Capítulo 8
Nicholas Narrando
Abri os olhos lentamente já sentindo os raios solares que tomavam todo o quarto incomodando- os. Cocei minha vista ainda pesada e espreguicei-me. Abri um sorriso lembrando do motivo dessa preguiça. Virei para Miley que ainda dormia tranquilamente.
A luz do sol brilhava sobre a pele aveludada de suas costas desnudas, a deixando ainda mais bela. Num ato quase vicioso, botei sua franja que teimava em cair em sua face atrás da orelha. Um semblante límpido e sereno tomava conta de seu rosto angelical. Com um ar tranquilo, nem parecia a mesma garota que de madrugada teve um sono um tanto agitado, mesmo assim, ela não acordou.
Fiquei por alguns minutos a observando atentamente cada traço de seu rosto e seu corpo que não estava coberto pelo lençol. A cada segundo eu me via ainda mais atraído e encantado por ela. Miley foi feita pra mim, eu tinha certeza disso. Acariciei seu rosto delicadamente para não acordá-la, depois deslizei para suas costas...
Até que parei de alisá-la quando percebi algum tipo de mancha um pouco mais acima do canto do seu quadril. Não era exatamente uma mancha natural. Abaixei mais o pouco o lençol que cobria e aí que percebi. Realmente não era uma macha, era uma tatuagem. Uma faca (talvez uma estaca) fincada em um coração e em volta havia chamas. Mesmo sendo um desenho que chamaria atenção, ele era discreto, pois era uma tatuagem pequena. Ontem eu nem tinha percebido por causa da falta de luminosidade. Também estava tão entretido, que nem dei devida atenção pra algumas partes do seu corpo.
Olhei pro relógio. Já eram dez e meia da manhã. Nem me importei com a escola, eu já estava mais do que atrasado mesmo, não me preocuparia em me apressar agora. Ainda mais quando estou do lado dela. Não queria a tirar de um tão tranquilo sono, mas também não consigo mais voltar a dormir. Então fui ao banheiro fazer minha higiene matinal enquanto isso.
Miley Narrando
Acordei ainda um pouco relutante, mas a luz do sol não me deixaria escolha. Olhei para o lado estranhando um certo vazio na cama. Logo percebi que Nicholas estava no banheiro, devido ao barulho da torneira. Vesti novamente minha roupa de baixo e coloquei a confortável camisa dele. Fiz um coque mal feito, incomodada com o meu volumoso – e embaraçado- cabelo. Como a suíte já estava ocupada, fui fazer minha higiene matinal no outro banheiro.
No caminho até lá, senti uma movimentação a mais vinda do outro quarto. Provavelmente o Joe já chegou de mais uma festinha de filhinho de papai e gente tipicamente hollywoodiana “descolada” (lê-se fútil). Depois de rolar os olhos imaginando o tipo de gente que ele andava, finalmente entrei no banheiro.
Quando terminei todo meu ritual higiênico, fui para o quarto do caçula. Ele me esperava estirado em sua cama vestindo apenas sua Box branca.
–É só tirar os olhos de você, e já some assim?- perguntou brincalhão, arqueando as sobrancelhas.
–Oh, desculpe escapar da sua visão. – disse irônica. – Mas esse banheiro já estava ocupado e estava necessitando de um. Aliás, é um saco “escovar” os dentes com o dedo. Na próxima vez, me lembre de trazer uma escova.
– É claro que vou te lembrar de trazer uma escova de dente quando estivermos naquele clima. Aham.
Eu ri enquanto engatinhava na cama até chegar o seu rosto e dei um rápido beijo em seus lábios. Logo tinha lembrado: a agenda! Eu precisava vir aqui com uma mochila.
–Já que matamos aula, será que você não pode me ajudar em Física? – me sentei em cima do Nick, deixando cada perna de um lado de seu corpo.
–Vamos voltar ao assunto da escova? – ele riu. – É bem melhor do que conversar sobre estudos agora.
–Estou falando sério! Eu tenho um pouco de dificuldade nessa matéria e eu iria tirar a dúvida hoje na aula, mas como dá pra ver, nenhum de nós foi. – eu fiz um biquinho. – Por favor...
–Tudo bem. – ele sorriu. – Mas acho melhor você trazer seus exercícios que eu te mostro onde errou e te ajudo.
–Ok. Assim eu pego a minha mochila e troco de roupa. – me animei.
Ele levantou o tronco para ficar sentado na minha altura e apoiou seu peso com as mãos atrás de si.
– Ah! Eu não sabia que você tinha uma tatuagem.
A maldita tatuagem! Lembro muito bem quando Steve descobriu que tinha feito uma quando fiquei bêbada. Ele quase me matou! E tem motivos pra isso. A tatuagem é uma das formas mais eficientes de identificar um criminoso. E a anta aqui encheu a cara e fez uma.
