Nicholas Narrando
O
Bruno? Aquilo não estava parecendo real. Por qual motivo o Bruno teria para
dopar a Miley daquele jeito e planejar toda aquela confusão com o celular
dela... Até a perseguição! Logo o meu colega de turma?
-Espera
aí, você está dizendo que aquele cara que estuda junto com o Nick que me dopou?
– perguntou Miley desacreditada. –Mas por quê ela faria isso?
Francesco
balançou a cabeça com uma expressão desanimada. – Eu não faço ideia... Quando
estávamos no bar naquele dia, eu estava um pouco alto e por não estar sóbrio,
eu não desconfiei que alguma coisa estranha estava acontecendo. Só depois que
eu vi o Nick meio esquisito na faculdade e as minhas lembranças começarem a
fazer sentido que eu entendi o que estava acontecendo. Vi claramente o Bruno
misturando a bebida da Miley com um líquido enquanto ela não estava vendo. E
logo depois ela ficou esquisita, meia lenta demais. E vi o Bruno a levando pro
lado de fora, dizendo que ela queria vomitar... Depois os dois não voltaram.
-Você
não ouviu nenhum comentário suspeito vindo dele? – eu perguntei.
-Não.
Isso é tudo o que eu sei.
Eu
troquei olhares preocupados com a Miley. Essa história está cada vez mais
estranha.
-Tudo
bem. – suspirei pesadamente. – Obrigado por contar pra gente.
-Por
favor, não falem pra ninguém que fui eu que contei para vocês. Eu não quero me
encrencar. – ele pediu nervoso. Eu assenti com a cabeça em concordância.
-Nós
não vamos envolver você nisso, Francesco. – Miley falou por nós dois. – Fica
tranquilo.
A
visita foi bem rápida. Não tinha muito o
que conversar depois de receber uma notícia dessas. Agradecemos mais uma vez ao
meu colega, e certificamos que ninguém vai saber que foi ele quem descobriu
tudo. Poucos minutos depois ele foi embora novamente. Fechei a porta e encarei
os rostos confusos da Miley, do Joe e do Brian.
-Qual é
a desse cara? Você sabe alguma coisa sobre esse tal de Bruno? – Miley perguntou
de braços cruzados.
Queria
dizer que não, que ele sempre foi um cara normal acima de qualquer suspeita.
Mas a realidade não era essa.
-Esse
cara não é legal de se envolver. – eu respondi. – Eu não posso dizer que ele é
uma pessoa má, porque nunca tive muita convivência com ele, mas...
-Mas...?
-Eu sei
que ele está envolvido com drogas. Ele que é o fornecedor lá da faculdade.
Miley
adotou um semblante mais sério ainda. –Nick, já pensou que esse cara só está
fazendo isso tudo para ganhar dinheiro às suas custas?
Eu
suspirei pesadamente. – Eu não sei, pode ser... Saber que foi ele só me deixou
ainda mais confuso. Quer dizer, como é que ele foi saber que você tem problemas
com a polícia?
Ouvi a
voz do meu irmão mais velho pronunciar. – Ele convivendo diariamente com você
deve ter o facilitado ainda mais a saber sobre a sua vida. E se ele é envolvido
com o tráfico...
-Ele
pode estar envolvido com gente da pesada. Gente que não presta até o ultimo fio
do cabelo. – Miley completou. – Não seria uma surpresa ele ser influenciado a
tentar ganhar dinheiro fácil em um milionário que nem você.
-Vocês
têm razão. – eu balancei a cabeça, enquanto voltava a sentar no sofá. – Agora
eu preciso tirar satisfações com esse cara.
-Nós
precisamos. – Miley corrigiu. – Eu vou junto com você. Mas não podemos fazer isso com pressa.
-Por
que não?
-Se ele
realmente estiver nos vigiando, viu o Francesco nos visitar, e perceber que já
sabemos sobre ele agora... O seu amigo vai se encrencar feio. Vamos dar um
tempo, ver qual é o próximo passo dele. E depois, quando tivermos a chance, nós
o encurralamos sozinho e tiramos a informação que queremos.
-E
damos um susto nele. – eu complementei pensativo. Esse filho da puta merece uma
boa lição por tentar mexer com a gente.
-Isso!
– Miley concordou.
Percebi
o olhar reprovador do Joe depois do meu comentário. Com certeza ele deve estar
pensando o quanto eu estou sendo influenciado pelo comportamento “violento” da
Miley. Mas quer saber? Todo mundo muda. Eu me encontrei numa situação em que eu
preciso aprender a me defender e a defender minha namorada, nem que seja de uma
maneira não pacífica. Diante de criminosos, você precisa se mostrar forte para
não ser ameaçado. E é isso que vamos fazer. Na hora certa.
