda. – Nick murmurou logo antes de descer as escadas rapidamente.  Ele acendeu a luz da sala e foi possível ver melhor o estrago que a sua namorada problemática fez.  Miley tentou levantar sozinha, mas meu irmão não deixou que ela fizesse. – Espera! Cuidado com os cacos de vidro. Está tudo bem com você? – ele a analisou por inteiro e percebeu um corte no seu braço. Nick puxou o braço dela para observar melhor o ferimento.

                -Só foi um machucadinho. Não precisa se preocupar. – ela disse meio enrolada. – Aliás, eu posso me virar sozinha. Volta a dormir, vai.

                -Eu não vou voltar a dormir sabendo que você está nesse estado. – ele insistiu. – Para de teimosia e deixa eu te ajudar. - Nick não esperou mais alguma reação da Miley e puxou pro seu colo, longe dos cacos de vidro que provavelmente a cortariam ainda mais, se ela “se virasse sozinha”.

                Eu desci as escadas para me aproximar e saber o que está realmente acontecendo. Por que a Miley encheu a cara até cair de bêbada há essa hora da noite? E por que o Nick está agindo com tanta familiaridade com isso, como se já tivesse acontecido outras vezes? Nick colocou a Miley no sofá, que já tinha notado a minha presença por perto.

                -O que você está fazendo aqui? – ela perguntou lentamente, mas mesmo assim com uma conotação nada gentil.

                -Eu estou aqui porque ouvi um barulho estranho vindo daqui de baixo. Agora eu quero saber o porquê disso.

                -Eu caí. Pronto, você já está sabendo. Pode dar o fora agora. –ela pode estar em péssimo estado, mas ainda está afiada nos seus foras.

                Eu encarei o meu irmão, esperando respostas, mas ele estava mais preocupado com a Miley nesse momento. Ele voltou o seu olhar para a víbora alcoolizada. Franziu a testa,  observando mais uma vez o machucado no braço da Miley que estava começando a sangrar e não parecia uma coisa muito pequena. Nick tirou a sua camisa e pressionou o tecido contra o corte para estancar com mais rapidez. – Continua pressionando assim. Eu vou pegar a caixa de primeiros socorros lá no banheiro. Não sai daí, ok? – ela balançou a cabeça e ele beijou a sua testa carinhosamente e se afastou.  –Joe. – ele olhou pra mim e fez um gesto para que eu o seguisse. Assim eu fiz.

                Eu o acompanhei até o banheiro do primeiro andar. Nick me esperou entrar para fechar a porta. Ele sabia que eu estava confuso e que ele deveria me explicar o que estava acontecendo.

                -Isso tudo foi só porque vocês brigaram? – perguntei, cruzando os braços.

                Ele balançou a cabeça negativamente. – Não. Não é a primeira vez que acontece e acho que não vai ser a última. A Miley... – ele demorava pra escolher as palavras. – ela... encontrou um jeito para tentar lidar com os traumas dela. Ela sofre com pesadelos de noite. –ele percebeu que eu continuei quieto o ouvindo e isso o encorajou a desabafar mais sobre isso. -Pesadelos sobre o passado dela, sobre todo o sofrimento que ela passou em Nashville.   Às vezes também é sobre a culpa de tudo que ela fez. É como se o subconsciente dela concentrasse toda a culpa que ela sente para os pesadelos.  Ela já passava por isso antes de me conhecer. Quando a gente passou a morar juntos, no começo, ela não gostava de falar comigo sobre isso. Ela fingia que era nada e tentava mudar de assunto. Mas era impossível deixar isso para lá ou achar que não era nada demais! Era muito frequente, era quase todo dia! Eu fui insistindo e com o tempo ela foi se abrindo comigo, contando sobre o que era os pesadelos. Eu passei a ajudar nisso, do meu jeito. Ela melhorou muito de uns tempos pra cá, mas ela ainda tem. Eu já disse que eu pagaria o melhor terapeuta para ajudar pra valer nisso, mas ela não quer. Ela tem medo que se descobrirem a verdade, quem ela é, vai tudo por água abaixo.

                -Então toda vez que ela tem um pesadelo, ela bebe?

                -A maioria das vezes, sim. Ela bebe pra tentar tirar a tensão ou só pra esquecer e voltar a dormir. – ele respondeu triste. – Se eu estivesse lá com ela. Se eu estivesse perto dela hoje, talvez ela não teria descido pra beber. Ela não teria se machucado.