–Nem me lembre dela! Isso aqui foi o resultado de muito álcool e companhia sem noção. – foi a mais pura verdade, mas nada se encaixa melhor do que essa desculpa.
–Seu pai deve ter tido um troço quando descobriu. – disse ele franzindo o nariz.
– Com certeza!
– Mas eu adorei. Ficou supersexy em você. – sorriu sapeca.
–Obrigada, Nick. – sorri.
– Você pode estudar aqui? Porque aí agente aproveita esse dia ensolarado pra dar um mergulho na piscina depois dos estudos. O que você acha?
–Claro, eu vou adorar.
–Então eu vou tomar um banho para depois agente comer alguma coisa e ir para sua casa, ta bom?
–Só se eu tomar banho com você. – falei com um olhar travesso.
– É pra já! – ele se levantou me carregando em cima de seu ombro.
Nicholas me levou para o banheiro me segurando pelas pernas enquanto eu ria me divertindo com a “carona” em seu ombro.
Ele me sentou na pia e começou a tirar novamente a sua camisa do meu corpo. Seu sorriso estampava todas as suas intenções quando me viu de lingerie de novo. E essas intenções não eram nada inocentes. Eu soltei meu cabelo que mesmo um pouco desarrumado, caiu sensualmente em cascatas, como eu esperava. Nicholas, por sua vez, me beijou provocantemente enquanto seus dedos se enroscavam em minhas mechas. Enquanto isso, eu mesma tirava meu sutiã. Quando me livrei dele, joguei-o longe sem nem desgrudar da boca do Nick.
Eu estava gostando disso. Uma das melhores partes de se envolver com alguma vítima (os sexy’s, como Nick e Juan) é fazê-los de brinquedinho sexual. Esses são um dos poucos momentos em que não me preocupo em fingir. Cruel? Crueldade nunca é demais. E sexo também não.
Minutos depois...
Entre conversas furadas e alguns selinhos, eu e Nick comíamos como dois animais esfomeados. Enquanto eu estava sentada em cima da enorme bancada da cozinha, ele se encontrava sentado em uma cadeira alta a minha frente se deliciando com seu sanduiche de manteiga de amendoim com geleia.
– Pena que o Joe está aqui em casa e meu pai e a Christine voltam amanhã. – disse um pouco chateado. – Queria ficar sozinho aqui com você por uma semana inteira. – ele largou seu sanduiche no prato ao meu lado para conversar melhor comigo.
– Você é um fominha, sabia? - ele riu com a minha frase. – Mas eu também queria passar mais tempo com você. – sorri meigamente. – Essa noite foi simplesmente perfeita.
–Foi mesmo. – disse com olhar distante.
Nós ficamos trocando olhares por um tempo até que Nick se levantou e me juntou nossos lábios. Mas dessa vez não era um beijo rápido. Era mais um beijo apaixonado e carregado de ilusão. Eu abracei seu pescoço para juntarmos mais. Quando nos separamos, Nick lançou aquele tímido sorriso.
– Eu te amo tanto, que você nem imagina. – disse acariciando meu rosto com o polegar. – Eu não consigo mais parar de pensar em você.
–Também não. – menti.
Nosso momento casalzinho digno de um livro de Nicholas Sparks foi interrompido por uma figura adentrando a cozinha com apenas a calça de um pijama, expondo todos os seus definidos músculos. Joe continuou seu caminho até a geladeira sem nem mesmo direcionar seu olhar pra nós.
–Bom dia, Nick. – disse tirando o leite da geladeira.
Nick limpou a garganta de falsamente para chamar sua atenção. Até que ele parou quando percebeu minha presença.
–Ah! Tinha esquecido que você dormiu aqui. – ele disse normalmente. – Bom dia pra você também.
– Como assim tinha esquecido? Você já sabia? – perguntou Nick estranhando.
–Eu não sou surdo, sabe. Consegui ouvir alguns barulhos suspeitos vindos do seu quarto, então logo soube que Miles estava aqui. Sejam mais silenciosos na próxima vez. – disse enquanto botava o leite e algumas frutas dentro do liquidificador.
Apenas uma palavra para descrevê-lo: Inconveniente. Mas um inconveniente com um corpo maravilhoso por sinal.
– Joe! - o mais novo resmungou. – Será que dá pra respeitar pelo menos a Miley?
–Só estou sendo sincero. – disse alto por causa do liquidificador que batia sua vitamina de frutas.
–Desculpa, Joe. Vamos tentar ser mais discretos. – eu disse. Esse jeitinho educado e fofo que tenho que fingir já está me irritando. Estou louca para mandar esse cara tomar naquele lugar.
–Sem problemas. – disse.
Quando o desligou o liquidificador, Joe lançou um olhar de cima a baixo pra mim e um sorrisinho. Não sei muito bem que tipo de sorriso era aquele. Talvez simpatia? Quer saber? Não faço a mínima ideia.