-Só de
pensar que você estava desconfiada que a Selena estava envolvida nisso. – eu
balancei a cabeça achando graça. – Ela não é capaz de fazer mal nem para um
inseto. -Miley fechou a cara na mesma hora em que toquei no assunto.
-O que?
– O Joe riu. – Mas por qual motivo Selena faria isso?
-Porque
ela é uma sonsa, que nem o seu irmão. – Miley rebateu, se referindo a mim. – Se
faz de santinho para depois botar as asinhas para fora. – ela respondeu, me
fuzilando com olhar. Ah, sério mesmo que essa discussão ainda não acabou?
-O que
está acontecendo aqui? – Brian perguntou curioso, quebrando o seu silêncio
enquanto estava apenas nos ouvindo até agora.
-O seu
amiguinho preferiu defender a amiga atirada dele, em vez de ficar ao meu lado.
– Miley respondeu. Eu rolei os olhos e suspirei cansado com essa confusão.
Joe se
sentou no sofá de frente para nós, curioso para ouvir mais da nossa briga.
Parece cada vez mais animado em saber mais. –Eu faria o mesmo. – ele se meteu.
-Cala a
boca, Joseph! – eu o repreendi. A situação já não estava muito boa pro meu lado
e ele ainda quis atiçar ainda mais! – Miles, você sabe que isso não é verdade.
-Eu sei
que você preferiu me empurrar, para me “proteger” – ela fez sinal de aspas com
os dedos. – da polícia. E quando eu fui embora, você nem mesmo pensou em ir atrás
de mim. Ficou lá, cuidando da coitadinha da Selena.
-Ah,
por favor! Não vai começar tudo de novo, né? Nós não acabamos de nos entender
lá em cima?
-Ninguém
se entendeu lá em cima. Você só me beijou para tentar botar panos quentes em
cima desse assunto.
-Pelo
visto, você estava odiando. – Joe ironizou. Droga, esse cara gosta de ver o
circo pegar fogo! Miley lançou um olhar furioso para o meu irmão que fazia uma
cara sarcasticamente inocente. –Vai me
dizer que não? Eu sei que o Nick tava em cima de você, mas eu vi muito bem que
você tava concordando com aquela pegação toda.
-Joe,
não se mete na briga que é entre Miley e eu. – eu chamei sua atenção antes que
a Miley o mandasse tomar no cu. Porque pela cara dela, era exatamente o que ela
iria falar, senão coisa pior. – Desculpa, ok? – eu pedi.
Eu vi o
Brian cochichando alguma coisa para o meu irmão e contrariado, Joe se levantou
do sofá acompanhado do meu amigo. Os dois subiram para o segundo andar logo
depois. Brian deve ter me feito o favor de convencer o Joe a nos deixar a sós e
nos resolver sozinhos. Pelo menos tem alguém diplomático e com bom senso nessa
casa, né?
-Não
vai nesse papo do Joe que só porque eu correspondi aquele beijo que eu vou
deixar isso passar, me ouviu? – Miley cruzou os braços.
-Sinceramente,
Miley. Deixa de ser infantil. Ficar disputando quem tem mais minha atenção
agora não era uma coisa que eu esperava de você.
-Ah,
agora você acha isso ruim?- ela abriu um sorriso irônico. – Para quem estava se
divertindo fazendo joguinhos de ciúmes comigo no bar, é de se surpreender que
agora eu me tornei a infantil que começou com isso tudo.
-E o
que você quer que eu faça, Miley? Hein? Que eu peça desculpas a você? Eu já
pedi! – eu comecei a aumentar o tom de voz. – Com tanta coisa para se preocupar
agora, você fica dando importância a babaquice.
-Babaquice,
né? – ela repetiu e balançou a cabeça com um olhar reprovador me olhando de
cima a baixo. – Você fica se comportando como a porra de um Dom Juan e eu que
estou de babaquice. – eu ia retrucar,
mas ela não me deu tempo de falar. – E realmente, Nicholas. Eu estou cheia de
coisa para me preocupar agora. Não vou perder minha paciência com você e a
minhas babaquices.
Eu
suspirei pesado. Isso tem me deixado cansado. Eu só quero que tudo dê certo!
Logo agora que mais precisamos nos unir, estamos brigados. Ela virou de costas
para mim e subiu rapidamente as escadas.
-Miley!
Miley, espera. – eu a chamei, mas ela me ignorou e continuou o seu caminho até
o quarto.
Tentei
alcançá-la, mas ela foi mais rápida e entrou no quarto e fechou a porta na
minha cara antes de trancá-la. Eu fiquei uns dois minutos batendo na porta,
pedindo pra ela abrir a porta e conversar, até que a Miley abre a porta com uma
pilha de tecidos e joga pra o meu colo. Eram algumas peças de roupa minhas. Ela
jogou o travesseiro na minha cara também, que eu não consegui pegar e caiu no
chão.