                -Nicholas, não é culpa sua. – eu disse o segurando pelos ombros. – Você não tem responsabilidade nenhuma com o que aconteceu com ela hoje.   

                -É culpa do nosso pai. – ele respondeu baixo. –Por todas as vezes que isso já aconteceu. Por tudo de ruim que aconteceu na vida dela. Você não vê isso?

                A verdade. A mais ácida verdade. Quem causou isso tudo foi realmente o nosso pai.

                -Sim, eu vejo. Mas isso não faz dela menos culpada pelo que fez.

                -Eu sei disso, mas ela já lida com essa culpa o suficiente. Não precisa de mais alguém a julgando e tentando a separar de mim, ok? – ele me respondeu com um olhar acusador.

                Eu suspirei pesadamente. Indiretamente, ele estava me pedindo para ceder, para dar uma chance pra valer para a Miley. Eu não gosto dela, e isso não vai mudar tão cedo. Mas eu tenho alguma escolha?

                -Eu só não queria que você fosse babá de uma alcoólatra. – o seu olhar era reprovador. – Ta, ok. Desculpa. Você venceu! Eu vou dar uma trégua...

                -Só não comente nada sobre o que eu disse pra você, ok? – eu assenti em concordância. Nick pegou a caixa de primeiros-socorros que estava dentro do armário.         -Vou logo lá pra sala antes que a Miley se machuque mais.

                Voltamos para a sala. Por sorte, a Miley continuou no mesmo lugar onde foi deixada. Vi que o Nick suspirou em cansaço ao olhar para a bagunça na sala que teria que arrumar. 

                -Vai cuidar dela. Pode deixar que eu arrumo isso. – eu avisei. Ele me olhou esquisito, estranhando a minha generosidade. – É melhor aproveitar enquanto estou bonzinho com você, senão eu desisto e volto a dormir.

                Nick sorriu e me deu dois tapinhas no ombro.  –Valeu, Joe.

                -Tá. – eu respondi tentando parecer indiferente, sem querer alimentar muito esse momento fraternidade.


                Miley Narrando
               
                Abri os olhos lentamente, já sentindo os raios do sol entrando pela fresta entre as cortinas do quarto. Minha cabeça doía, mas não pude deixar de notar o conforto que sentia. Nick ainda dormia ao lado, dormindo profundamente. Seu corpo colado no meu e seu braço me envolvendo. Ele parecia estar bastante cansado. E não é a toa.

                Meu corte no braço estava coberto por um curativo e não parecia doer mais quanto eu lembrava ontem. Eu usava uma camiseta limpa do Nick e uma calcinha que não lembro ter usado ontem. Meu cabelo ainda estava levemente úmido e eu não cheirava a bebida. Ele deve ter me dado banho e trocado a minha roupa.

                Vi que no criado-mudo ao meu lado tinha uma jarra de água e um copo vazio. A aspirina estava ali também, bem em cima de um pequeno bilhete. Peguei a aspirina e tomei com bastante água. Logo depois li o bilhete.

                “Desculpa por ter sido um imbecil. Te amo”. Estava escrito na sua letra corrida. Provavelmente ele fez o bilhete achando que ia dormir no outro quarto, mas por algum motivo acabou dormindo aqui do meu lado. Abri um sorriso comigo mesma. Esse imbecil sabe como me amolecer.

                Fofo da parte dele, patético da minha. Eu não deveria ter dado tanta preocupação pra ele. Odeio quando dou tanto trabalho desse jeito no meio da noite. Eu deveria saber me virar sozinha e saber me garantir sem dar dor de cabeça pra ninguém.  

                Dei um beijo na sua bochecha e levantei da cama. Me vesti com as minhas próprias roupas adequadamente e penteei o cabelo antes de descer para a cozinha para comer alguma coisa. Joe e Brian já estavam acordados tomando café da manhã na ilha da cozinha. Eu olhei para cara do Joe e o Joe olhou para minha cara em silêncio. O que falaríamos? “Ei, dormiu bem ontem a noite?”.  Além de ter sido bem constrangedor saber que ele viu tudo o que aconteceu de madrugada. 

                -Bom dia. – ouvi a voz agradável de Brian quebrar a quietude. Ele tinha um simpático sorriso no rosto.

