quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Capítulo 9 - Let's make a deal


Capítulo 9
Eu estava simplesmente perplexa. Como pude ser tão relaxada a ponto de não imaginar que Joe poderia chegar no meio da madrugada e ver o que viu? Não é possível! Essa missão deveria ser perfeita! Não é só minha ultima missão, é a missão. Eu não posso o deixar contar tudo para o Nicholas, muito menos pro resto da família. Depois da minha mente voltar a funcionar normalmente, continuei negando.
–Do que você está falando? Deve ser coisa da sua imaginação, Joe. Sei lá, você deve ter sonhado com isso e agora acha que é verdade. – o empurrei pra longe de mim, para evitar que seus olhos me sufoquem com a desconfiança que transmitiam.
–Sonhei? – cruzou os braços arqueando as sobrancelhas com sarcasmo. – Eu acho que não. E não vou retirar o que disse, pois tenho certeza que do que vi. É melhor parar de dar uma de inocente, que dessa vez você não engana. Se continuar negando vai ser bem pior.
Meu cérebro trabalhava a toda velocidade e esforço para conseguir uma resposta à altura. Uma negação que o fizesse mudar de ideia. Mas era impossível. Não tenho o poder de manipular tudo o que seus olhos viram ontem.
Então suspirei derrotada. – Tudo bem. Eu confesso, eu bisbilhotei o escritório do seu pai mesmo.
–Não só bisbilhotou, como tentou roubar algo. – disse rígido.
Tentei fazer a cara da mulher mais arrependida do mundo com um olhar de dar pena, então falei. – Mas eu não resisti. Foi mais forte do que eu! Você não sabe disso, pois tem tudo o que quer na vida. Não entende quando alguém não consegue resistir a uma tentação, mesmo sabendo que era errado. Me desculpa, ta bom? – falsas e forçadas lágrimas marejavam meus olhos. – Eu sei que foi errado, mas era tentador! Não sei, talvez eu deva sofrer algum tipo de distúrbio, não tenho certeza. Mas por favor, não conte pra ninguém. Muito menos pro Nick! Eu o amo de verdade, e tenho que medo que ele nunca mais me perdoe.
Seu semblante era impassível. Estava claro que essa atuação toda não o convenceu totalmente. Ele não parava de me encarar nos olhos, tentando saber a verdade e o porquê disso tudo. Talvez ele tenha pensado mesmo na possibilidade de eu ter algum problema psicológico, ou talvez eu seja uma daquelas vadias que só se metem com homens ricos pra conseguir um dinheiro para pagar uma cirurgia plástica e fugir pra outra cidade com o amante. Com certeza, se soubesse o que eu realmente era, não teria coragem de me enfrentar desse jeito. Ninguém em sã consciência bateria de frente com a ameaça de sua vida e a de sua família. Mesmo assim, não se sentia convencido de tudo isso.
–Pode até ser. Mas isso não quer dizer que eu vou te deixar impune. – ele caminhou para mais perto de mim ainda me fuzilando com o olhar. – Se não quiser confessar por você mesma, é melhor estar preparada, porque eu vou contar pro seu namorado.
– Não! Por favor, não. Eu consigo o que você quiser. Qualquer coisa. Qual quantia você aceitaria? – falei desesperada.
Joe soltou uma gargalhada sem humor. – Está de brincadeira? Para que eu iria querer mais dinheiro? Queridinha, eu sou podre de rico! Não quero dinheiro de você.
–Qualquer coisa! Qualquer coisa! – falei suplicante enquanto ele saia do quarto me ignorando.
Ele parou seu caminho como se estivesse pensando na minha proposta e voltou até mim. Novamente me encurralou contra parede, mas dessa vez não o impedi. Seus olhos correram sobre meu corpo apenas coberto por um biquíni e deixou escapar um breve e malicioso sorriso.
–Eu quero você. Por uma noite. – sussurrou a poucos centímetros de meu rosto. O que? Ele não está falando sério, né?
–Eu? Você está querendo dizer... ? – perguntei só pra confirmar o que acabei de entender.
–Exatamente o que está pensando. Em troca, finjo que não vi e nem ouvi nada. Porém isso não quer dizer que estou permitindo que apronte outra vez. Se descobrir que você tentou fazer alguma coisa semelhante a que vi ontem, eu não vou nem hesitar em contar tudo para o Nicholas. E pra polícia. – polícia? Ok... Não precisamos pegar tão pesado, né?
Bufei já sabendo que não tinha escolha. – Feito.
Sinceramente, nunca imaginei que usaria meu próprio corpo como objeto de suborno. Mas pra quem já roubou, enganou, torturou e matou pessoas antes mesmo dos dezoito anos, isso é apenas uma brincadeirinha. E cá entre nós, o Joe não era de se jogar fora. Seria até um pouco divertido passar uma noite com ele.
–Me encontre no hotel The Peninsula Bervely Hills, amanhã às oito da noite. – disse ele já se distanciando de mim.