-Mas o
que é isso? – eu perguntei indignado.
-Muita
inocência sua achar que eu ia deixar você dormir comigo depois disso. – Miley
respondeu. – Tenha uma boa noite. – e bateu a porta novamente e depois a
trancou.
Eu ia
gritar que o quarto era meu, mas isso só ia a deixar ainda mais enfurecida. E
do jeito que ela é, ela poderia até querer passar a noite fora de casa só por
orgulho.
Peguei
minhas coisas do chão, soltando palavrões aleatórios entre resmungos e fui para
o terceiro quarto de hospedes. Brian me viu passar pelo corredor, pelo seu
quarto aberto, e foi atrás de mim.
-Nick?
Ela te expulsou do quarto? – ele perguntou surpreso.
Eu
joguei meu travesseiro e as minhas roupas sobre a cama arrumada, enquanto
balançava a cabeça afirmativamente. – Ela está mais puta comigo ainda. Tudo
isso porque eu defendi a Selena.
Brian se sentou na beirada da
cama do meu lado. –É, eu ouvi vocês gritando sobre isso. – ele comentou. – Veja
pelo lado bom, cara. Agora você está sendo disputado por duas gatas. – ele
disse brincalhão enquanto me sacudia pelo braço. Eu ri da sua animação.
-Eu to
começando a me sentir culpado, cara. Acho que fiz besteira, mesmo. – confessei,
lembrando a maneira que agi. –Mas eu não era minha intenção ficar provocando a
Miley ou seja lá o que ela está pensando.
-Ela ta
chateada agora, mas ela também vai se tocar disso e vai perdoar você. Relaxa.
-Espero
que sim.
Eu e
Brian ficamos conversando até mais tarde. Fazia muito tempo que não conversamos
desse jeito. Ter meu melhor amigo por
perto para poder desabafar simplesmente faz toda a diferença. Com o tempo, a
Brian foi pro seu quarto dormir. Tomei um banho na suíte e coloquei a roupa de
dormir que a Miley tinha jogado pra mim. Mesmo contrariado e sentindo falta do
corpo da Miley do lado do meu, o sono chegou e dormi na cama de solteiro.
Joe Narrando
Virei
mais uma vez na cama, tentando arrumar um jeito de dormir, mas pelo jeito não
vou conseguir tão cedo. Eu não consigo parar de pensar nesse caso da Demi e do
tal Bruno. Esse tal colega do Nick poderia ser o cara que estava acompanhado da
britânica lá no bar. Ainda mais que de acordo com o meu irmão, esse Bruno é
metido com o tráfico e isso começou a se encaixar perfeitamente com o fato da
Demi estar armada rondando por ali. E se
ela estiver com algum plano junto com esse cara pra conseguir arrancar dinheiro
do meu irmão caçula?
Droga! Eu e meu imã de
mulheres-problemas!
Fui
burro em me deixar ser levado por algum tipo de desejo ou fetiche por um perigo
ambulante que nem ela. A única coisa que me alivia é que aparentemente ela não
sabia quem eu era. Se ela soubesse que sou o irmão do Nick e estiver mesmo
envolvida com esse roubo do celular, ela não teria nem mesmo pensado em me dar
os foras que me deu antes. Pelo menos, eu espero que não.
Eu ouvi
um barulho esquisito do primeiro andar da casa. Olhei o relógio pra me
certificar que era tarde o suficiente para todo mundo já estar dormindo. Estranho,
mas pelo barulho parece que tem alguém lá em baixo. Toda essa neura já está me
deixando doido... Mas quer saber? Não estou com sono, mesmo. Além disso, curiosidade está quase virando
meu nome do meio. Ouvi novamente outro barulho, dessa vez mais alto. Parecia o
som de coisas quebrando, como se alguém tivesse derrubado. Saí do quarto, com
pressa em saber o que estava acontecendo.
Logo vi
a porta do outro quarto de hospedes sendo aberta pelo Nick. Parece que ele
também ouviu o barulho. Pela sua cara ele tinha acabado ser acordado. Olhei ali
de cima e vi a Miley caída no chão ao redor de alguns cacos que antes pareciam
ser um enfeite de cristal que estava em
cima de uma mesinha que também estava jogada no chão, próxima ao sofá. De primeira,
achei a visão meio confusa, mas depois percebi uma garrafa quase vazia de
alguma bebida que eu não conseguia identificar. Um pouco do líquido também
tinha derramado no chão por causa do possível tombo.
-Não
foi nada, não. Podem voltar a dormir. – Miley disse com uma voz arrastada
quando percebeu nossa presença no andar de cima. Bêbada era pouco pra descrever
o estado dela. Estava, no mínimo,
acabada.
-Merda.