                Eu sorri de volta. – Bom dia!

                -O que aconteceu com o seu braço? – ele perguntou preocupado apontando para o curativo.

                Eu vi o Joe me encarar, esperando pela minha resposta. – Eu escorreguei e acabei caindo junto com o enfeite de vidro da sala. – eu dei de ombros. – Sou uma desastrada, mesmo. Não foi nada demais.

                -Então... – Brian continuou a falar, sem abrir mão de comer ao mesmo tempo. – Você e Nick fizeram as pazes ontem, né? Eu vi que ele não estava mais no outro quarto. – ele fez a observação com um sorriso malicioso. Eu ri.

                -Mais ou menos. Quer dizer, não foi bem assim. Ainda não o perdoei oficialmente. Ainda vamos conversar sobre isso.

                -Se ajuda, ele me disse que estava arrependido. Nick gosta de você, mas às vezes ele é meio lerdo não saca muito a mente feminina. Ele não fez de propósito. – Brian continuou a tagarelar.

                -Obrigada por tentar ajudar, Brian. – eu ri. – Mas ele vacilou feio comigo e temos que conversar melhor sobre isso.

                -Ah, não seja ridícula! – a voz de indignação do Joe deu o ar de sua graça pela primeira vez no dia para mim.

                -Como é que é?

                -Você sabe muito bem o que eu quero dizer. – ele pegou o seu sanduiche e saiu da sala, evitando que a discussão rendesse mais alguma coisa.

Acho que sei o que quis dizer.  Joe estava se referindo à ontem a noite quando Nick cuidou de mim. Pelo olhar dele, ele acha que estou sendo dura demais com o seu irmão.
 
Brian ficou meio confuso com o meu rápido dialogo com o Joe, enquanto eu me recusei a explicar alguma coisa sobre isso e passei a comer meu café da manhã. Não demorou muito tempo para Nick descer e ir direto para cozinha. Ele já estava arrumado e com a sua bolsa transpassada, pronto para ir para faculdade. Ele estava com uma cara de sono, mas ainda estava lindo.

-Bom dia. – ele disse educadamente. Ele sorriu para o seu melhor amigo por momentos breves e depois direcionou o seu olhar para mim.

-Bom dia, Nick. – Brian começou a perceber a nossa troca de olhares silenciosos. – Acho que ta na minha deixa. – ele murmurou. – Vou deixar vocês sozinhos, aí. – e rapidamente saiu da cozinha, adivinhando exatamente o que precisávamos.

-Você leu o meu bilhete? – ele perguntou e eu logo concordei com um aceno de cabeça. – E então? Me perdoa?

Os seus olhos cor de chocolate me encaravam de uma maneira tão adorável que deveria ser proibida.

-Nunca mais faça uma coisa parecida, ok? Aquela sonsa já é louca por você, aposto que ela já deve estar se achando sua dona depois de ontem. – eu entrei na defensiva.

–Olha Miles, eu não queria ser colocado naquela situação de quem escolher. Você é a minha namorada e ela é minha amiga. Por mais que vocês não se gostem, eu não quero virar as costas pra uma só pra deixar a outra satisfeita, entende? Mas eu me arrependo de ter te magoado de alguma forma. Desculpa.

Eu suspirei pesadamente quando me veio à cabeça que estou numa situação parecida. O Chad é o meu melhor amigo e eu nunca ia querer ser obrigada a ter que tomar algum partido. Os dois são importantes pra mim.

-Tudo bem, eu te perdoo. – eu respondi finalmente. Ele sorriu satisfeito.

Nick largou sua bolsa no chão de qualquer jeito e se aproximou de mim. Seus olhos fitando os meus. Ele entreabriu os seus lábios os deixando ainda mais convidativos. Suas mãos envolveram a minha cintura de uma forma carinhosa e me beijou.

-Obrigada por ontem. – eu sussurrei quando nossas bocas se separaram, mas nossos rostos ainda estavam bem próximos. Ele balançou a cabeça carregando um sorriso.

-Não precisa agradecer. – ele respondeu igualmente baixo.

Seu hálito fresco batia em meu rosto, atraindo ainda mais os lábios de volta para sua boca. Beijei seus lábios suavemente e passei a distribuir beijos demorados na sua bochecha, maxilar, pescoço... Abracei o seu corpo quente quando senti suas mãos acariciarem minhas costas por debaixo da blusa. Deixei uma leve mordida em sua nuca e voltei a beijá-lo na boca. Sua língua habilidosa explorava a minha boca e me deixava cada vez mais ansiosa pra mais. Mais do Nick.