Num ato rápido e quase irracional, puxei-o pela nuca e encostei nossos lábios. Eu quis mostrar com aquele gesto que não o decepcionaria, uma confirmação que ele não se arrependerá de esconder o que sabe sobre mim. Joe ficou surpreso com a minha ousada ação, talvez porque antes não acreditava mesmo que eu aceitaria o seu acordo. Mas agora, submerso em sedução, finalmente deu passagem para minha língua. Beijei-o com a maior sensualidade possível, com maciez e provocação. Puxei seu lábio inferior lenta e suavemente com os dentes, até nos separarmos.
Não o esperei pronunciar. - Não vou te decepcionar. – sussurrei.
Joe ainda estava sem reação. Seus olhos, antes céticos, levemente se iluminaram com uma proibida ambição. Pela primeira vez percebi a sua fraqueza diante de mim. Qual homem não resistiria?
Então finalmente, peguei o frasco de bronzeador que estava no chão e desci as escadas deixando-o pra trás.
Eu cria que ele me entregaria de qualquer jeito, mas Joe me surpreendeu. Ele não se importava em esconder um segredo desonesto de alguém, não se importava em trair o próprio irmão e nem de encobrir uma ladra (melhor dizendo, quase ladra. Se pelo menos conseguisse pegar algo daquele maldito cofre!) de sua família. Para ele, essas coisas não tinham importância se seu secreto desejo de me ter for satisfeito. Acho que me enganei quando pensei que como o Nick, Joe era inocente e burro, muito menos honesto. Eu o achava no máximo um filhinho de papai patético e egocêntrico. Mas de certa forma, isso pode ser uma boa arma para se usar contra os próprios Jonas. Aliás, será que ele teria coragem de vacilar comigo se eu tiver uma carta na manga contra ele? Com certeza, Joe não gostaria que seu irmão mais novo soubesse que o traiu com sua namorada aproveitadora. Ele pode ser esperto, mas não tão inteligente quanto eu.
Cheguei até a área aberta e corri até a cadeira de sol em que o Nick estava estirado numa das cadeiras de sol apenas com sua sunga preta terminando seu refrigerante.
–Tem certeza que foi buscar esse bronzeador na sua mochila ou você acabou de fabricar um? Demorou um século! – disse ele deixando seu copo já vazio na mesinha ao lado e ergueu seus óculos escuros até o topo da sua cabeça, puxando um pouco os seus cabelos úmidos pra trás. Nicholas estava simplesmente irresistível nessa visão. Oh, sagrada genética, deixe-me conhecer o terceiro Jonas sem ter um orgasmo instantâneo!
–Desculpa, estava no fundo da mochila e tive que tirar tudo de lá e depois arrumar tudo de novo. – soltei uma risadinha. Previsivelmente, Nick soltou um sorriso ingênuo concordando.
–Tudo bem. – então se ergueu para sentar e ficar da mesma altura do que eu, que estava sentada numa cadeira ao lado da sua. – Em vez de ficar aí pegando sol, porque você não passa mais tempo comigo, hein? Não estou a fim de ficar fazendo nada enquanto você fica se bronzeando.
– Poxa, você não me acha bonita o suficiente pra ficar me apreciando de biquíni? Pensei que você iria gostar.– reclamei com fazendo um biquinho fofo.
E riu com a minha cara de gatinho do Shrek. – É claro que não te acho bonita. Te acho linda, maravilhosa... – ele parou um pouco pra refletir. – Você se sente ofendida se eu te chamar de gostosa, também?
Balancei a cabeça negativamente enquanto ria.
– Então, eu te acho isso tudo. Mas eu queria que você ficasse aqui pra gente namorar mais, né? Dias escolares nem dá pra ficarmos juntos, então achei que agente poderia aproveitar mais hoje. Além do mais, eu prefiro mil vezes te apreciar sem biquíni nenhum. – ele abriu um sorrisinho sapeca.
Fingi uma risada tímida e dei um tapinha em seu braço.
–Pervertido! – ele deu de ombros. – Tudo bem. O que vamos fazer agora? – me dei por vencida.
– Que tal um filme no meu quarto? – ele perguntou.
–Ótimo! Então vou tomar um banho e depois agente vê, ta bom? – ele acenou com a cabeça. Dei um selinho em seus lábios e fui para o banho.
Mais tarde...
Comecei a botar um vestido de estampa floral enquanto o Nicholas vestia uma roupa qualquer que buscou do seu armário. Nós já tínhamos assistido ao filme, na verdade a metade do filme, pois não resistimos e acabamos nos atracando novamente. Só agora nos demos conta do horário e que já estava de noite. Eu precisava voltar para casa não só por causa do horário de aula de manhã cedo, como o Paul e a Christine podem chegar a qualquer momento. E não seria nada agradável se eles chegassem e descobrissem que eu estava sozinha com o Nick o dia inteiro dentro de um quarto.
– Você vai amanhã pra aula, né? – perguntei enquanto calçava um par de sandálias.
– Vou e você?
–Claro que sim!
– Então nos encontramos no lugar de sempre nos intervalos, né? – Nick passou um pente rapidamente no cabelo e eu fiz um rabo de cavalo bem simples. Respondi com um “aham”.