– Nick murmurou logo antes de descer as escadas rapidamente. Ele acendeu a luz da sala e foi possível ver
melhor o estrago que a sua namorada problemática fez. Miley tentou levantar sozinha, mas meu irmão
não deixou que ela fizesse. – Espera! Cuidado com os cacos de vidro. Está tudo
bem com você? – ele a analisou por inteiro e percebeu um corte no seu braço.
Nick puxou o braço dela para observar melhor o ferimento.
-Só foi
um machucadinho. Não precisa se preocupar. – ela disse meio enrolada. – Aliás,
eu posso me virar sozinha. Volta a dormir, vai.
-Eu não
vou voltar a dormir sabendo que você está nesse estado. – ele insistiu. – Para
de teimosia e deixa eu te ajudar. - Nick não esperou mais alguma reação da
Miley e puxou pro seu colo, longe dos cacos de vidro que provavelmente a
cortariam ainda mais, se ela “se virasse sozinha”.
Eu
desci as escadas para me aproximar e saber o que está realmente acontecendo.
Por que a Miley encheu a cara até cair de bêbada há essa hora da noite? E por
que o Nick está agindo com tanta familiaridade com isso, como se já tivesse
acontecido outras vezes? Nick colocou a Miley no sofá, que já tinha notado a
minha presença por perto.
-O que
você está fazendo aqui? – ela perguntou lentamente, mas mesmo assim com uma
conotação nada gentil.
-Eu
estou aqui porque ouvi um barulho estranho vindo daqui de baixo. Agora eu quero
saber o porquê disso.
-Eu
caí. Pronto, você já está sabendo. Pode dar o fora agora. –ela pode estar em
péssimo estado, mas ainda está afiada nos seus foras.
Eu encarei
o meu irmão, esperando respostas, mas ele estava mais preocupado com a Miley
nesse momento. Ele voltou o seu olhar para a víbora alcoolizada. Franziu a
testa, observando mais uma vez o
machucado no braço da Miley que estava começando a sangrar e não parecia uma
coisa muito pequena. Nick tirou a sua camisa e pressionou o tecido contra o
corte para estancar com mais rapidez. – Continua pressionando assim. Eu vou
pegar a caixa de primeiros socorros lá no banheiro. Não sai daí, ok? – ela
balançou a cabeça e ele beijou a sua testa carinhosamente e se afastou. –Joe. – ele olhou pra mim e fez um gesto para
que eu o seguisse. Assim eu fiz.
Eu o
acompanhei até o banheiro do primeiro andar. Nick me esperou entrar para fechar
a porta. Ele sabia que eu estava confuso e que ele deveria me explicar o que
estava acontecendo.
-Isso
tudo foi só porque vocês brigaram? – perguntei, cruzando os braços.
Ele
balançou a cabeça negativamente. – Não. Não é a primeira vez que acontece e
acho que não vai ser a última. A Miley... – ele demorava pra escolher as
palavras. – ela... encontrou um jeito para tentar lidar com os traumas dela.
Ela sofre com pesadelos de noite. –ele percebeu que eu continuei quieto o
ouvindo e isso o encorajou a desabafar mais sobre isso. -Pesadelos sobre o
passado dela, sobre todo o sofrimento que ela passou em Nashville. Às
vezes também é sobre a culpa de tudo que ela fez. É como se o subconsciente
dela concentrasse toda a culpa que ela sente para os pesadelos. Ela já passava por isso antes de me conhecer.
Quando a gente passou a morar juntos, no começo, ela não gostava de falar
comigo sobre isso. Ela fingia que era nada e tentava mudar de assunto. Mas era
impossível deixar isso para lá ou achar que não era nada demais! Era muito
frequente, era quase todo dia! Eu fui insistindo e com o tempo ela foi se
abrindo comigo, contando sobre o que era os pesadelos. Eu passei a ajudar
nisso, do meu jeito. Ela melhorou muito de uns tempos pra cá, mas ela ainda
tem. Eu já disse que eu pagaria o melhor terapeuta para ajudar pra valer nisso,
mas ela não quer. Ela tem medo que se descobrirem a verdade, quem ela é, vai
tudo por água abaixo.
-Então
toda vez que ela tem um pesadelo, ela bebe?
-A
maioria das vezes, sim. Ela bebe pra tentar tirar a tensão ou só pra esquecer e
voltar a dormir. – ele respondeu triste. – Se eu estivesse lá com ela. Se eu
estivesse perto dela hoje, talvez ela não teria descido pra beber. Ela não
teria se machucado.
-Nicholas,
não é culpa sua. – eu disse o segurando pelos ombros. – Você não tem
responsabilidade nenhuma com o que aconteceu com ela hoje.
-É
culpa do nosso pai. – ele respondeu baixo. –Por todas as vezes que isso já
aconteceu. Por tudo de ruim que aconteceu na vida dela. Você não vê isso?