Como eu queria que ele ficasse hoje em casa e expulsasse Joe e Brian por um tempo só pra termos a casa e o dia inteiro só pra nós dois! Nos separamos lentamente, já cientes que não poderia rolar nada agora. O Nick já estava atrasado.  

-Eu tenho que ir. Já está em cima da hora. – ele disse um pouco desanimado de ir embora.

-Leva isso aqui. – o estendi uma maçã. –Pelo menos pra não ir de barriga vazia.

Ele pegou a maçã com um sorriso fofo e me deu um selinho rápido antes de se afastar. Antes que ele saísse da cozinha, eu o puxei pela gola para mais um beijo intenso e apressado. 

-Não me faça mudar de ideia e faltar tantas aulas por sua causa. – ele murmurou antes de me dar um chupão na nuca.

-Então vai logo antes que eu te prenda em casa. – respondi em um suspiro e o empurrei.

-Nos vemos no almoço? – ele perguntou. Às vezes eu me encontrava com Nick depois de suas aulas no horário do almoço para comermos num restaurante por perto da sua faculdade.

-Ok, eu te encontro por lá. Ah, fica de olho naquele Bruno!

Nicholas pegou a sua bolsa do chão, colocou em seu ombro enquanto apressadamente devorava a sua maçã e saiu para a garagem me mandando um beijo rápido no ar.

                Aproveitei o resto da manhã conversando com o Brian e me dispus a mostrar rapidamente alguns pontos da cidade que ele gostaria de conhecer. Eu não fui hipócrita de chamar o Joe, então ele ficou em casa, mesmo. Não temos brigado muito ultimamente, apenas temos suportado a presencia de cada um. Isso não quer dizer que nos damos bem. Eu não pude ficar muito tempo mostrando a cidade para o Brian, pois tinha planos de me encontrar com o Chad. Fazia um tempo que não conversava com ele e decidi fazer uma vizita surpresa no seu trabalho.

Chad trabalhava por meio período numa loja de artigos esportivos do shopping local. Geralmente ele ainda tava lá antes do horário de almoço. Entrei na grande loja, que pelo horário não estava tão movimentada assim. Lá estava ele com a sua camisa esportiva que valorizava o seu corpo atlético, atendendo simpaticamente uma moça que simplesmente não estava nem mais prestando atenção no que ele dizia. Eu ri comigo mesma. Típico do Chad. Provavelmente o contrataram por ser um cara bem apessoado e capaz de convencer qualquer cliente a gastar uma boa grana nessa loja.

Esperei de longe ele terminar de atender a moça. Quando ele ficou livre, me aproximei antes que ele pudesse notar e o surpreendi pelas costas:

-Ei, bonitão. Não vai me atender também, não? – eu disse em tom de brincadeira. Ele se virou e abriu um enorme sorriso quando me viu.

-Miles! – ele me abraçou que me fez ficar na ponta do pé. – Veio me atrapalhar no serviço, é?

-Eu sei que daqui a pouco você vai sair para almoçar, então eu nem estou atrapalhando tanto assim.  

-Ainda bem que você apareceu. Nesse horário quase não tem movimento e hoje está um saco! – comentou.

-Eu não entendo o que você ainda está fazendo aí. Chad, você é formado em Direito! Poderia arrumar um emprego melhor na Itália, sei lá, de consultor, talvez.

-Fala sério... Vê se tenho cara de ter paciência para trabalhar todo engomadinho num escritório?  O único momento que fiz questão de trabalhar de terno foi quando eu ajudei uma moça encrenqueira a fugir da prisão. – ele apertou a ponta do meu nariz e eu sorri.

-E valeu a pena? – perguntei debochada.

-Muito! Eu sou capaz de fazer qualquer besteira por ela. – ele respondeu com um sorriso. O seu olhar se desviou do meu rosto e deu atenção ao meu braço. – O que aconteceu o com o seu braço? 

-Levei um tombo ontem. Acabei me cortando com caco de vidro. – eu respondi me lembrando de ontem a noite.

Pela sua expressão, ele notou que não foi um simples tombo. – Estava bêbada mais uma vez? – ele perguntou sério.