–O dia passou tão rápido hoje... – falei enquanto saia do quarto com a mochila nas costas junto com o Nick.
–Concordo. Isso quer dizer que você deveria dormido mais uma noite aqui.
–Meu Deus! Você não cansa de mim, não é mesmo? – falei de brincadeira.
– O que eu posso fazer se sou viciado em você? – seu tom de voz era brincalhão, mas seus olhos castanhos demonstravam que essa frase é a mais pura verdade. Nicholas estava totalmente apaixonado por mim, e já estava visível para qualquer um.
Sorri docemente e dei um delicado beijo em sua boca. Quando nós nos separamos, vi que seu rosto estava corado em vergonha, pois percebeu que eu sabia muito bem que não era só uma brincadeira, que eu estou ciente do seu fascínio por mim.
Horas depois...
Steve tinha acabado de chegar em casa e já o abordei com milhares de perguntas sobre o tal problema que foi resolver. Quando ele foi embora de Los Angeles, eu não fiquei sabendo quase nada sobre o motivo da viajem. Ele parecia um pouco estressado. Pelo visto, não houve nenhum progresso de sua parte. Chad mal adentrou a casa e levou as malas para o andar de cima me ignorando totalmente para apenas meu tio contar os detalhes.
–E aí? Fala logo! Você sabe como eu odeio ficar na ignorância, então desembucha. – queixei cruzando os braços.
Tio Steve deixou sua maleta na poltrona ao lado e bufou passando a mão entre seus cabelos levemente grisalhos.
–Lembra a nossa parceria com o Black Bull? – como não lembrava? Um dos traficantes mais poderosos da Califórnia. Ele que nos daria suporte com homens, armas e trabalhos sujos aqui em L.A. Assenti com a cabeça para ele dar continuação. – Como o esperado, ele tem inimigos, muitos. Mas um deles, tão poderoso quanto, descobriu sobre nós. Havia algum tipo de informante dessa gangue infiltrado lá e soube de quase tudo sobre eles. Black Bull me disse que eles estão planejando nos tomar à frente. Todos estão de olho na fortuna do Paul. – mal humorado e visivelmente cansado, Steve sentou-se no sofá pesadamente.
–Como é que é? – esbravejei. Por que tudo tinha estar dando errado? Será que não posso ter um pouco mais de sorte e tranquilidade pelo menos na Missão Jonas? – E o que você fez?
–Não pude fazer nada. Black B. disse que resolverá isso urgentemente. Aliás, não posso ficar me metendo em rivalidade de gangues quando temos que nos concentrar na nossa família prodígio, não é mesmo?
– Eu não acredito! Como podem deixar um inimigo se infiltrar assim?!
–Não são apenas nós as únicas pessoas inteligentes no mundo, Miles. - disse ele tirando sua arma do cós da sua calça e deixou em cima da mesa de centro, deitando mais relaxado no sofá.
–Não é possível que tudo tem que falhar logo agora!
Seu olhar cansado tornou-se alerta. Levantou-se e ficou sentado novamente.
–Como assim “tudo tem que falhar”? – perguntou meu tio já se preparando para mais uma notícia ruim. – Miley, o que aconteceu?
–Não consegui abrir o cofre, pois não sabia que era digital. Não faço a mínima ideia sobre a senha. E de quebra, o infeliz do Joe me viu de madrugada vasculhando o escritório do seu pai. O pior de tudo é que de idiota, ele não tem nada. Logo sacou que eu não era uma flor que se cheire. – Peguei um copo e enchi de Whisky. Eu precisava beber senão quebraria toda aquela casa até virar de cabeça pra baixo. Meu limite não estava mais suportando o estresse.
– Ele contou para o Nicholas?
–Não. Nós fizemos um pacto. – falei logo depois de esvaziar o copo de uma só vez.
–Que pacto? – perguntou Steve um pouco cético.
–Ficaria com ele por uma noite em troca do seu silêncio. – enchi meu copo novamente com a bebida.
– Inacreditável! Involuntariamente você conquistou o outro Jonas também. – meu tio soltou uma risada. Pelo que parece, a primeira risada do dia. – Se esse for o caso, não está tão mal assim. Você sabe que pode usar isso contra ele mesmo, não é?
–Claro que sei, por isso que aceitei.
–Só por isso? – desconfiado, Steve franziu a testa.
–Tá... Tenho que confessar que eu o acho atraente. Mas apenas isso não me faria aceitar a proposta. Minha imagem com a família Jonas está em jogo, ok? Só topei porque vale muito a pena.
– E o seu namorado? Não desconfia de nada?
–Esse aí está mais aluado do que Alice no País das Maravilhas. – sorri maldosamente e em seguida terminei com a minha bebida. – Com ele não precisamos nos preocupar.
– Então, vamos dormir porque já está tarde. E acho melhor você desistir de beber mais Whisky hoje pra não acordar de ressaca amanhã de manhã. Lembre-se que você ainda tem que ir pra escola. – meu tio se ergueu do sofá e foi para o seu quarto. - Boa noite.
– Boa noite.

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