A
verdade. A mais ácida verdade. Quem causou isso tudo foi realmente o nosso pai.
-Sim,
eu vejo. Mas isso não faz dela menos culpada pelo que fez.
-Eu sei
disso, mas ela já lida com essa culpa o suficiente. Não precisa de mais alguém
a julgando e tentando a separar de mim, ok? – ele me respondeu com um olhar
acusador.
Eu
suspirei pesadamente. Indiretamente, ele estava me pedindo para ceder, para dar
uma chance pra valer para a Miley. Eu não gosto dela, e isso não vai mudar tão
cedo. Mas eu tenho alguma escolha?
-Eu só
não queria que você fosse babá de uma alcoólatra. – o seu olhar era reprovador.
– Ta, ok. Desculpa. Você venceu! Eu vou dar uma trégua...
-Só não
comente nada sobre o que eu disse pra você, ok? – eu assenti em concordância. Nick
pegou a caixa de primeiros-socorros que estava dentro do armário. -Vou logo lá pra sala antes que a Miley
se machuque mais.
Voltamos
para a sala. Por sorte, a Miley continuou no mesmo lugar onde foi deixada. Vi
que o Nick suspirou em cansaço ao olhar para a bagunça na sala que teria que
arrumar.
-Vai
cuidar dela. Pode deixar que eu arrumo isso. – eu avisei. Ele me olhou
esquisito, estranhando a minha generosidade. – É melhor aproveitar enquanto
estou bonzinho com você, senão eu desisto e volto a dormir.
Nick
sorriu e me deu dois tapinhas no ombro.
–Valeu, Joe.
-Tá. –
eu respondi tentando parecer indiferente, sem querer alimentar muito esse
momento fraternidade.
Miley
Narrando
Abri os
olhos lentamente, já sentindo os raios do sol entrando pela fresta entre as
cortinas do quarto. Minha cabeça doía, mas não pude deixar de notar o conforto
que sentia. Nick ainda dormia ao lado, dormindo profundamente. Seu corpo colado
no meu e seu braço me envolvendo. Ele parecia estar bastante cansado. E não é a
toa.
Meu
corte no braço estava coberto por um curativo e não parecia doer mais quanto eu
lembrava ontem. Eu usava uma camiseta limpa do Nick e uma calcinha que não
lembro ter usado ontem. Meu cabelo ainda estava levemente úmido e eu não
cheirava a bebida. Ele deve ter me dado banho e trocado a minha roupa.
Vi que
no criado-mudo ao meu lado tinha uma jarra de água e um copo vazio. A aspirina
estava ali também, bem em cima de um pequeno bilhete. Peguei a aspirina e tomei
com bastante água. Logo depois li o bilhete.
“Desculpa
por ter sido um imbecil. Te amo”. Estava escrito na sua letra corrida.
Provavelmente ele fez o bilhete achando que ia dormir no outro quarto, mas por
algum motivo acabou dormindo aqui do meu lado. Abri um sorriso comigo mesma. Esse
imbecil sabe como me amolecer.
Fofo da
parte dele, patético da minha. Eu não deveria ter dado tanta preocupação pra
ele. Odeio quando dou tanto trabalho desse jeito no meio da noite. Eu deveria
saber me virar sozinha e saber me garantir sem dar dor de cabeça pra ninguém.
Dei um
beijo na sua bochecha e levantei da cama. Me vesti com as minhas próprias
roupas adequadamente e penteei o cabelo antes de descer para a cozinha para
comer alguma coisa. Joe e Brian já estavam acordados tomando café da manhã na
ilha da cozinha. Eu olhei para cara do Joe e o Joe olhou para minha cara em
silêncio. O que falaríamos? “Ei, dormiu bem ontem a noite?”. Além de ter sido bem constrangedor saber que
ele viu tudo o que aconteceu de madrugada.
-Bom
dia. – ouvi a voz agradável de Brian quebrar a quietude. Ele tinha um simpático
sorriso no rosto.
Eu
sorri de volta. – Bom dia!
-O que
aconteceu com o seu braço? – ele perguntou preocupado apontando para o
curativo.
Eu vi o
Joe me encarar, esperando pela minha resposta. – Eu escorreguei e acabei caindo
junto com o enfeite de vidro da sala. – eu dei de ombros. – Sou uma desastrada,
mesmo. Não foi nada demais.
-Então...
– Brian continuou a falar, sem abrir mão de comer ao mesmo tempo. – Você e Nick
fizeram as pazes ontem, né? Eu vi que ele não estava mais no outro quarto. –
ele fez a observação com um sorriso malicioso. Eu ri.
-Mais
ou menos. Quer dizer, não foi bem assim. Ainda não o perdoei oficialmente.
Ainda vamos conversar sobre isso.