Eu suspirei profundamente e troquei um olhar obvio com ele. Isso já foi o suficiente para responder a sua pergunta. 

-E o Nick? – ele perguntou. Chad queria saber como ele estava reagindo a tudo isso.

-Ele me ajudou, como sempre, mas...

-Mas?

-O Joe viu. Acho que Nick explicou pra ele o que estava acontecendo. – eu respondi desanimada.

-E por que isso seria ruim? Pelo menos o Joe viu um lado seu que não conhecia. Sei lá, talvez ele repense melhor antes de ficar de julgando como uma golpista que não tem sentimentos.

-É, talvez você tenha razão... – concordei um pouco contrariada. Chad ainda percebeu que eu estava um pouco mau humorada. Eu odiava quando as pessoas passam conhecer minhas fragilidades. Eu tenho a vontade, talvez a necessidade, de estar no controle sempre. Pelo menos aparentar estar. Minhas fraquezas eu posso lidar sozinha, sem que ninguém precise se envolver nisso.

-É claro que eu tenho razão! Ele tinha que saber de alguma forma um pouco mais sobre você, a verdadeira você, para entender que você não é tão prejudicial assim na vida do Nicholas. Ok, talvez você seja um pouco, sim. – eu o empurrei de brincadeira e ele riu. – Mas você vai ver que ele vai passar a te ver de outra forma e não vai se comportar como antes.

-E se ele usar isso para me atingir? E se ele tentar colocar na cabeça do Nick que isso é só mais um motivo para eu estar atrapalhando a vida dele, com todos esses meus problemas? – eu decidi ir ao ponto. Não tinha nada a esconder do Chad, mesmo.

-Durante todo esse tempo que vocês estão juntos por acaso teve algum momento que o Joe aprovou? – ele perguntou e eu balancei negativamente. – E você acha que só mais “um motivo para você estar atrapalhando a vida do Nick” vai ser o suficiente para separar vocês? Quer dizer, isso é ridículo! Você pode ter todos os defeitos do mundo, mas, de qualquer forma,  você ainda é incrível. E se o Nick te deixar por isso, ele seria o maior imbecil da face da terra. –seus olhos verdes me encaravam penetrantes, mas preferi desviar o olhar e quebrar o clima estranho mudando de assunto.

-Falando em tentativas para nos atingir... Eu preciso te contar sobre umas coisas muito estranhas que estão acontecendo.

 Então o atualizei sobre todo aquele acontecimento no bar, o roubo do meu celular, as mensagens misteriosas, o Bruno e todo o nosso receio de qual o motivo disso tudo. Também aproveitei para contar sobre a minha suspeita da Selena e a briga que tive com ela e Nick e que no mesmo dia fui vigiada e perseguida na rua.

Chad ficou mais do que surpreso com as notícias e se chateou por eu não ter o contado antes. Ele disse que queria estar por perto para ajudar a desvendar essa confusão e descobrir quem é que está por trás disso tudo e o que quer em troca. Contei que agora, mais do que nunca, eu e principalmente Nick vamos precisar de mais treinamentos de luta e tiro. De alguma forma eu sentia que essas habilidades vão ser muito uteis a partir de hoje, pois podemos estar metidos com gente perigosa. Chad concordou e disse que vai nos ajudar nisso. Confessei que tinha receio do que quer que seja essa pessoa misteriosa por trás das mensagens possa fazer daqui pra frente. Seria que me entregariam para a polícia ou fariam algum mal ao Nick? Eu não posso deixar que isso aconteça. Nem que eu precise voltar sujar as minhas mãos de sangue de novo.

Joe Narrando

Encarei novamente aquela maldita pulseira na palma da minha mão. Eu não posso carregar mais essa dúvida. Se meu irmão estiver em perigo por causa de alguma coisa relacionada a essa Demi, eu vou ter que descobrir e logo! Não posso mais esperar aqui dentro dessa casa ela simplesmente aparecer na porta e me explicar tudo que está acontecendo.


Peguei minha carteira e celular, saí de casa sem paciência para avisar o Brian qualquer coisa. Aliás, ninguém pode saber quem estou procurando e o porquê disso. Essa cidade é pequena, não deve ser tão difícil achar pistas sobre uma britânica misteriosa que provavelmente pode estar envolvida com o tráfico junto com esse tal de Bruno.  É hoje que vou encontrar essa mulher e vou querer respostas!