–Como foi a comemoração? – eu e Nick nos entreolhamos já imaginando que a pergunta seja mais um comentário malicioso dele. – O boliche. – falou. Provavelmente deve ter percebido o que imaginávamos.
–Foi muito legal. – disse Nick sorrindo. – Miles chamou meus amigos que fizeram uma mini festa surpresa pra mim. Ah! Você não sabe o que aconteceu com agente...
Quando me dei conta que Nicholas iria falar sobre a tal luta com o bandido, rapidamente o interrompi. – Amor, vamos logo lá pra minha casa pra buscar minhas coisas. O dia está passando e se demorarmos, não vamos conseguir aproveitar a piscina depois dos estudos.
–É mesmo. – disse sem se importar com a minha interrupção na conversa dos dois. - Então até mais tarde Joe. – saiu da cozinha em direção ao seu quarto para pegar suas chaves do seu carro vermelho.
– Tchau Joe. – despedi simpática acenando com a mão.
– Tchau, Miles. – ele soltou aquele mesmo sorrisinho estranho pra mim novamente. Será que ele está dando em cima de mim?
Apenas sorri em retribuição e fui para a garagem esperar pelo Nick. Quer saber? Até que esse Joe não é de se jogar fora, não. Mas é claro que não vou dar uma de engraçadinha pra pegar os dois irmãos. Tenho uma falsa boa reputação a manter.
Á tarde...
Nós dois já tínhamos estudado Física, e eu já consegui guardar a tal agenda em minha mochila. Já com a cabeça parcialmente tranquila, eu me divertia na piscina junto com o Nicholas. Acho que Joe não curtia muito ficar segurando vela, então ele preferiu ficar assistindo TV. Não sei porque, eu sentia que Joe estava se comportando de uma maneira um pouco estranha em relação a mim. Mas felizmente, Nicholas não percebeu nada.
– Já me diverti muito na piscina. Agora eu vou pegar um pouco de sol, ok? – falei me desvencilhando dos braços do Jonas mais novo.
–Ah não... Que graça tem em ficar torrando nesse sol?
– Você já percebeu a cor da minha pele? Estou parecendo uma doente! Estou precisando corar um pouquinho. O resultado que é a graça. – pisquei um olho para ele. – Aliás, meus dedos já estão começando a enrugar de tanto tempo que estou dentro d’água.
–Eu acho que está ótima.
–Mas eu não acho, Aquaman! – joguei água em seu rosto e sai da piscina. Ele apenas riu brevemente com o seu novo apelido.
–Vou pegar o bronzeador, tá? Não demoro. – me sequei com a toalha que estava em cima da cadeira e caminhei até o seu quarto para buscar minha loção bronzeadora.
– Aproveita e pede para o John me trazer uma Coca-Cola? – disse apoiando os braços na beirada da piscina. John é o mordomo da casa que me atendeu há três dias.
Falei com o John sobre a coca do Nicholas e depois subi até o quarto e busquei o que procurava. Fechei bem minha mochila para ninguém perceber o que eu carregava a mais. Saí do quarto e encostei a porta, como antes estava. Mas meu trajeto até a escada foi interrompido com uma mão forte que me puxou pelo braço. Direcionei meu olhar pra o lado, então percebi que era o Joe que me segurava. E que por sinal, não economizava em sua força.
– O que houve? – perguntei já estranhando a sua atitude. – Joe está me machucando, me solta! – comecei a elevar o tom de voz sacudindo o braço tentando me soltar da sua mão que permanecia firme em mim. Mas acho que aumentar o tom de voz não foi uma boa ideia. Ele tapou a minha boca com sua outra mão fazendo um “Shhh” para sinalizar silêncio e me puxou até seu quarto. Joe fechou a porta atrás de nós e me empurrou contra a parede. Seus braços definidos me encurralaram contra ele.
– O que foi isso? – me alterei. – Por acaso está louco? – eu estava totalmente confusa, mas irritada. Se eu sou tão adorável com a família Jonas, qual seria o motivo dele me tratar assim? Só pode estar maluco, mesmo. Tentei me libertar de seus braços, mas ele não deixava. – Eu vou chamar o Nicholas!
–Isso! Pode chamar. Mas depois não reclame da reação dele quando descobrir que você é uma ordinária oportunista. – essa frase me fez parar imediatamente de lutar contra o Joe.
–Como é que é? – perguntei ainda não acreditando no que ele acabou de falar.
– Eu vi você de madrugada tentando abrir o cofre e revirar todo o escritório do meu pai, Miles. – ironicamente, deu ênfase ao meu apelido. – Não adianta mais fingir as coisas pra mim. Eu sei que você não é a santinha e fofa Miley em que o Nick acredita que você seja. Além do mais, não tinha ido muito com a sua cara. Você me parecia... perfeitinha demais, simpática demais. Finalmente tirei minhas conclusões. Você é uma aproveitadora.
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