-Se
ajuda, ele me disse que estava arrependido. Nick gosta de você, mas às vezes
ele é meio lerdo não saca muito a mente feminina. Ele não fez de propósito. –
Brian continuou a tagarelar.
-Obrigada
por tentar ajudar, Brian. – eu ri. – Mas ele vacilou feio comigo e temos que
conversar melhor sobre isso.
-Ah,
não seja ridícula! – a voz de indignação do Joe deu o ar de sua graça pela
primeira vez no dia para mim.
-Como é
que é?
-Você
sabe muito bem o que eu quero dizer. – ele pegou o seu sanduiche e saiu da
sala, evitando que a discussão rendesse mais alguma coisa.
Acho que sei o que quis
dizer. Joe estava se referindo à ontem a
noite quando Nick cuidou de mim. Pelo olhar dele, ele acha que estou sendo dura
demais com o seu irmão.
Brian ficou meio confuso com o
meu rápido dialogo com o Joe, enquanto eu me recusei a explicar alguma coisa
sobre isso e passei a comer meu café da manhã. Não demorou muito tempo para
Nick descer e ir direto para cozinha. Ele já estava arrumado e com a sua bolsa
transpassada, pronto para ir para faculdade. Ele estava com uma cara de sono,
mas ainda estava lindo.
-Bom dia. – ele disse
educadamente. Ele sorriu para o seu melhor amigo por momentos breves e depois
direcionou o seu olhar para mim.
-Bom dia, Nick. – Brian começou a
perceber a nossa troca de olhares silenciosos. – Acho que ta na minha deixa. –
ele murmurou. – Vou deixar vocês sozinhos, aí. – e rapidamente saiu da cozinha,
adivinhando exatamente o que precisávamos.
-Você leu o meu bilhete? – ele
perguntou e eu logo concordei com um aceno de cabeça. – E então? Me perdoa?
Os seus olhos cor de chocolate me
encaravam de uma maneira tão adorável que deveria ser proibida.
-Nunca mais faça uma coisa
parecida, ok? Aquela sonsa já é louca por você, aposto que ela já deve estar se
achando sua dona depois de ontem. – eu entrei na defensiva.
–Olha Miles, eu não queria ser
colocado naquela situação de quem escolher. Você é a minha namorada e ela é
minha amiga. Por mais que vocês não se gostem, eu não quero virar as costas pra
uma só pra deixar a outra satisfeita, entende? Mas eu me arrependo de ter te
magoado de alguma forma. Desculpa.
Eu suspirei pesadamente quando me
veio à cabeça que estou numa situação parecida. O Chad é o meu melhor amigo e
eu nunca ia querer ser obrigada a ter que tomar algum partido. Os dois são
importantes pra mim.
-Tudo bem, eu te perdoo. – eu respondi
finalmente. Ele sorriu satisfeito.
Nick largou sua bolsa no chão de
qualquer jeito e se aproximou de mim. Seus olhos fitando os meus. Ele
entreabriu os seus lábios os deixando ainda mais convidativos. Suas mãos
envolveram a minha cintura de uma forma carinhosa e me beijou.
-Obrigada por ontem. – eu
sussurrei quando nossas bocas se separaram, mas nossos rostos ainda estavam bem
próximos. Ele balançou a cabeça carregando um sorriso.
-Não precisa agradecer. – ele
respondeu igualmente baixo.
Seu hálito fresco batia em meu
rosto, atraindo ainda mais os lábios de volta para sua boca. Beijei seus lábios
suavemente e passei a distribuir beijos demorados na sua bochecha, maxilar,
pescoço... Abracei o seu corpo quente quando senti suas mãos acariciarem minhas
costas por debaixo da blusa. Deixei uma leve mordida em sua nuca e voltei a
beijá-lo na boca. Sua língua habilidosa explorava a minha boca e me deixava
cada vez mais ansiosa pra mais. Mais do Nick.
Como eu queria que ele ficasse
hoje em casa e expulsasse Joe e Brian por um tempo só pra termos a casa e o dia
inteiro só pra nós dois! Nos separamos lentamente, já cientes que não poderia
rolar nada agora. O Nick já estava atrasado.
-Eu tenho que ir. Já está em cima
da hora. – ele disse um pouco desanimado de ir embora.
-Leva isso aqui. – o estendi uma
maçã. –Pelo menos pra não ir de barriga vazia.
Ele pegou a maçã com um sorriso
fofo e me deu um selinho rápido antes de se afastar. Antes que ele saísse da
cozinha, eu o puxei pela gola para mais um beijo intenso e apressado.
-Não me faça mudar de ideia e
faltar tantas aulas por sua causa. – ele murmurou antes de me dar um chupão na
nuca.
-Então vai logo antes que eu te
prenda em casa. – respondi em um suspiro e o empurrei.
-Nos vemos no almoço? – ele
perguntou. Às vezes eu me encontrava com Nick depois de suas aulas no horário
do almoço para comermos num restaurante por perto da sua faculdade.
-Ok, eu te encontro por lá. Ah,
fica de olho naquele Bruno!
Nicholas pegou a sua bolsa do
chão, colocou em seu ombro enquanto apressadamente devorava a sua maçã e saiu
para a garagem me mandando um beijo rápido no ar.
Aproveitei
o resto da manhã conversando com o Brian e me dispus a mostrar rapidamente
alguns pontos da cidade que ele gostaria de conhecer. Eu não fui hipócrita de
chamar o Joe, então ele ficou em casa, mesmo. Não temos brigado muito
ultimamente, apenas temos suportado a presencia de cada um. Isso não quer dizer
que nos damos bem. Eu não pude ficar muito tempo mostrando a cidade para o
Brian, pois tinha planos de me encontrar com o Chad. Fazia um tempo que não
conversava com ele e decidi fazer uma vizita surpresa no seu trabalho.
Chad trabalhava por meio período
numa loja de artigos esportivos do shopping local. Geralmente ele ainda tava lá
antes do horário de almoço. Entrei na grande loja, que pelo horário não estava
tão movimentada assim. Lá estava ele com a sua camisa esportiva que valorizava
o seu corpo atlético, atendendo simpaticamente uma moça que simplesmente não
estava nem mais prestando atenção no que ele dizia. Eu ri comigo mesma. Típico
do Chad. Provavelmente o contrataram por ser um cara bem apessoado e capaz de
convencer qualquer cliente a gastar uma boa grana nessa loja.
Esperei de longe ele terminar de
atender a moça. Quando ele ficou livre, me aproximei antes que ele pudesse
notar e o surpreendi pelas costas:
-Ei, bonitão. Não vai me atender
também, não? – eu disse em tom de brincadeira. Ele se virou e abriu um enorme
sorriso quando me viu.
-Miles! – ele me abraçou que me
fez ficar na ponta do pé. – Veio me atrapalhar no serviço, é?
-Eu sei que daqui a pouco você
vai sair para almoçar, então eu nem estou atrapalhando tanto assim.
-Ainda bem que você apareceu.
Nesse horário quase não tem movimento e hoje está um saco! – comentou.
-Eu não entendo o que você ainda
está fazendo aí. Chad, você é formado em Direito! Poderia arrumar um emprego
melhor na Itália, sei lá, de consultor, talvez.
-Fala sério... Vê se tenho cara
de ter paciência para trabalhar todo engomadinho num escritório? O único momento que fiz questão de trabalhar
de terno foi quando eu ajudei uma moça encrenqueira a fugir da prisão. – ele
apertou a ponta do meu nariz e eu sorri.
-E valeu a pena? – perguntei
debochada.
-Muito! Eu sou capaz de fazer
qualquer besteira por ela. – ele respondeu com um sorriso. O seu olhar se
desviou do meu rosto e deu atenção ao meu braço. – O que aconteceu o com o seu
braço?
-Levei um tombo ontem. Acabei me
cortando com caco de vidro. – eu respondi me lembrando de ontem a noite.
Pela sua expressão, ele notou que
não foi um simples tombo. – Estava bêbada mais uma vez? – ele perguntou sério.
Eu suspirei profundamente e
troquei um olhar obvio com ele. Isso já foi o suficiente para responder a sua
pergunta.
-E o Nick? – ele perguntou. Chad
queria saber como ele estava reagindo a tudo isso.
-Ele me ajudou, como sempre,
mas...
-Mas?
-O Joe viu. Acho que Nick
explicou pra ele o que estava acontecendo. – eu respondi desanimada.
-E por que isso seria ruim? Pelo
menos o Joe viu um lado seu que não conhecia. Sei lá, talvez ele repense melhor
antes de ficar de julgando como uma golpista que não tem sentimentos.
-É, talvez você tenha razão... –
concordei um pouco contrariada. Chad ainda percebeu que eu estava um pouco mau
humorada. Eu odiava quando as pessoas passam conhecer minhas fragilidades. Eu
tenho a vontade, talvez a necessidade, de estar no controle sempre. Pelo menos
aparentar estar. Minhas fraquezas eu posso lidar sozinha, sem que ninguém precise
se envolver nisso.
-É claro que eu tenho razão! Ele
tinha que saber de alguma forma um pouco mais sobre você, a verdadeira você,
para entender que você não é tão prejudicial assim na vida do Nicholas. Ok,
talvez você seja um pouco, sim. – eu o empurrei de brincadeira e ele riu. – Mas
você vai ver que ele vai passar a te ver de outra forma e não vai se comportar
como antes.
-E se ele usar isso para me
atingir? E se ele tentar colocar na cabeça do Nick que isso é só mais um motivo
para eu estar atrapalhando a vida dele, com todos esses meus problemas? – eu
decidi ir ao ponto. Não tinha nada a esconder do Chad, mesmo.
-Durante todo esse tempo que
vocês estão juntos por acaso teve algum momento que o Joe aprovou? – ele
perguntou e eu balancei negativamente. – E você acha que só mais “um motivo
para você estar atrapalhando a vida do Nick” vai ser o suficiente para separar
vocês? Quer dizer, isso é ridículo! Você pode ter todos os defeitos do mundo,
mas, de qualquer forma, você ainda é
incrível. E se o Nick te deixar por isso, ele seria o maior imbecil da face da
terra. –seus olhos verdes me encaravam penetrantes, mas preferi desviar o olhar
e quebrar o clima estranho mudando de assunto.
-Falando em tentativas para nos
atingir... Eu preciso te contar sobre umas coisas muito estranhas que estão
acontecendo.
Então o atualizei sobre todo aquele
acontecimento no bar, o roubo do meu celular, as mensagens misteriosas, o Bruno
e todo o nosso receio de qual o motivo disso tudo. Também aproveitei para
contar sobre a minha suspeita da Selena e a briga que tive com ela e Nick e que
no mesmo dia fui vigiada e perseguida na rua.
Chad ficou mais do que surpreso
com as notícias e se chateou por eu não ter o contado antes. Ele disse que
queria estar por perto para ajudar a desvendar essa confusão e descobrir quem é
que está por trás disso tudo e o que quer em troca. Contei que agora, mais do
que nunca, eu e principalmente Nick vamos precisar de mais treinamentos de luta
e tiro. De alguma forma eu sentia que essas habilidades vão ser muito uteis a
partir de hoje, pois podemos estar metidos com gente perigosa. Chad concordou e
disse que vai nos ajudar nisso. Confessei que tinha receio do que quer que seja
essa pessoa misteriosa por trás das mensagens possa fazer daqui pra frente.
Seria que me entregariam para a polícia ou fariam algum mal ao Nick? Eu não
posso deixar que isso aconteça. Nem que eu precise voltar sujar as minhas mãos
de sangue de novo.
Joe Narrando
Encarei novamente aquela maldita
pulseira na palma da minha mão. Eu não posso carregar mais essa dúvida. Se meu
irmão estiver em perigo por causa de alguma coisa relacionada a essa Demi, eu
vou ter que descobrir e logo! Não posso mais esperar aqui dentro dessa casa ela
simplesmente aparecer na porta e me explicar tudo que está acontecendo.
Peguei minha carteira e celular,
saí de casa sem paciência para avisar o Brian qualquer coisa. Aliás, ninguém
pode saber quem estou procurando e o porquê disso. Essa cidade é pequena, não
deve ser tão difícil achar pistas sobre uma britânica misteriosa que
provavelmente pode estar envolvida com o tráfico junto com esse tal de Bruno. É hoje que vou encontrar essa mulher e vou
querer respostas!
Finalmenteeeeeeee!
ResponderExcluirDemorou, mas em compensação o capitulo ta P-E-R-F-E-I-T-O
AMEI AMEI AMEI KKKK
Tomara que o Joe encontre logo a Dems
A fanfic ta ficando cada vez mais emocionante! Fã numero 1 👉👉👩
Posta logo, beijooo
Heeey! :D
ExcluirObrigada, Thalita <3
E ele vai encontrar! No capítulo 12 ele já encontra!
Já postei o novo capítulo. Espero que você continue amando!!
Obrigada pelo comentário, fá no 1 *-* <3 kkk
Beijoss
Finalmente vc postou.
ResponderExcluirAdorei o capitulo. Vc esta me deixando cada vez mais curiosa com todo esse mistério.
Eu aqui achando q a Miley e o Nick iam ter "aquela reconciliação", se é q vc ne entende, durante a noite e a Miley vai e resolve colocar o Nick pra fora do quarto kkkkkk.
Espero q o Joe encontre logo a Demi e descubra no q ela esta metida e o pq. E que ele conte logo o q sabe para o Nick.
Enfim... adorei o capítulo como sempre. E espero q nao demore pra vc postar o próximo.
Bjos!!!
Oi Jééll!!!
ExcluirOba, adoro deixar as pessoas curiosas! To indo no caminho certo, então.kkkkkkkkk
Pois é, mas ela estava chateada, né? Não tinha como rola reconciliação com a Miley daquele jeito haha
Ele logo logo vai encontrar! (cap 12 rs)
Eu não demorei, viu? Acabei de postar o novo capítulo e espero que goste!
Obrigada pelo comentário
Beijosss <3
Amei haha
ResponderExcluirPosta logo!!!
Obrigada! kkkkkk
ExcluirJá postei um novo capítulo! Espero que goste, pessoa anônima.
Beijinhos!